terça-feira, 5 de maio de 2020

PARABÉNS POETA TELMO PADILHA

Foto: adaptada online por Joselito dos Reis
Caso estivesse entre nós o nosso poeta TELMO PADILHA estaria hoje  nesse 5 de maio de  completando  90 anos, mas Deus não permitiu ele foi vítima de um acidente automobilístico no dia 16 de Julho de 1997, entre as cidade de Itabuna e Buerarema. Mesmo assim nossos parabéns poeta, aonde você estiver nesse Universo Infinito do nosso Pai Supremo.

Aqui na terra você cumpriu muito bem sua missão. Foi também jornalista e Membro da Academia de Letras de Ilhéus, por indicação de Adonias Filho. Um grande poeta de reflexões existenciais, que constantemente  de uma linguagem repleta de sutilezas líricas em sua perfeita perfeição.

Mas, como os poetas não morrem se tornam eterno em sua poesia que continua viva e contribuindo com a nossa Língua Portuguesa, se declaramos saudades pela falta de sua angelical presença neste mundo físico. Parabéns poeta, aonde você estiver.  

O nosso poeta grapiúna, assim como Jorge Amado, também nasceu em Ferradas. Os dois eram compadres.

Algumas poesias de Telmo Fontes Padilha:

Depois

O que perdeste
    voltará com as aves.

Não será tão deserto
    teu deserto.

Mas acostuma-te ao silêncio
    que virá depois.

Folhas falarão pelas folhas.

Aves falarão pelas aves.

ITABUNA

Se não há montanhas,
como escalá-las?
Se não há florestas,
Com embrenhar-me
em sombras
que não estas?
Se não há o mar,
como falar de águas
e horizontes?

Sou o cantor
desta planície
e me abismo
em mim,
e desço aos outros
de mim,
e sofro os outros
de mim.

  INFÂNCIA
                               fartura. Nem tanto
mais que uma fazenda
com seus pastos, seus animais,
o engenho antigo, o rio
correndo entre pedras,
tímido sob as grandes
árvores,
água.
A noite desenhava
úmidas assombrações.
O vento no rosto
do menino cavalgava
mais que seu cavalo.
A vida tinha seu cheiro
de eternidade, exato
e puro.
A morte era um fato
natural, quase geométrico
na ignorância da tarde.

RIMA

A palavra amor
já não rima com flor:
outra é sua correspondente
na escala do som,
na escala do ritmo.
Pode-se combiná-la
com calor, noutro plano;
ou com identidade,
aquela que mente
à outra verdade.
Com cal e giz
a escrevemos
no poema
antes que apague.


Lição

Com as fábricas aprendo
sábia lição: que ferros
se ajustam sem erros
nos erros da mão.

Com as fábricas aprendo
madura lição:

que se funda a arquitetura
na arquitetura da mão.

Com as fábricas aprendo
prosaica lição: que a mão
é firme se não treme
a dúvida da outra mão.

Lesson

From the factories I learn
a wise lesson: that peices of iron
are adjusted to one another without error
by erring hands.

From the factories I learn
a mature lesson:

that architecture is based
upon the architecture of the hands.

From the factories I learn
a prosaic lesson: that the hand
is steady while doubt does not
shake the other hand.

Noites

Noites há, como esta
sublevada: mais que mar
proceloso, mais que vento,
E vem—cinza e treva—de dentro.

Noites há, como esta
impressentida: altas ondas,
afundados barcos, patinantes
ilhas de tédio: chuva e medo.

Noites há, como esta
insuspeitada: treva e nada,
trementes nervos açoitados,
e este fugir de quem não escapa.

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