sexta-feira, 6 de março de 2015

Governo do PT faz terrorismo e chantagem para não punir as empreiteiras do Petrolão.

(Estadão) A disputa entre o Ministério Público Federal e a Controladoria Geral da União para ver quem deve ou não ter o direito de fechar acordos de leniência com empresas investigadas na Operação Lava Jato ganhou mais um capítulo. O procurador do MPF junto ao Tribunal de Contas da União Julio Marcelo de Oliveira enviou mais um pedido ao ministro do TCU João Augusto Ribeiro Nardes solicitando que a CGU, ligada ao poder Executivo, se abstenha de celebrar esse tipo de acordo com as companhias envolvidas. O procurador acusa, indiretamente, integrantes do governo de fazerem "apologia à impunidade". Também vê "terrorismo" nos argumentos do Executivo.

"Quem defende que apenas os executivos das empresas sejam punidos e que as empresas não devam ser punidas, faz apologia à impunidade", escreveu em sua petição ao TCU. Em declarações públicas realizadas em janeiro deste ano, a presidente Dilma Rousseff defendeu que apenas pessoas devem ser punidas e que empresas não podem ser destruídas. Em entrevista ao Estado, o advogado-geral da União, Luis Inácio Adams corroborou a fala da presidente.

Procuradores temem que a colaboração das empresas com a CGU não seja tão frutífera e rigorosa como é hoje em termos assinados com o MPF. Na petição, Julio Marcelo escreve que um eventual acordo com a Controladoria não pode ser usado como "um pequeno e conveniente purgatório por onde as empresas podem escapar do inferno da inidoneidade para regressar felizes ao paraíso da impunidade". 

Há cerca de um mês, O mesmo procurador já havia enviado uma petição ao TCU com o mesmo objetivo. Entretanto, antes de decidir o ministro Nardes quis ouvir a CGU. Agora, neste novo texto, o procurador tenta rebater todos os argumentos apresentados pela Controladoria e reforçar seu pedido para que o Tribunal de Contas não endosse esse tipo de acordo.

Na petição entregue nesta quinta-feira, 5, ao TCU, Julio Marcelo solicitou: "É preciso que se pare com a falácia de que se as empresas não fizerem acordo de leniência com a CGU e forem punidas, o Brasil vai parar, todas vão desaparecer, milhares de pessoas vão perder seus empregos. Isso é apenas terrorismo e chantagem. O que se espera que pare de funcionar efetivamente é o propinoduto alimentado por essas empresas para o enriquecimento ilícito de agentes públicos e o financiamento inadequado de partidos e campanhas políticas."


Lula esconde a cara e não vai ao ato dos "movimentos sociais".

(Valor) O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva descartou participar do ato organizado por movimentos sociais no dia 13, que deve ser marcado por críticas à política econômica e às medidas que restrigem o acesso a direitos trabalhistas. Lula havia prometido publicamente ir à manifestação, mas recuou para evitar que sua presença seja vista como apoio às reclamações contra a gestão Dilma Rousseff.

"Se me convidar, eu vou participar", disse Lula ao presidente da CUT, Vagner Freitas, em ato em defesa da Petrobras, no Rio, em fevereiro. No entanto, Lula afirmou ter mudado de ideia em conversa com o dirigente sindical, na terça-feira.

O ato marcado para a próxima semana defenderá os "direitos da classe trabalhadora, a Petrobras, a democracia e a reforma política", segundo os 14 movimentos que articulam a manifestação. As entidades dão o tom do que deve ser o discurso crítico: "Governo nenhum pode mexer nos direitos da classe trabalhadora. Quem ousou duvidar da nossa capacidade de organização e mobilização já viu do que somos capazes". Os movimentos sociais afirmam que é preciso lutar contra "medidas de ajuste fiscal que prejudicam a classe trabalhadora" e contra as Medidas Provisórias (MPs) 664 e 665, que restringem direitos trabalhistas. "São ataques a direitos duramente conquistados", afirmam no texto.

O presidente da CUT minimizou a ausência de Lula e reforçou que haverá críticas ao ajuste fiscal. "Não é um ato contra o governo, nem pró-governo. Mas vamos mostrar a discordância em relação às MPs", disse.

As entidades preveem manifestações em 14 capitais e em Brasília dois dias antes dos atos pró-impeachment de Dilma e negam que serão um contraponto aos protestos contra a presidente. "Não queremos computar quem coloca mais gente nas ruas", disse Freitas, que, no entanto, criticou aqueles que pregam o impeachment. "Temos muitas críticas ao governo, mas somos contra o golpismo. Somos contra o terceiro turno", disse. "Quem perdeu as eleições que espere as próximas".

A vaca da Dilma está no atoleiro, diz Marta.

Vale a pena ler o artigo da petista histórica Marta Suplicy (SP) publicada hoje na Folha de São Paulo, sob o título "A vaca foi para o brejo?"...

É um privilégio neste momento crítico da política brasileira voltar a este espaço que ocupei em 2011 e 2012. Já colaborei na Folha, em cadernos e anos diversos, exercendo atividade diferente da que tenho hoje. Tenho consciência da importância que foi chegar a milhares de pessoas quebrando tabus, defendendo os direitos do povo, das mulheres e minorias, avançando em temas de difícil aceitação. Senadora, e com uma visão muito crítica da situação política brasileira, sinto-me no dever de exercer neste espaço a audácia e transparência que caracterizaram minha vida. 

Em política existem duas coisas que levam a vaca para o atoleiro: a negação da realidade e trabalhar com a estratégia errada. 

O governo recém-empossado conseguiu unir as duas condições. A primeira, a negação das responsabilidades quando a realidade se evidencia. A segunda, consequência da mentira, desemboca na estratégia equivocada. Estas condições traduzem o que está acontecendo com o governo e o PT. 

O começo foi bem antes da campanha eleitoral deslanchar. Percebiam-se os desacertos da política econômica. Lula bradava por correções. Do Palácio, ouvidos moucos. Era visto como um movimento de fortalecimento para a candidatura do ex-presidente já em 2014. E Lula se afasta. Ou é afastado. A história um dia explicará as razões. O ex-presidente só retorna quando a eleição passa a correr risco. 

Afunda-se o país e a reeleição navega num mar de inverdades, propaganda enganosa cobrindo uma realidade econômica tenebrosa, desconhecida pela maioria da população. 

Posse. Espera-se uma transparência que, enquanto constrangedora e vergonhosa, poderia pavimentar o caminho da necessária credibilidade. 

Ao contrário, em vez de um discurso de autocrítica, a nação é brindada com mais um discurso de campanha. Parece brincadeira. Mas não é. E tem início a estratégia que corrobora a tese de que quando se pensa errado não importa o esforço, porque o resultado dá com os "burros n'água". 

Os brasileiros passam a ter conhecimento dos desmandos na condução da Petrobras. O noticiário televisivo é seguido pelo povo como uma novela, sem ser possível a digestão de tanta roubalheira. Sistêmica! Por anos. A estratégia de culpar FHC (não tenho ideia se começou no seu governo) não faz sentido, pois o tamanho do rombo atual faz com que tudo pareça manobra diversionista. Recupera-se o discurso de que as elites se organizam propagando mentiras porque querem privatizar a Petrobras. Valha-me! O povo, e aí refiro-me a todas as classes sociais, está ficando muito irritado com o desrespeito à sua inteligência. Daqui a pouco o lamentável episódio ocorrido com Guido Mantega poderá se alastrar. Que triste.

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