Como um paciente enfermo que ainda está na fase inicial do tratamento para alcançar a cura, o Brasil começa a dar os primeiros passos em direção ao estancamento dos efeitos da grave crise econômica que o atinge e, ainda que timidamente, enxerga no horizonte a possibilidade de retomada da geração de empregos e do crescimento. A debacle proporcionada pelos governos de Lula e Dilma Rousseff foi de tal ordem arrasadora que, por menor que tenha sido a recuperação até este momento, alguns dados positivos já fazem muita diferença e causam um forte impacto, sobretudo em relação às expectativas quanto ao futuro do país.
Algumas das notícias mais auspiciosas vêm justamente da Petrobras, a nossa maior empresa e aquela que foi mais vilipendiada pela corrupção sem limites da quadrilha que a saqueou nos últimos 13 anos. Segundo reportagem do jornal “O Estado de S.Paulo”, a estatal ostenta uma valorização de 168% em suas ações acumuladas em 2016, o que a levou da 11ª para a 8ª colocação em um ranking de valor de mercado que reúne as principais companhias do setor em todo o mundo.
Outra conquista alvissareira é a aprovação pela Câmara dos Deputados, em 2º turno, da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que estabelece um teto para os gastos públicos pelos próximos 20 anos, sempre com base na inflação do ano anterior. Trata-se de uma medida essencial para o futuro do país e que dá consequência à Lei de Responsabilidade Fiscal, oferecendo um ambiente de segurança e previsibilidade para os agentes econômicos voltarem a investir no Brasil. Espera-se, agora, que o texto seja aprovado também pelo Senado para que o país saia do buraco, equilibre suas contas e recupere a confiança.
Por outro lado, apesar de alguns indicadores que permitem uma perspectiva otimista em relação à economia brasileira, devemos ter a consciência de que o Brasil tem um longo e árduo caminho pela frente até superar, definitivamente, a maior crise de sua história. Isso só será possível se aprovarmos no Congresso Nacional algumas medidas necessárias que fortaleçam, fundamentalmente, o ajuste fiscal proposto pelo governo do presidente Michel Temer.
A prioridade absoluta deve ser a aprovação de reformas que tenham efeitos imediatos para a rápida reativação econômica, com foco na retomada da capacidade de investimento e na geração de empregos. Ao contrário do que alguns apregoam de forma equivocada, o governo de transição que aí está não é nem tem condições de ser de “salvação nacional”, que vá resolver todos os problemas do país em um passe de mágica. Não será ele que conseguirá levar adiante, em um período de apenas dois anos, todas as reformas estruturantes de que o Brasil precisa.
Neste primeiro momento, devemos nos concentrar no aprofundamento da reforma administrativa e do enxugamento da máquina pública, no debate e na efetivação da reforma política, em projetos importantes como aquele que muda as regras de exploração do petróleo do pré-sal, entre outros. Reformas mais complexas, que demandam uma discussão muito mais intensa e profunda com os diversos setores da sociedade, devem ser tarefas do governo eleito em 2018.
Depois de anos de pedaladas, irresponsabilidade fiscal, corrupção desenfreada, incentivo desbragado ao consumo e um total aparelhamento do Estado em nome de um projeto de perpetuação no poder, é evidente que o Brasil terá de enfrentar um caminho tortuoso até voltar aos trilhos do desenvolvimento. As primeiras medidas já foram tomadas e não faltam indicadores que apontam para um futuro mais sustentável e menos turbulento. Os desafios são imensos, mas estamos na direção correta. Com uma administração responsável, o apoio expressivo do Parlamento e a confiança do povo brasileiro, nada será capaz de nos desviar da rota do futuro. Ainda falta muito, é verdade, mas chegaremos lá.
Roberto Freire é deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS
Do - Diário do Poder
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