O cacau |
Por Gil Sóter, g1 Pará — Belém
Sabor selvagem
Atualmente, o Pará concentra mais de 31 mil produtores de cacau atuando em diversos municípios, em diferentes regiões, responsáveis por 149.396 toneladas de amêndoas produzidas em 2023. No estado, o cacau nasce às margens da Bacia Amazônica, local de maior variabilidade genética do fruto, o que resulta na diversidade do cacau e mesmo na possibilidade de existência de variedades ainda desconhecidas ou pouco exploradas, capazes de produzir sabores exclusivos
“Ainda pode-se, na Amazônia, encontrar cacau nativo ou selvagem, ou seja, árvores de cacau naturalmente perpetuadas pela natureza”, destaca Luciana Centeno, doutora em engenheira de alimentos.
Além da singularidade do sabor, há outros aspectos que envolvem a cadeia produtiva do chocolate na Amazônia, que conta com a participação de comunidades tradicionais, quilombolas e indígenas, e busca de inovações para preservar o meio ambiente e valorizar a identidade cultural e gastronômica da região.
“Essas singularidades tornam o Pará o novo terroir de chocolates do país. O mercado de especialidades alimentícias valoriza muito os aspectos de raridade, exclusividade, pureza, e qualidade de manejo e beneficiamento de matérias-primas, sobretudo quando capazes de promover desenvolvimento regional sustentável", diz Centeno
Todos esses fatores colocaram o estado em destaque no cenário global. Além de ser o maior produtor do país, o Pará também é reconhecido por estar entre as melhores amêndoas do planeta. Este ano, os produtores Miriam Federicci e Robson Brogni levaram o primeiro e segundo lugar, respectivamente, entre as melhores amêndoas da América do Sul, na premiação Cocoa of Excellence, realizada em Amsterdã, na Holanda. Ambos produtores são de Medicilândia, município localizado na Região de Integração do Xingu, conhecida como Transamazônica.
Essa não foi a primeira vez que o cacau paraense ficou entre os melhores do mundo. Em 2021, o produtor de Novo Repartimento, município da Região de Integração Lago Tucuruí, no sudeste paraense, João Evangelista, também foi agraciado com a medalha de prata, figurando na lista das melhores amêndoas de origem do mundo.
Em 2021, a amêndoa de cacau híbrida produzida no sítio JE do produtor João Evangelista, do assentamento Tuerê, localizado no município de Novo Repartimento, também foi classificada entre as 50 melhores do planeta.
Também em 2021, a Chocolates De Mendes, empresa paraense, foi eleita a startup do ano pelo Fórum Mundial de Bioeconomia. O título deriva de uma longa trajetória.
No ramo há 20 anos, César de Mendes é um dos mais antigos nomes no setor de chocolates artesanais do Pará e já expôs, como convidado, em salões de chocolate em Milão e foi premiado em Paris.
"O Pará tem muita qualidade na fabricação de chocolate e amêndoa e nós temos hoje a possibilidade de apresentar ao mundo", comenta o secretário de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), João Carlos Gomes.
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