Antonio Nunes de Souza*
Se observarmos as pessoas,
vamos ter a convicção que todas tem características diferenciadas em seus
comportamentos, aparências, culturas, educação e, principalmente, os interesses
de serem mais sedutoras, simpáticas e sensuais. Esses detalhes são pertencentes
tanto aos homens como as mulheres, sendo elas, mais cuidadosas e melhores
investidoras nas suas habilidades natas ou aprendidas, aproveitando melhor nas
suas vidas para conseguir seus objetivos!
Mas, Kakau era uma mulher
completamente diferenciada, pois, além dos predicados acima citados, sabia
manipulá-los com uma maestria invejável, conversa bonita e solta que,
facilmente conquistava seus interlocutores mesmo através da internet,
virtualmente, sabia manobrar as conversas de uma forma agradável, que, com um
ou dois contatos, deixava seus novos amigos feitos nas redes, babando de desejo
de conhece-la! Verdadeiramente, uma mulher diferente!
Porém, como não existe nada
que seja perfeito, quando se deparou com alguém mais experiente, já calejado de
lidar com diversas personagens e personalidades, essas técnicas já não foram
tão eficazes, uma vez que do outro lado, morava a sagacidade do tempo vivido,
pouca paciência para brincar de picula ou gato e rato, vendo nesse método, uma
situação um tanto tola para dois adultos se relacionarem, num mundo atual onde
as apresentações pessoais são essências e lógicas! E não é que aconteceu com
Kakau? Verdade! Deparou, acidentalmente, em uma sala de bate papos com um homem
com certa cultura e idade avantajada, que, de início ficou deslumbrado com sua
desenvoltura, sorriso solto, bem informada, liberal nas conversas, mostrando
ser, realmente, uma mulher diferente. Lógico que, em princípio, dominou a
situação e encheu de desejos no seu novo amigo de Net, em logo vê-la de perto e
conhece-la o mais breve possível. Mas, exagerando a sua técnica de misteriosa
e, ligeiramente, diabólica do bem, porém, passando dos limites, fez com que o
interesse de concretizar o trabalhoso encontro, fosse passando gradativamente,
reconhecendo ela que, seguramente, a sua falta de segurança pessoal não fosse
igual ou espelhasse, uma mulher bonita que deslumbrasse na apresentação, usava desse
artifício de mistério, valorizando assim, sua capacidade de iludir com a
ausência corporal. Tinha medo que sua aparência simples quebrasse o encanto das
conversas na net e no telefone. Pensava ela: Se me verem podem se decepcionar
e, se não me conhecerem, terão sempre na mente que eu sou maravilhosa! Deixar
essa dúvida, faz parte do meu show. Sempre sairei como alguém muito especial,
interessante e desejada! Claro que essa análise pode não ser a realidade do
fato, porém deixa com clareza que tem muito com a personalidade apresentada até
então. Uma vez que, mais de uma vez, foi marcado um encontro e ela faltou sem
dar nenhuma satisfação, apenas se desculpando depois de uma maneira nada
convincente. Mas, a desgraçada curiosidade masculina, mesmo com esse
comportamento nada distinto, segurou a barra e continuou aguardando a
realização do encontro, para poder ver de perto com quem estava tratando, pois,
olho no olho somos completamente diferentes!
Assim, entre tapas carinhosos
e beijos virtualmente distribuídos, um dia chegamos a marcar um definitivo
encontro, sem falhas, para a realização de reconhecimentos pessoais, já que
através de fotos já tínhamos uma ideia quase precisa de cada um. E aí
aconteceu! Ambos bem arrumados cuidadosamente para, logicamente, impressionar.
Abraços, beijinhos nas faces e, sinceramente, mesmo depois de uma hora estando
juntos, as conversas foram poucas, não sentia-se no ar uma reciprocidade de
afetividade, apenas um encontro comum, sem nada especial, deixando transparecer
que ambos estavam loucos para voltarem para suas casas cheios de decepções,
talvez, putos da vida, pois, poderia ter sido bem melhor, se nosso anonimato
fosse conservado. Mas, já era tarde e havia acontecido o que não era para
acontecer. Somente serviu de lição para ele que fosse mais cauteloso nos
entusiasmos, e para ela que fosse menos misteriosa e mais coerente. Brincar de
“gato e rato”, jamais foi uma maneira simpática e correta para tratar pessoas,
No mundo moderno, não perdemos tempo, temos que ser objetivos e rápidos nas
decisões!
