sexta-feira, 2 de junho de 2023

O VICE DE AUGUSTO CASTRO

A sucessão municipal de Itabuna, com o prefeito Augusto Castro (PSD) se candidatando a um segundo mandato, via instituto da reeleição, está entre as mais antecipadas do país. 


Já nas ruas e todo santo dia nas redes sociais, principalmente nos grupos de waltsAzapp, a campanha dos prefeituráveis vai de vento em popa. O lamentável fica por conta da falta de respeito e civilidade de alguns internautas. 

Essa antecipação ainda teve a ajuda do "Senado" do Café Pomar. As sabatinas com os postulantes ao cobiçado comando do centro administrativo Firmino Alves tornaram o processo sucessório mais eletrizante. 


Os invejosos de plantão, que só sabem criticar, trataram logo de desqualificar o "Senado". Mas não tiveram sucesso. Ficaram a ver navios. Foram derrotados pelo movimento que vai marcar a história política de Itabuna.

Sem dúvida, uma iniciativa com viés, digamos, revolucionário. Quem passa pelo passeio do Café Pomar pode entrar e fazer sua pergunta para o prefeiturável convidado. É algo inédito na política de Itabuna. 

Outro ponto é que tem "senadores" de direita, esquerda, socialista, liberal, da bancada rural, defensor do MST, comunista, petista, bolsonarista, enfim, de todas as correntes políticas e ideológicas. Religiosamente falando, tem católico, evangélico, pentecostal, espírita e adepto do candomblé.

Voltando ao vice de Augusto Castro, ledo engano quem pensa que o modesto escriba está em devaneios ou coisa parecida. O assunto já é discutido nos bastidores, longe dos holofotes e do povão de Deus. 


Dando nome aos "bois", são quatro pretendentes : José Alberto (PSB), Ricardo Xavier (Cidadania), Rosivaldo Pinheiro e Manoel Porfírio (PT), respectivamente secretário de Planejamento, vereador, titular da secretaria de Governo e presidente da Fundação Marimbeta, que se licenciou da vereança para assumir o cargo.


O atento leitor perguntaria por que não citei o partido de Rosivaldo. A resposta é que não sei qual é sua legenda, se continua ou não no PP, sigla pela qual já saiu candidato a vereador.


Do quarteto de vice-prefeituráveis, a chance maior é de José Alberto, que traria o PSB para a campanha da reeleição do chefe do Executivo, evitando assim um eventual apoio da legenda a Geraldo Simões, pré-candidato do PT. Vale lembrar que o ex-prefeito teve dois encontros com o médico Renato Costa, filiado mais ilustre da legenda socialista em Itabuna. O que se comenta é que o ex-gestor gostaria de ter Renato como vice.  


Não enxergo nenhuma possibilidade para Xavier, Porfírio e Rosivaldo Pinheiro. Colocar um vereador como vice, mesmo sendo um edil atuante, não é aconselhável. A maioria esmagadora do eleitorado não anda satisfeita com o desempenho dos edis, o que poderia resvalar na tentativa de Augusto de quebrar a virgindade do tabu da reeleição.


Quanto a Rosivaldo, que é muito ligado ao deputado Rosemberg Pinto (PT), líder do governo Jerônimo Rodrigues na Assembleia Legislativa do Estado, a questão é de pouca viabilidade eleitoral e força política. 


A minha intuição política diz que nenhum dos quatros vai integrar a chapa majoritária do segundo mandato. Augusto quer atrair uma legenda de oposição ao governo, que ao aceitar o convite para indicar o vice, faça parte da coligação, causando assim um enfraquecimento no oposicionismo.


O que se espera é que essa disputa para ver quem vai compor a majoritária não termine prejudicando a pretensão do prefeito de permanecer por mais quatro anos como maior autoridade política de Itabuna.


