segunda-feira, 10 de março de 2025

Filme tem Fernanda Montenegro no papel de heroína negra

Alagoana e negra, Joana Zeferino da Paz é representada pela atriz branca em sua história de combate a narcotraficantes e policiais corruptos, no Rio

Do -Diario do Poder - Ao final de sua vida, alagoana e negra Joana Zeferino da Paz materializou-se em coragem e cidadania escassas nos tempos atuais para combater efetivamente e levar à prisão narcotraficantes e policiais corruptos do Rio de Janeiro. O jornalista Fábio Gusmão a rebatizou como “Vitória da Paz”, em 2005, ao revelar provas de crimes coletadas pela filmadora da senhora de 80 anos, na janela de seu apartamento em Copacabana. Mas a cor da pele e a ancestralidade desta brasileira será ofuscada no longa-metragem “Vitória”, que estreia nos cinemas na quinta-feira (13), com a heroína preta sendo interpretada pela atriz branca Fernanda Montenegro.

Joana da Paz e o jornalista Fábio Gusmão, na vida, e interpretados na ficção (Fotos: Divulgação Suzana Tierie)

A alegação da produção do filme para esta contradição desabonadora para qualquer arte baseada em fatos reais de tamanha relevância foi de que a escolha do elenco e a gravação do longa iniciou antes da morte de Joana da Paz, aos 97 anos, em 2023. Isso porque, segundo o primeiro diretor do longa, Breno Silveira, a identidade e afrodescendência de Vitória ainda não era conhecida quando Montenegro foi escolhida, por ser preservada pelo programa de proteção à testemunha, no qual a denunciante entrou por ser ameaçada de morte por criminosos expostos pela sua câmera.

O diretor Breno Silveira morreu em 2022, aos 58 anos, durante as gravações do filme. Mas também já havia definido outra troca de etnia entre personagem e ator, quando escalou o artista negro, Alan Rocha, para interpretar o jornalista branco Fábio Gusmão, que intermediou a denúncia da Dona Vitória, com uma série de reportagens e entrega das fitas da idosa às autoridades.

As trocas ainda são justificadas pela produção do filme como estratégia para não identificar envolvidos na denúncia. Nesse contexto, o nome da protagonista da história não foi nem Vitória, nem Josefa, mas Nina. E o jornalista Fábio Gusmão é chamado de Flávio Godoy.

O cineasta Andrucha Waddington substituiu o amigo diretor Bruno Silveira. Ele é casado com a atriz Fernanda Torres, filha de Montenegro, que ganhou Globo de Ouro de melhor atriz e Oscar de melhor filme estrangeiro deste ano, com o filme “Ainda Estou Aqui”.

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