Depois desse inusitado
encontro, passamos a nós falar apenas eventualmente e, por ironia do destino,
nunca mais nos encontramos, nos esquecendo daquele diálogos do início, risos
largos e doces, deixando como sequela mais uma lição de vida!
Passados alguns anos, pela
necessidade em função da idade, tive que procurar uma clínica para fazer
fisioterapia e, marquei a consulta sem atentar por quem seria atendido. Veja
vocês, quando entrei na sala me deparei com Kakau, séria, toda de branco
destacando a sua charmosa negritude. Nos cumprimentamos sutilmente, ela
deitou-me na cama e começou a me massagear e apalpar várias partes do meu velho
corpo, fazendo uma análise geral de avaliação. Eu, boquiaberto pensei comigo
mesmo: “como o destino é cruel e interessante. Anos atrás eu adoraria estar na
cama com essa mulher acariciando meu corpo. E hoje, já sem minha libido
funcionando a contento, deparo-me com ela, esqueleticamente, acontecendo o que
deveria ter acontecido muitos anos atrás, numa noite inesquecível! Pena que não
sei o que se passou naquele momento em sua cabeça de uma mulher ainda jovem e
desejável!
Será que ainda é uma mulher
diferente?
Embora muitas e muitas coisas
de nossas vidas, aprendemos com o tempo, em alguns casos e para algumas
pessoas, são encurtadas essas lições através da paciência em ouvir as
experiências vividas por outros, inteligentes e qualificados, refreando as
petulâncias em querer ter sempre razões e certezas das coisas, analisarmos,
criteriosamente, todas as situações que surgem em nossas frentes e fazer as
devidas ponderações!
Lições do velho tempo!
Antonio
Nunes de Souza*
Um dos comportamentos mais
constantes entre as pessoas que, muitíssimas vezes, provoca perda de amigos
queridos, é a discursão em todas as vertentes, indo do popular futebol até as
mais importantes questões mundiais. Não existe dentro de cada um de nós o
reconhecimento das nossas limitações, conhecimentos, pesquisas e leituras
pertinentes sobre os assuntos, mas, somente por ouvir dizer ou ler e ver na TV
e jornais uma opinião, que muitas vezes não é abalizada, ou até uma matéria
encomendada e, partindo dessa informação, sinta-se um competente e seguro
argumentador sobre o assunto em pauta!
Esse erro, acima citado, é o
que mais nos deparamos com pessoas achando-se informadíssima, querendo nos
convencer de fatos ou acontecimentos, citando minúcias e detalhes como se ela
fosse íntima e convive no cotidiano com tais personalidades. Esses são
intoleráveis e desagradáveis, pois, se você quiser fazer ou fizer uma
observação contrária, estará sujeito a ouvir tolices maiores, levantamento de
voz (que o maior sinal de falta de argumentos sólidos), chegando até a ousadia
e desrespeito de qualifica-lo de burro. E, se você não for educado e reconheça
a ignorância do interlocutor, em alguns casos as trocas de ofensas alcançam
níveis onde nem as mães não são poupadas!
Felizmente, o tempo me
ensinou que, quando deparar com sabichões teimosos, dizer apenas uma opinião
sutil esclarecendo o fato. Mas, se o indivíduo voltar à carga dizendo ter toda
razão, calar-me, policiando-me e passar a ser um mero ouvinte, deixando nosso
amigo a vontade discursando, achando-se um grande conhecedor da matéria.
Entrego mais um para ser aluno do tempo, fazendo que a conversa se torne um
monólogo!
Portanto, nada melhor que
procurar atalhos adequados e seguros, para você trilhar com bons resultados em
seus projetos e planos, sem ter que pagar as caras aulas que a universidade do
tempo lhe dará. Sigam a sabedoria e exemplos dos milenares filósofos orientais!
*Escritor – Membro da
Academia Grapiúna de Letras - AGRAL –
antoniodaagral26@hotmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seja responsável