TIRO PELA CULATRA



Alguns blogueiros, radialistas e jornalistas a serviço da reeleição do prefeito Augusto Castro vão terminar tendo uma parcela de culpa se o alcaide for derrotado. De tanto atacar os adversários, o tiro vai terminar saindo pela culatra. Até os que podem desistir da pré-candidatura para apoiar o segundo mandato do alcaide estão sendo vítimas de "fake news" e insinuações maldosas. Em uma eventual polarização entre o deputado Fabrício Pancadinha e o chefe do Executivo apoiariam o parlamentar. Não à toa que Pancadinha vem buscando o diálogo com seus concorrentes. Quer conversar com todos eles. A única exceção é o prefeito. Se Augusto não abrir os olhos e chamar à atenção de seus auxiliares, sem descartar até mesmo um "puxão de orelha", a vaca vai pro brejo. E o boi também. Com efeito, dois prefeituráveis já disseram, em conversa com este modesto comentarista político, que vão apoiar Pancadinha caso não tenham chance de ganhar o pleito. Um vai fazer campanha abertamente. O outro, nos bastidores. E não me refiro ao vice-prefeito Enderson Guinho (União Brasil), que até as freiras do convento das Carmelitas sabem que será o primeiro a declarar o apoio. O puxa-saquismo, além de ser prejudicial, já que camufla os fatos para agradar o governante de plantão, que começa a achar que pilota o "avião" da sucessão em céu de brigadeiro, fede mais do que aquilo que o gato esconde na areia. O beija-mão é vergonhoso e putrefato.

A FORÇA DAS PESQUISAS

Conversa vai, conversa vem, reuniões, visitas, encontros e entrevistas. É o corre-corre dos prefeituráveis. E ainda faltam mais de um ano e três meses para o dia do pleito. 

Vale lembrar que a política não costuma socorrer os que dormem. Quem achar que o voto cai do céu, bastando só rezar ou orar, vai ficar a ver navios, esperando algo que não vem. 

É aconselhável um bom dia, boa tarde e boa noite sempre com sorriso largo no rosto. O eleitor não gosta de candidato com cara de carranca, mal-humorado e nem excessivamente gaiato.

O caminho para conquistar a Prefeitura de Itabuna é longo, árduo e cheio de obstáculos. Sem falar nos dois ingredientes inerentes ao movediço mundo da política : traição e ingratidão. 

Conversa vai, conversa vem. Mas o que vai valer mesmo são as intenções de voto. Se o prefeiturável não crescer nas pesquisas até fevereiro de 2024, o comando estadual do partido começa a pensar em outra alternativa. 

A tão falada autonomia, de que o diretório municipal é quem vai tomar as decisões, não passa de uma falácia, de um cínico fingimento. Imagine, caro e atento leitor, as famigeradas comissões provisórias. 

Até as freiras do convento das Carmelitas sabem que na hora da onça beber água, como diz a sabedoria popular, vem o "manda quem pode, obedece quem tem juízo". A hierarquia partidária tem aversão a essa defesa de que é a maioria que decide. No frigir dos ovos, o que prevalece são os interesses dos que se acham donos dos partidos. E os filiados ? E a militância ? Ora, ora, que se danem. 

O exemplo-mor de que as pesquisas são importantes pode acontecer na federação PT/PCdoB/PV. Uma candidatura própria, representando esse trio partidário, só vai ser efetivada se o prefeiturável mostrar viabilidade eleitoral e força política. 

Geraldo Simões (PT), ex-prefeito de Itabuna por dois mandatos, tem consciência de que precisa pontuar bem nas consultas para que sua legítima pretensão de retornar ao comando do cobiçado centro administrativo Firmino Alves receba o apoio das três principais lideranças do PT da Boa Terra : governador Jerônimo Rodrigues, senador Jaques Wagner e Rui Costa, ministro-chefe da Casa Civil do governo Lula 3.

O presidente do diretório do PT de Itabuna, Jackson Moreira, diz, em alto e bom som, sem pestanejar, que a hipótese de uma intervenção, com o intuito de dar outro rumo ao partido na sucessão, não existe. "Vamos ter candidatura própria se a maioria dos companheiros assim decidir", declara Moreira com uma firmeza que salta aos olhos. 

O prefeito Augusto Castro (PSD-reeleição) sabe que o apoio do PT ao segundo mandato fica na dependência de uma demonstração de força, de que pode derrotar o candidato de ACM Neto (União Brasil) e de João Roma (PL). 

Concluo dizendo que Augusto Castro e Geraldo Simões têm o mesmo dilema: melhorar suas intenções de voto nas pesquisas. O pragmatismo da política sempre fala mais alto.


PS - Quando uma liderança política do interior vai na capital conversar com o dirigente estadual sobre a possibilidade de assumir o comando da sigla no seu município, a primeira coisa que exige é autonomia. A exigência é logo aceita e sem nenhuma ressalva. Quando chega o ano eleitoral da sucessão, começa a perceber que foi enganado, que lhe fizeram de trouxa.

Marco Wence    Comentarista politico, Advogado e empresário.

Publicado também no solnascente.site.radio.br

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