A Poesia face a face com a magia da palavra e da invenção
O livro Abracadabra, de Kleber Torres, lançado pela Amazon, reúne 44 poemas escritos ao longo dos últimos anos e inclui uma série de poesias divulgadas através do Facebook e das redes sociais. Seu título inicial foi pensado até como Face to Face, uma outra face do Facebook e da busca de ampliação dos campos para a linguagem poética através das redes sociais, ampliando assim os canais de diálogo entre o autor com os leitores, o que valeu como uma experiência, afinal a poesia está em todas as coisas e em toda a parte apesar da contradições ou da complexidade do mundo com seus mistérios, encantamentos e contradições.
A obra começa com o poema Prestação de contas, um balanço da vida do poeta cuja função é questionar inclusive sobre os amigos e amores que ficaram no caminho, mas não podem e nem devem ser esquecidos, mesmo quando todas as glórias são passageiras. O poeta questiona o que há entre a poesia e o jogo de xadrez e até onde estão os loucos da sua cidade e da sua infância diante de uma vida transitória e passageira.
O poema Voo cego mostra que voar não é só com os pássaros e o sonho humano da conquista do espaço que começou como mito de Ícaro, eliminando qualquer tentativa do invento como os restos do poema que emerge da folha em branco. Caça à baleia nos remete à morte que sempre dança em câmera lenta quando Moby Dick não estava lá e nem o capitão Melville para abordar de forma crítica a caça criminosa de baleias, denunciando um crime ambiental.
Canto XXVIII foi um poema que extrapolou o seu limite e acabou musicado pela banda Manzuá, integrada por alunos da UESC, que uniram poesia e música num experimento com autores do Sul da Bahia. O poema tem como foco a tragédia das frequentes enchentes do rio Cachoeira que desce mar revoltado em cataratas de lama levando esperanças, móveis e vidas, além de gente de destino incerto roupas em desalinho e marmitas sem comida, surpresas que arrebitam os olhos e estreitam o coração.
Kleber Torres
Foto: Waldyr Gomes