CORONEL DO CACAU HOMENAGEIA O POETA JUAREZ VICENTE SILVA DE CARVALHO (JUJU).
O Coronel do Cacau resolveu hoje, calar um pouco a sua "Boca de Fogo" em homenagem, ao saudoso amigo, poeta, professor e jornalista Juarez Vicente, republicar o excelente artigo do também jornalista e advogado Walmir Rosário. Realmente, uma grande homenagem. Juarez, se estivesse entre nós, no último dia 4 de Abril, completaria 70 anos de idade. Filho da Ruinha, em Ibicarai, amava sua terra.
A respeito dessa foto, ele dzia: "Esse joselito é demais, conseguiu tirar minha foto, com meus olhos abertos". Isso, porque ele, só conseguia, com olho fechado. Aqui, na minha sala da Emasa. |
O Coronel do Cacau, pede as entidades culturais para fazer os resgates dos livros e poemas, que o poeta Juarez Vicente, deixou escritos e encontram-se, no CPU, de seu velho computador.
Informacões podem ser mais adquiridas com a Diretoria do Clube do Poeta Sul da Bahia, entidade, a qual Juarez Vicente Silva de Carvalho, foi o seu primeiro presidente.
No mais, leia o excelente artigo do seu amigo Walmir Rosario, muito bem escrito.
JUAREZ VICENTE, O MULTIFACETADO BOKADEFOGO
Por Walmir Rosário
A única certeza que temos na vida é a da morte. Às vezes ela chega sem esperar e conclui sua empreitada, outras, nem tanto, encosta no indivíduo e fica ali apesar de todas as resistências, minando a saúde até concluir o seu intento. Com Juarez Vicente de Carvalho foi assim, não adiantou espernear, a morte venceu a vida em 30 de janeiro de 2013. Se vivo ainda estivesse, neste 5 de abril de 2022 completaria 70 anos.
Tristes, nós, que gostamos de Juju (apesar dele ter morrido), estamos de luto, embora sua morte não vá apagá-lo de nossas memórias. Cumpriu o ciclo da vida. Nasceu, cresceu, viveu e foi embora. Particularmente, considero a vida (o viver) uma das características mais importante de Juarez Vicente, dada a sua vontade de exercê-la em sua plenitude e deixou um importante legado.
Professor de Química, Juarez deixou um vasto conhecimento repassado aos alunos, hoje homens feitos e que sentem orgulho quando falam do seu professor. Mas a sala de aula não foi o seu principal sacerdócio, reservado ao jornalismo, um repórter dedicado, um editor que “não brigava com a notícia”. Trafegou na contramão enfrentando poderosos sem se importar das consequências, muito comum no interior.
E foi assim que foi conhecido nos veículos de comunicação por que passou, notadamente nos rádios e jornais, onde tratava a notícia com seriedade, mas sem desprezar as especulações. O “Bokadefogo”, como era conhecido pelo título da coluna que sempre levou para os veículos em que trabalhava, cuspia marimbondos. Era implacável em suas críticas, notadamente sobre política.
Com a mesma seriedade com que tratava a comunicação social nos veículos de comunicação, exercia os cargos de assessoria de imprensa de autoridades dos poderes Executivo e Legislativo com responsabilidade. Transitava bem dos dois lados do balcão, com se diz comumente no jargão do jornalismo. De natureza tranquila por excelência, comprava brigas comunitárias, defendia os mais humildes.
E Juarez não se limitava somente ao exercício da labuta das redações e assessorias. Era um sindicalista que participava de todas as lutas dos profissionais de comunicação, compartilhando com os companheiros de congressos, mesas redondas e workshops com a mesma desenvoltura de uma mesa de negociação salarial. Lutava por uma categoria acostumada a divulgar notícias de outras, nem sempre se importando da sua.
