Navios viraram bode expiatório da incompetência da agência reguladora
Navio de cruzeiro MSC Fantasia está entre os punidos pela incapacidade da Anvisa de cumprir a função de fiscalizar transportes de passageiros. |
A recomendação para proibir cruzeiros marítimos foi encaminhada ao Ministério da Saúde e à Casa Civil, “com fundamento no princípio da precaução”, mas a Anvisa não se utiliza do mesmo argumento para outros tipos de transporte sob risco ainda maior.
A Anvisa não parece estar preocupada, por exemplo, com as viagens aéreas em voos superlotados e sem qualquer fiscalização da própria agência reguladora, nem mesmo após o cancelamento de centenas de viagens somente esta semana, em razão do aumento exponencial de contaminação de tripulantes por covid.
A Anvisa também não parece preocupada com a aglomeração compulsória das populações mais pobres de centros urbanos, que diariamente são obrigadas a utilizar transporte público superlotado, seja por ônibus, metrô ou trem.
O problema, para a Anvisa, são viagens de cruzeiro marítimo, talvez porque os seus burocratas não gostem de quem se utiliza dessa forma de passeio turístico, apesar de os navios jamais navegarem superlotados e terem histórico de obediência rigorosa aos protocolos sanitários, sobretudo de combate à covid.
No último dia de 2021, a agência havia recomendado a suspensão provisória da temporada de cruzeiros, após um navio, o MSC Splendida, atracado no Porto de Santos (SP) e o navio Costa Diadema, em Salvador, interromperam as atividades devido a casos de covid-19 a bordo.
“A Anvisa entende que o cenário atual é desfavorável à continuidade das operações dos navios de cruzeiro. Nesse sentido, com fundamento no princípio da precaução e a partir de todos os dados disponíveis, recomendou a suspensão definitiva da temporada de navios de cruzeiro no Brasil, como ação necessária à proteção da saúde da população”, informou a agência em nota.
A Anvisa não fez qualquer referência às viagens aéreas, apesar o surto de covid em tripulações, e nem muito menos fez qualquer recomendação quanto ao transporte público por ônibus, metrô ou trem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seja responsável