Maluf e Lula: Essa dupla dá samba e maracutaia
(O PT de trabalhador, hoje só usa o nome da categoria. Tornou-se um partido do capitalismo da eleite. Adeus trabalhador!)
Lá pelo final dos anos 80, quando aprendíamos sobre política no
movimento estudantil, a corporização de tudo que não presta era o
governador paulista Paulo Maluf. Endemonizado pelo PT e os demais
partidos de esquerda como líder autoritário de direita, opressor e
ladrão, aliás, vem daí sua fama de rouba mas faz. Era corrupto, alheio
aos movimentos sociais, colocava a polícia nas ruas para bater em
manifestantes, inclusive os sindicalistas neo-petistas de então, como o
próprio Lula. Outros nomes da direita como José Sarney e Fernando
Collor, eram responsabilizados pelos desmandos da administração pública
brasileira, e consequentemente, o atraso nacional. Somava-se a isto, o
histórico de apoio à ditadura militar. Por isso, político que tivesse
apoiado o regime era pra ser defenestrado. Esse era o PT.
Hoje tudo mudou, o PT aceita todo tipo de apoio, menos do PSDB, que
historicamente e até ideologicamente, têm mais afinidades. O PSDB nasceu
para ser mais esquerda que o PMDB, o partido que virou o centrão
nacional, e o PT para ser a defesa do trabalhador, não representado
pelos políticos de então, porém contou sempre com o apoio de
intelectuais, junto ao movimento sindical. Bem, PT e PSDB têm mais
pontos em comum que se imagina, pois foram passos adiante no
bipartidarismo que já não avançava nas mudanças estruturadoras da
democracia brasileira. Eram a evolução.
Porém, o que antes era proibido e seria motivo até de expulsão pensar
numa aproximação com a direita, tornou-se natural e parece que até
incentivado. Antigos líderes de direita, para não perder a aproximação
com o poder, hoje aliam-se ao Partido dos Trabalhadores, e a governos de
outros partidos aliados, sem maiores constrangimentos ideológicos.
Aliás, a criação do PSD de Kassab foi uma porta de saída da oposição
para a entrada no governo federal. Muita gente aproveitou pensando
nisso, e claro, não perder seus mandatos.
Mas juntar Lula, Luíza Erundina e Paulo Maluf no mesmo palanque e fazer
de conta que o passado não existiu, ou que foi tudo desculpado, é dose
além da conta. Maluf está na lista dos mais procurados da Interpol, tem
milhões no exterior roubados da população brasileira, todo mundo sabe
disso, no entanto continua deputado federal, manda e desmanda no seu
partido e agora vai apoiar Fernando Haddad para prefeito, que tem na
vice Luíza Erundina, do PSB, que foi prefeita de São Paulo pelo PT, numa
época de rivalidade política sem igual, onde o PT representava a ética e
o Paulo Maluf era o ser do mal a ser extirpado da vida pública
brasileira, ver esse balaio de gatos, coloca uma enorme interrogação na
cabeça de qualquer um.
A explicação é o patrimônio eleitoral de Maluf, pois muita gente em São
Paulo ainda acha que o ex-governador é inocente e tem sido perseguido
injustamente. Outros sabem de tudo, mas aprovam seu jeito ladrão de
administrar, realizando obras de grande vulto e mandando dinheiro para o
exterior.
Erundina está constrangida. Não é pra menos. Como explicar? Será que o
apoio que vai de encontro a tudo que se defende vale a pena, somente
pelos dividendos eleitorais?
E outra coisa, se estão juntos, é por que vêem que agora têm objetivos
em comum, têm o mesmo ponto de vista e portanto, programa de governo.
Poderia acontecer então do contrário, vermos o apoio de Erundina, do
PSB, do PT, de Lula e Dilma a Paulo Maluf?? Bem, se estão no mesmo
palanque, é porque imaginam compartilhar das mesmas ideias. Ou não?
O PT brigou feio para apoiar Roseane Sarney no Maranhão. Como ficam os petistas históricos?
De fato, ver que a ideologia ficou para trás ante os acordos pelo poder,
macula a inocência e o estudo sobre política. E não venham dizer que é o
novo mundo que aproxima os contrários e faz muitos mudarem de lado. Sei
não, acho que é somente a luta para conquistar e permanecer no poder,
pois muitos dos nossos ídolos passaram toda a vida em um lado só,
defendendo as mesmas causas e com o mesmo discurso.
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