domingo, 7 de fevereiro de 2021

Decadência ou mudança? Do rádio AM em Itabuna



Decadência ou mudança? Do rádio AM em Itabuna

Nos anos 60, décadas de 70, 80 e 90, o rádio AM de Itabuna teve a sua melhor fase, com programas líderes de audiências e que dominavam todo o sul da Bahia, só perdendo audiências, em algumas vezes, para a Rádio Globo do Rio de Janeiro e Sociedade da Bahia, de Salvador. 

Nessas épocas com grandes apresentadores, além de competentes  técnicos e empresários fortes, como: Paulo Nunes, José Oduque, Marilene Céo,  Otoni Silva, Zildo Guimarães, Ger4son Souza, Hercilio Nunes e profissionais como:  José Timóteo,  Géis Aguiar, Alfa Santos (Dom Frugêncio), Plinio de Almeida, Raimundo  Osório do Couto Galvão, Germano da Silva, Ariston Caldas,  Antônio Brandão (Titio Brandão), Pedro Lemos, José Lima Galo, Hélio Fernandes, Carlos Espínola, Davi Peixoto, Lourival Ferreira, José Evangelista, Marfiso Cordeiro, Jorge Eduardo, Vily Modesto, Frei Antônio da Costa Ribeiro, Ricardino Batista, Lucilo Bastos, ]  Nilson Andrade, Edvaldo Oliveira,  Waldeny Andrade, Telmo Padilha, Iêdo Torres Nogueira, Geisel Sampaio, Edson Almeida, Robério Menezes, Valter Barbosa, Mário Tito, Genildo Lavinsky, Ilton Oliveira, José Roberto, Vitor Emanuel, J. Borges, Zé Hamilton, Milton Menezes, Carlos Fagundes, Eduardo José (Boneco), Nilson Rocha, Geraldo Santos, Veloso, Odilon Pinto, Paulo Rogério, Gonzalez Pereira, dentre esses nomes e muitos outros, o nosso radio era considerado um dos melhores da Bahia, exportando muitos profissionais para Salvador e outras paragens do país. Na sua história (como bem conta o comunicador Ramiro Aquino, no seu Livro “De tabocas a Itabuna: 100 anos de imprensa”).

A primeira emissora a se instalar em nesta cidade, foi a rádio Clube. Teve como seus fundadores o jornalista Otoni José da Silva e o agricultor Zildo Guimarães. Emissora, que logo foi adquirida pelos padres capuchinhos, da congregação de Santa Rita de Cássia.  A segunda a chegar foi a Difusora Sul da Bahia, pela Família Nunes, onde contava como líder, o deputado estadual, Paulo Nunes. Logo em seguida, a Rádio Jornal de Itabuna, instalada pelo empresário José Eduque Teixeira, que já contava com o Diário de Itabuna. A nova rádio veio para transformar o rádio/jornalismo da época, conseguindo o intento e, tida como modelo. A novidade era um moderno auditório para apresentações e realizações de programas artísticos. Todas as três, funcionavam em alto padrão, contratando profissionais previamente com testes de voz e dicção.  As emissoras contavam com discoteques, departamentos de esporte, social e jornalismo. Na verdade, entre elas havia uma grande competição, mas no bom sentido, com uma querendo ser melhor do que a outra, para levar sempre o melhor para a população e, quem ganhava, a melhor, com isso, era o próprio ouvinte.

Mas como tudo muda! Nada é para sempre! No meado dos anos 90, com a queda de nossa economia, no final dos anos 80, devido à praga da “vassoura de bruxa” que atingiu todas as roças de cacau, de norte a sul, de oeste a leste, da lavoura cacaueira, aliado a isso a chegada das emissoras de Frequência Modulado (FM), TVs, e logo a intermete, as nossas rádios, não estavam preparadas para seguir o modelo. Sofrendo pela falta de projetos visando o futuro, apesar de contarem na época com organização administrativa e contratos com grandes empresas e instituições como: Ceplac, CNPC, ICB, Sulba, e entidades de classes, com as mais influentes agências de publicidades do sul do país e da capital do estado. Entre elas, Pereira de Souza S/A, Radial S/A, Pequena Agencia etc.  

