Abertura
da VI Jornada Jurídica do Sul da Bahia, em Ilhéus, foi bastante movimentada
Com o auditório Adélia Melo
completamente lotado, foi iniciada ontem, às 19 horas, a VI Jornada Jurídica do
Sul da Bahia, com o tema central “O Impacto das Reformas no Direito Brasileiro,
promovida pelo colegiado de Direito da Faculdade de Ilhéus, em parceira com as
turmas de formandos de 2018 da instituição. A abertura foi realizada pelo diretor-geral
da Faculdade de Ilhéus, Almir Milanesi, com a participação da diretora
acadêmica Sandra Milanesi, a coordenadora do curso de Direito, Ana Cristina
Adry de Argollo, e os coordenadores científicos da jornada, professores Dartagnan
Santos e Ioná Gonçalves, e prestigiada pelo Ministro do Conselho Nacional de
Justiça, Valtércio Ronaldo de Oliveira, palestrante desta sexta-feira, e a
juíza Federal, Letícia Danielle Bossonário.
Em seguida, foi realizada a
primeira palestra com o consultor jurídico Georges Abboud, doutor e mestre em
Direitos Difusos e Coletivos pela PUC-SP, que falou sobre as Reformas
Legislativas e a Função dos Tribunais Superiores, como o novo código de
processo civil impactou na modificação da função e ampliação da atuação dos
tribunais superiores, notadamente o Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal
de Justiça. Para ele, o novo código, “por um lado, ampliou o direito dos
jurisdicionados de poderem enfrentar uma jurisprudência defensiva dos tribunais
superiores, ou seja, nulidades e entraves criados, sem previsão legal para acesso
aos recursos. E a outra dimensão, é o risco criado pelo aumento de poder desses
tribunais, sem uma concorrente teoria da decisão, ou seja, as decisões dos
tribunais com efeitos vinculantes aumentaram, só que em contrapartida, a gente
não criou um ambiente para criação de decisões judicias mais debatidas, mais
democráticas, mais conformes à constituição. ”.
Abboud acrescentou que “é
importante demonstrar, que numa democracia constitucional contemporânea como é brasileira,
que o direito não seja visto como mera reprodução daquilo que os tribunais
dizem que ele é. É obvio que aquilo que os tribunais dizem é algo fundamental e
um componente importantíssimo do direito, só que o direito é muito mais do que
os tribunais dizem que é. O direito também é lei, o direito é manifestação
social, o direito são os costumes. O direito, principalmente, é força normativa
da constituição e a proteção dos direitos fundamentais, que são trunfos contra
a maioria.”
Geração do Futuro - A segunda
palestra, sobre os “30 anos da Constituição Federal/88: o que temos a comemorar
e a esperar”, foi com o Ministro do Superior Tribunal de Justiça, José Augusto
Delgado, aposentado em 2008. O advogado e parecerista de Assuntos Jurídicos fez
uma análise dos aspectos positivos e negativos da carta magna, com ênfase ao
momento crítico, que hoje vivencia o Brasil. Ele citou o descumprimento do artigo
37, caput, da Constituição, “quando muitos agentes públicos estão violando o
princípio da moralidade, e consequentemente, estão sendo levados a responder
pelos delitos praticados, inclusive, um ex-presidente da república, já em
regime de prisão. “
Após citar vários casos
delituosos de políticos, lamentou o momento caótico que passa o país, e “que
projeta uma responsabilidade muito grande para as futuras gerações a fim de que
possam, através do seu idealismo, fazer com que tais acontecimentos não mais
desmoronem as nossas crenças por um Brasil melhor, onde os direitos fundamentais
dos cidadãos sejam respeitados e a coisa pública seja administrada em benefícios
dos integrantes da sociedade, que são os cidadãos”, salientou o ministro.
Destacou também a
importância da Jornada que a Faculdade de Ilhéus realiza, “contribuindo para aprimorar
o conhecimento jurídico de seus alunos e consequentemente elevar o nível
cultural dos mesmos”. O professor de
Direito Civil disse já estar aos 84 anos de idade, e que sua geração não foi
capaz de desenvolver uma postura ética, e finalizou, bastante emocionado,
conclamando o auditório, que integra essa juventude brasileira, para continuar
com essa responsabilidade. José Augusto
Delgado foi aplaudido de pé.
O procurador Federal Carlos
Valder do Nascimento, doutor em Ciências Jurídicas, abordou o tema: Execução da Pena em Segunda Instância: Fundamentos de sua
Inconstitucionalidade. Ele apresentou alguns aspectos relacionados
à execução da pena em segunda instância. Na sua opinião, ela não pode ser
operacionalizada em razão da impossibilidade por ferir princípios
constitucionais, vinculados diretamente aos direitos fundamentais, e ao
princípio da presunção de inocência, além da questão do trânsito em julgado da
sentença penal condenatória. Isso obriga, depois de decidida a matéria em
segunda instância, acionar as instâncias superiores, não só o Superior Tribunal
de Justiça, Tribunal Superior Eleitoral, como o Supremo Tribunal Federal. “Examinando
os aspectos relevantes da matéria, pode até se interpor além do uso do habeas
corpus, a chamada querela nullitatis,
para atacar a sentença ou acórdão do tribunal no sentido de que não havendo
fundamentação necessária na sentença e no acórdão, você pode desconstituí-los,
através de uma ação já usada pelos humanos, a querela nullitatis”, concluiu
Valder. O tema da palestra é resultado de um livro publicado através da editora
Fórum e lançado na VI Jornada do sul da Bahia.
Por - Zé CArlinhos
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