sábado, 2 de outubro de 2021

PONTO DE VENDA E LITERATURA

 Heribaldo de Assis *
 A morte da Literatura e do Jornalismo impresso no sul da Bahia...

 PONTO DE VENDA E LITERATURA

A estagnação da produção editorial no Sul da Bahia é deveras preocupante – além do fato do Sul da Bahia possuir pouquíssimas Editoras (que precisam ser catalogadas e apoiadas pelo Poder Público em suas diversas esferas municipais e estaduais) soma-se o fato de que a maioria dessas editoras não possui ponto de venda para escoar suas produções editoriais. Portanto, como essas Editoras podem investir em autores regionais se nem sequer possuem pontos de venda para tornarem seus produtos editorais visíveis e acessíveis ao grande público? Assim torna-se ainda mais complexa a renovação de autores regionais no Sul da Bahia – uma região que teve um passado literário brilhante através de nomes como Jorge Amado, Adonias Filho e Firmino Rocha mas que, atualmente, não engendra esforços para que novos nomes da Literatura Sul-bahiana surjam no cenário nacional: o que estamos tristemente presenciando é a morte da Literatura Sul-bahiana e também o definhamento do jornalismo do Sul da Bahia: Itabuna, por exemplo, teve vários jornais impressos e, atualmente, possui apenas dois jornais impressos . Inclusive, foi aventado pelo governo estadual a criação do Museu da Imprensa Pedro Ivo Bacelar (em homenagem à memória desse eminente e saudoso jornalista bahiano) mas, infelizmente, tal promessa ainda não foi cumprida. E resta-me indagar: onde estão os acervos jornalísticos do Diário de Itabuna, do Tribuna do Cacau e do Jornal Agora? Importantes páginas da História do Sul da Bahia que constam nesses extintos jornais parecem estar, lamentavelmente, sendo entregues às traças e a poeira do esquecimento. Assim, com esse descaso com a Literatura e o Jornalismo impresso torna-se impossível produzirmos grandes escritores, grandes jornalistas, grandes pensadores – figuras que foram tão essenciais para a triste História do Brasil: desde a luta pela Abolição da Escravatura, até a luta contra a nefasta Ditadura Militar o empenho de escritores, jornalistas e pensadores foi essencial para que o Brasil se tornasse um pouco menos pior. Um lamentável fato ocorrido em Itabuna ilustra o descaso para com a Literatura no Sul da Bahia: em Itabuna a Editora Via Litterarum possuía um Quiosque municipal no qual vendia livros de autores regionais e também distribuía gratuitamente um jornal literário custeado dificultosamente pela própria Editora que não possuía grandes recursos financeiros mas que tinha um grande Amor pela Literatura – pois, devido a mera politicagem, o Quiosque foi abruptamente retirado do comando da Editora Via Litterarum. Assim, a Editora Via Litterarum que lançou tantos livros inéditos de  escritores regionais (por vezes sem cobrar-lhes nada) acabou por ficar sem seu importante ponto de venda. Portanto, esse triste episódio demonstra que falta ao Poder Público sensibilidade no tocante a fomentação da produção literária e jornalística regional e também evidencia uma falta de respeito para com aqueles que, abnegadamente, retiram dinheiro do próprio bolso para lançar no mercado editorial brasileiro livros de novos nomes que iriam permanecer no ostracismo literário caso não fosse concedido-lhes essa editorial oportunidade. Toda essa problemática que afeta a produção editorial no Sul da Bahia e também em outras regiões do Estado da Bahia pode ser sanada ou amenizada através das seguintes medidas: 1) Catalogar e apoiar as Editoras regionais (sobretudo, aquelas que lançam livros de autores regionais;2) conceder pontos de venda para que as Editoras regionais vendam suas produções literárias; 3) diminuir as cargas de impostos municipais e estaduais que recaem sobre essas Editoras; 4) permitir que as Editoras regionais tenham prioridade no lançamento de editais públicos concernentes a adoção de livros didáticos por parte do Poder Estadual e Municipal; 5) lançamento de Concursos de Literatura (em suas várias modalidades) para que novos autores obtenham visibilidade e tenham seus livros publicados por essas Editoras Regionais. A implementação dessas cinco etapas decerto ajudaria a fomentar e a gerar recursos para a produção literária regional, além de colaborar para impedir que Editoras regionais chegassem à beira da falência e fossem fechadas – algo que causa um prejuízo incalculável para a Produção Literária Regional! Impedir a morte das Editoras Regionais é também impedir a morte do livro, a morte da Literatura e o que seria dos países realmente civilizados sem o livro e sem a Literatura?! Urge uma coesão de esforços do Poder Público Estadual e Municipal (visto que o atual Poder Federal não ama os livros e nem a Literatura) para que a produção editorial e o jornalismo impresso do Sul da Bahia não tornem-se apenas meras peças de museu (e nem museu nós temos!) – a renovação literária e jornalística faz-se necessárias: não podemos viver apenas relembrando do nosso passado glorioso na Literatura e no Jornalismo: temos que engendrar esforços para que nossos jovens tenham belos livros e jornais impressos de qualidade nas mãos – assim não haverá lugar para armas nas mãos dos nossos jovens e, consequentemente, amaremos livros e jornais e não armas; e, consequentemente, formaremos gerações cada vez melhores e mais preparadas para tornar esse país melhor: ajudar a produzir belos livros é o primeiro passo pois sem bons livros não existe Conhecimento, não existe Educação, não existe Ciência – nem mesmo os computadores podem substituir o livro pois até mesmo os computadores nasceram dos livros!

* Escritor, filósofo, poeta, compositor, redator-publicitário, roteirista e Licenciado em Letras pela UESC e autor do livro Redações Artísticas - a arte de escrever.E-mail: herisbahia@hotmail.com

**Heribaldo Assis

Poeta e filosofo

Expressaounica: 

Amigo, Heri Assis, os arquivos do pujante e extinto, Diário de Itabuna estão na biblioteca da UESC, uma grande iniciativa de seu proprietário Oduque;  Do Tribuna do Cacau, ainda continuam abandonados, no depósito  daquela  empresa. Os seus proprietários deveriam seguir o bom exemplo do empresário Oduque, que neste mês estar completando 99 anos de idade. Enquanto, aos arquivos do Jornal Agora, soubemos, que seriam doados também  à UESC.   

No CEDOC?UESC, você consegue pesquisar , mesmo faltando arquivos de alguns anos.  Parabéns pelo o artigo.

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