quarta-feira, 29 de abril de 2015

Será que Ricardo Pessoa ainda vai abrir o bico depois de solto?

O baiano Ricardo Pessoa foi capa da VEJA em fevereiro. E agora, solto, será que ele vai falar o que prometeu?
O baiano Ricardo Pessoa foi capa da VEJA em fevereiro. E agora, solto, será que ele vai falar o que prometeu?
O empreiteiro baiano Ricardo Pessoa, da UTC, deve retomar as conversas com o Ministério Público para fechar acordo de delação premiada na Lava Jato, segundo informa nesta quarta-feira (29) o jornal Folha de São Paulo. A diferença agora é que, fora da cela, ele poderá negociar submetido a uma pressão menor. Ricardo Pessoa é apontado como líder do cartel de empreiteiras envolvidas com o esquema de corrupção da Petrobras.

Após cinco meses e meio presos no Paraná, Ricardo Pessoa e mais oito empreiteiros investigados na Operação Lava Jato serão transferidos para o regime de prisão domiciliar, segundo decidiu ontem o Supremo Tribunal Federal. Eles terão de usar tornozeleira eletrônica, além de entregar os passaportes.

O jornal O Globo, de hoje, por sua vez, informa que a decisão do STF estremeceu o comando da Operação Lava-Jato, pois a manutenção das prisões preventivas acabava forçando os executivos das empreiteiras a aceitar os benefícios da delação premiada.

Nova Estratégia - Os investigadores, segundo O Globo, se recusaram a comentar publicamente a decisão, mas já admitem a necessidade de mudar de estratégica na condução da operação. O principal temor é que a decisão desestimule novas delações. Um dos investigadores comparou a decisão da Corte a um daqueles lances que mudam o jogo para quem estava ganhando.

— Ficou mais difícil eles trazerem novas revelações. Antes, a liberdade era um trunfo que a gente tinha para convencê-los a falar mais. Agora, teremos que repensar — admitiu.

Os procuradores assumiram uma postura de reclusão total após o veredito. Assim que a decisão foi proferida, reuniram-se a portas fechadas para avaliar o impacto. A conclusão é de que as novas delações agora “sairão mais caras”. O Ministério Público Federal estaria mantendo conversas com, pelo menos, dois acusados para fechar novos acordos de colaboração. Um deles seria o próprio Ricardo Pessoa, considerado peça-chave no esquema do cartel.

Investigadores criticam - Já a revista VEJA diz que a soltura dos executivos de empreiteiras presos na Operação Lava Jato foi criticada reservadamente pelos investigadores do caso. Policiais federais e procuradores da República ainda tinham esperança de fechar um acordo de delação premiada com o presidente e sócio da UTC, Ricardo Pessoa, negociado desde dezembro.

"Era uma chance importante de acelerar as investigações sobre políticos com foro privilegiado, como o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), e de esclarecer como o empresário injetou 10 milhões de reais na campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff, como revelou VEJA. Até o presidente e sócio da OAS, Léo Pinheiro, cogitava fazer uma delação premiada se não fosse beneficiado nesta terça-feira com a prisão domiciliar.

Investigadores admitem que a libertação de Pessoa, Pinheiro e outros sete executivos acaba com as chances de novos acordos de delação entre empreiteiros. O temor é que a decisão do STF, com voto favorável de três ministros e oposição de dois, seja ampliada para outros réus em situação semelhante, com a prisão decretada pelo risco de fuga e de obstrução às investigações.

Pessoa financiou campanha de Wagner, segundo a VEJA - Em sua edição de 25 de fevereiro deste ano, Ricardo Pessoa foi capa da VEJA. Segundo a publicação, o engenheiro baiano dono da construtora UTC e coordenador do cartel de empreiteiras no esquema de corrupção da Petrobras, fez chegar à redação um resumo do que estaria pronto a revelar à Justiça caso seu pedido de delação premiada seja aceito:

1) O esquema organizado de cobrança de propina na Petrobras foi montado em 2003, no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, então amigo do empreiteiro. O operador era o tesoureiro do PT Delúbio Soares, réu do mensalão.

2) A UTC financiou clandestinamente as campanhas do hoje ministro da Defesa, Jaques Wagner, ao governo da Bahia em 2006 e 2010. A campanha de Rui Costa, em 2014, também foi financiada com dinheiro desviado da Petrobras.

3) A empreiteira ajudou o ex-ministro e mensaleiro petista José Dirceu a pagar despesas pessoais a partir de simulação de contratos de consultoria. Dirceu recebeu 2,3 milhões de reais da UTC somente porque o PT mandou.

4) O presidente petista da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, sempre soube de tudo.

5) Em 2014, a campanha de Dilma Rousseff e o PT receberam da empreiteira 30 milhões de reais desviados da Petrobras.

Ricardo Pessoa pode demonstrar que esse dinheiro saiu ilegalmente da estatal, através de contratos superfaturados, e testemunhar que o partido conhecia a origem ilícita. Também pode contar que o esquema de propinas foi montado pelo PT com o objetivo declarado de financiar suas campanhas eleitorais.

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