Com a decadência financeira, as emissoras que eram modelo em nossa cidade e região cacaueira, de repente passaram a operar no vermelho e começaram a decair, principalmente para manter os seus equipamentos técnicos e folha de pagamento.  Por isso para sobreviverem passaram a implantar o sistema de leiloar, ou vender os seus respectivos tempos, no final dos anos 90, a qualquer um, mesmo que não fosse da área do rádio. As igrejas protestantes, foram as primeiras, através dos seus bispos e pastores a usarem essa oportunidade de compra do horário, para aumentarem as rendas de suas instituições e, consequentemente, o número de fiéis. Viram aí, uma excelente saída “que caiu do céu! ”. E começaram a investir forte nos seus programas, na maioria das vezes plagiando milagres”. Usando essas horas para “pregar a palavra”, atraindo fiéis de qualquer jeito, mesmo que para isso usassem o nome “Jesus” como se fosse uma mercadoria, o que deu certo até os dias de hoje. Com isso, esses protestantes passaram a dominar todos os setores da comunicação na região e no Brasil.  Ganhando muito dinheiro, na inocência de muita gente humilde. Levando esse segmento religioso a ser uma das classes mais rica do país. E, com isso, esses proprietários cheio de dinheiro adquiriram muitos canis de rádio e TVs do pais. Dominam mercado!

Os funcionários dessas emissoras; os verdadeiros profissionais, sem renda para receberem os seus salários, passaram também a comprar “esses espaços” pela manutenção da sobrevivência. E isso permanece até os nossos dias, até que uma solução apareça.   O que se vê no momento, é um caos em nossas emissoras de rádios, funcionando, precariamente por falta de anunciantes; um dia sim, outro dia não..., mas coroadas com uma linda história de seus pioneiros. Mesmo que elas fechem as suas portas, nunca serão esquecidas pelo seu grande público ouvinte, ou das gerações, que acompanham esse magnifico trabalho, ao longo desse tempo. Tudo isso porque seus profissionais, premiam e premiaram todos o seu grande público, com grandes reportagens, informação, musica, cultura, história e amenidades, inseridos nos grandes e bem dirigidos programas, inclusive, dos de auditório nos anos 60, 70 e 80, apresentados por Germano da Silva, Edna Silva, Reminto Santos e o polivalente Titio Brandão, pois essa história da nossa radiodifusão já está perpetuada na história de nossa cidade de nossas mentes.  O que não queremos acreditar! No momento, existe um projeto do Governo Federal para que todas as emissoras do país se adequem ao grande sistema da WEB.

Em Itabuna, mesmo com toda a crise as emissoras já se adequaram a esse sistema, mas devido a burocracia e a falta de recursos, faturamento e operando no vermelho, fica difícil para essa arrancada.   Mas, vamos aguardar, que os seus proprietários encontrem uma saída, pois, reconhecendo os seus esforços, dedicação, vamos ter um rádio sempre forte, na luta de alguns abnegados, amantes do nosso rádio como: Orlando Cardoso, Ramiro Aquino, Nadilson Monteiro, Carlos Barbosa, Costa Filho, Geraldo Rieiro, Marcelo Soares, Marcos Soares, Oziel Aragão, Cacá Ferreira, Valter Machado, Duda Polirodas, Jota Hage, Son Gomes, Henrique Queiroz, Ribamar Mesquita, Jota Silva, Barroso, Valter Machado, José Carlos (Motorzinho), e outros. Ainda acreditamos na volta por ciam do nosso rádio. 

Por isso, neste momento, saudamos a todos com a celebre frase “Pobre Região Rica” do saudoso sociológico Selem Rachid Asma, que saia o “pobre” e vamos comemorar “Região Rica”. Não querendo desqualificar o pensamento do nosso saudoso amigo Selem, que também contribuiu muito para o progresso de nossa comunicação, sendo um dos primeiros apresentadores de televisão, das terras grapiúna, quando chegou nesta região do cacau, a primeira emissora de televisão do interior do Brasil; a TV Cabrália.  

Que o nosso rádio viva sempre e se fortaleça. Com a Luz de todos os nomes que aqui, in-memorem, foram citados.  Temos histórias.

 

Joselito dos Reis

Poeta e jornalista          


 [W1]

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