segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Desafio para o sertão é agregar valor à produção de minérios


Por: Aguirre Peixoto

Com uma crescente extração mineral, já tradicional no município de Brumado, mas promissora em outras cidades, como Caetité – onde deverá ter início em dois anos uma produção de 18 milhões de toneladas de minério de ferro por ano –, o desafio para o território do Sertão Produtivo é agregar valor a estes produtos. Os minérios são enviados para outros locais do País ou mesmo do exterior, onde são transformados em produtos mais sofisticados, gerando mais riqueza e empregos, benefícios que poderiam ficar na Bahia.

Nas estradas fora da zona urbana de Brumado, chamam atenção as imensas fábricas montadas próximas às serras, de onde extraem o magnésio – usado para a fabricação de produtos como tijolos refratários, talcos e fertilizantes.

Há três indústrias de extração que geram cerca de 1.500 empregos diretos. A extração é tão forte no município que as estradas chegam a brilhar, por conta de minério espalhado no solo.

Em Caetité, a Bahia Mineração está em fase avançada de construção, prevendo cerca de mil empregos diretos quando estiver em operação (2012), extraindo ferro do local.

Outros municípios já têm estudos iniciados para a extração de minérios.

Para a expansão da atividade, com agregação de valor aos produtos, os entraves são inúmeros. O prefeito de Brumado, Eduardo Vasconcelos (PSDB), cita o ambiental. “Estive em uma feira de pedras ornamentais em Vitória do Espírito Santo, para tentar convencer algum empresário a instalar uma fábrica de produção dessas pedras aqui na região. Me disseram: baiano, ninguém vai fazer isso porque o licenciamento ambiental lá demora demais. Não daria tempo de conseguir a licença para a produção de uma pedra preciosa enquanto ela estivesse valorizada, só sairia depois que o valor caísse”, relata.

Transporte - Outras questões também prejudicam a produção. A infraestrutura é considerada um dos principais problemas para Sandro Viana,gerente da Ibar, mineradora de Brumado.

“O transporte do nosso material é feito todo pelas rodovias e muitas estão ruins. O preço do produto acaba ficando mais caro e cai a competitividade”, avalia. Neste ponto, há a expectativa de que a construção da Ferrovia Oeste-Leste, que atravessará a Bahia, ajude no escoamento de produtos, mas sua conclusão deve demorar pelo menos dois anos.

Quem vê os caminhões descendo a serra onde se encontra a Ibar, transportando magnésio em forma de rocha para a caldeira, onde é transformado em pó, nem imagina que a empresa só trabalha com 70% da capacidade. Falta mercado para absorver uma operação de 100% – questão que poderia ser resolvida com indústrias de beneficiamento do minério instaladas nas proximidades. “Com uma demanda maior, precisaríamos contratar mais gente”, complementa Sandro.

09.08.2010

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