Sua luta está registrada na direção do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado da Bahia (Sinjorba), particularmente na Delegacia Sindical do Sul da Bahia, da qual participou como candidato da eleição mais concorrida, no final da década de 1980. Pleito acirrado, o Sinjorba enviou dois representantes da capital – Nestor Mendes Júnior e Anísio Félix – para verificar os acontecimentos e apaziguar os ânimos. Perdeu a eleição, mas não sua dignidade e o ímpeto para a luta.
O Juarez Vicente das redações, que por vezes não fazia concessões para escamotear a verdade, era o mesmo Juarez Vicente poeta, com livros publicados e participação ativa na vida cultural grapiúna. Fundador do Clube do poeta, exerceu também sua presidência, cuja contribuição é por demais conhecida. No livro “Avisos” dava conselhos em versos sobre o cotidiano da comunidade.
Multifacetado, ou multimídia, tanto faz, ainda conhecemos o Juarez Vicente cantor, com passagens por diversos grupos musicais e bandas de Itabuna. Com um vasto repertório de sambas, boleros, jovem guarda, bossa-nova e jazz, animava as madrugadas nos quatro cantos de nossa cidade. Esperava o sol raiar com a maior tranquilidade, animando os amigos mais chegados.
A boemia era uma das facetas de Juarez Vicente, onde colecionava amigos tantos para um grande bate-papo nas mesas de bar da cidade. Aconchegado num desses ambientes debatia com maestria desde a atividade de um varredor de ruas até as científicas viagens à lua, com argumentos irrefutáveis. Lá pras tantas, para evitar as distensões por conta da ingestão de cachaça e cerveja, sabia como ninguém encerrar o bate-papo que descambava para o prenúncio de uma confusão:
– Deixa pra lá, isso tudo é uma questão de hermenêutica; está entre a dialética e a metafísica – argumentava com altivez.
E não se fala mais nisso.
Juju faz uma falta danada!
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"E, TENHO DITO!"
Gostava de dizer, Juarez Vicente no final dos seus artigos.
POESIAS:
Mataram o Rio Cachoeira
Fonte de alimentos de milhares de pessoas e de sustente das lavadeiras
Homens malditos sem sensibilidade
TOLERANCIA
É difícil dizer que não lembrei de vocês
Mesmo com outras responsabilidades
Observei a importância e os cuidados que merecem
Um cuidado especial que significa formação.
As pessoas muitas vezes não observam
Não enxergam quem está ao lado
Não querem disponibilizar alguns minutos
Vocês são menos importantes que segundos.
Depois vivem a lamentar
As suas atuações sempre vão criticar
Não sabem que vocês são revoltados
Que esse instinto perverso poderia ser evitado.
A vida é assim mesmo e cada um segue o seu caminho
Mas o ser humano merece e precisa de carinho
Não entendem que é bom ser ouvido
Em vez de ser coagido.
MUNDO
Choram as florestas, choram os rios
Que não mais suportam o seu triste destino
Choram todas as pessoas de bom senso
Chora o avô, chora a avó, chora a menina, chora o menino.
Choram as espécies em extinção
Por já sabem do seu destino
Serão destruídas pelos seres humanos
Com extinto de assassinos.
Em nome do desenvolvimento
Nossas árvores são cortadas
Nossas florestas derrubadas
Sem o mínimo desentendimento.
Nossos rios são poluídos
Pelas redes de esgotos
Culpa de uma política ambiental desastrosa
Culpa de imbecis e escrotos.
A poluição sonora é grande
E provoca a surdez aos poucos
Deixando muitos e muitos loucos
Querem que o progresso ande.
As indústrias jogam gases
Poluindo a nossa esfera
Poluindo rios e mares
Poluindo a atmosfera.
São gases tóxicos no ar
Poluindo a atmosfera
São gases poluindo os rios
São gases poluindo a terra.
A situação é alarmante
Necessita de cuidados
Só governantes escrotos
Que negam ajudar a natureza no acordo de Cioto.
PROBLEMAS VISÍVEIS
Infectaram o ouro da região
Provocaram o êxodo rural
Indivíduos piores que um animal
Para o bem deles provocaram o mal.
LUZ ETERNA, AMIGO.
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