Antonio
Nunes de Souza*
Começava
o anoitecer, muito embora tudo estava numa escuridão profunda, causada pela
forte chuva que dominava a cidade com seus grossos pingos e, como sempre,
provocando o alagamento das ruas com seus esgotos entupidos que, no passado,
foram mal dimensionados sem atentarem para a evolução do progresso!
Eu,
completamente molhada, minha sombrinha havia virado pelo avesso em função do
vento forte que parecia querer arrancar a nossa pele pela friagem que lhe
acompanhava. Para mim, uma experiência nova, pois jamais tinha me visto numa
situação similar ou parecida, principalmente estando sozinha e sem pessoa
alguma no ponto de ônibus. Claro que fiquei super aflita,
pois, resolvi tomar um táxi (fugindo do meu orçamento), mas, todos que passavam
estavam ocupados, ou não paravam!
Lógico
que comecei a ficar com medo, tentei ligar para casa, mas, infelizmente, com os
relâmpagos e trovões, a minha servidoras estava fora do ar. Nessas horas dos
desesperos, sempre recorremos aos socorros divinos, pedindo uma ajuda imediata,
nos salvando de um assalto ou coisas piores.
E, como uma mágica divina, parou um luxuoso carro e abrindo o vidro do
meu lado, um senhor grisalho com ótima aparência, trajando paletó e gravata
ofereceu-me uma carona, mesmo que fosse até um ponto de taxi mais próximo.
Sinceramente, mesmo que ele não tivesse essas boas características, eu
aceitaria, pois, totalmente molhada e amedrontada, qualquer socorro era super
bem-vindo.
Entrei
no carro sem nem pestanejar, agradeci a Deus essa dádiva e seguimos pelo
caminho em frente. Depois das conversas habituais de que a chuva estava
horrível, a administração pública tinha grande responsabilidade, etc., ele
perguntou em que bairro eu morava e eu falei que era na Barra Avenida (ele
tinha me pegado na Av. Paralela), Ele disse:
legal, pois morro na Barra e posso deixar você em sua casa sem desviar
meu roteiro, pois será um prazer. Essas palavras me deram um alento grande, uma
vez que estava, literalmente, molhada, meu vestido colado no corpo, mostrando
inclusive meus seios e as tetas enrugadas e em riste, que, não deixei de ver
Washington (esse era seu nome) sempre olhando e admirando já que sou, mesmo
nestas condições, uma mulher jovem e bonita. Aí aconteceu o inesperado, a rua
que deveríamos passar estava totalmente alagada, uma fila de carros
assustadora, inclusive vários já sem seus motoristas, dando um sinal que seria
um problema que demoraria muitas horas para voltar a ser transitado.
-
Nós temos duas opções: ou sairmos
embaixo dessa tempestade com a rua completamente alagada, ou ficar aqui
protegidos e ter paciência esperando. Que
sugere você? Perguntou Washington.
-Prefiro
aguardar aqui, pois estamos protegidos e, com essa proteção que você está me
proporcionando, me deixa tranquila e a hora que chegar em casa estará tudo
bem! Respondi já encorajando ele a fazer
algo, como uma gratificação, pois, sinceramente, nunca fui nenhuma santa!
Parecendo
que ele leu meus pensamentos, tirou o paletó e me ofereceu para eu tirar a
blusa encharcada no corpo e até a saia se quisesse, pois, como ele era alto,
seu paletó seria como um vestido para mim. Não contei conversa, comecei a me
desnudar, nada escabreada e ele olhando meio encabulado, mas, de repente, me pegou
e deu um beijo daqueles gostosos que, mesmo nos desconfortos da chuva, nos faz
molhar aquelas partes que são libertinas e acolhedoras do prazer. Daí pra
frente, começamos a transar de todos os jeitos e formas, não mais se
preocupando com as condições climáticas!
Nos
refizemos, sempre sem falar nada, apenas um sorriso meio sacana nos lábios,
aprovando o delicioso ato e, no íntimo, agradecendo a S. Pedro pela colaboração da chuva. Nisso
ouvimos apitos de guardas, avisando que o caminho estava em condições de passar
e ele seguiu, parando na porta do meu edifício e deixando-me, antes porém,
deu-me seu cartão pedindo que não deixasse de lhe ligar, inclusive para lhe
devolver sua roupa que, milagrosamente, ficou ótimo em mim, parecendo um
elegante capote!!
Esse
fato tem dois anos e eu e Washington temos um caso e já transamos umas
“setenta” vezes!!!
*Escritor
- Membro da Academia Grapiúna de Letras
- AGRAL - antoniodaagral26@hotmail.com
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