quinta-feira, 29 de agosto de 2024

ITABUNA NÃO LEU A OBRA DEJORGE AMADO

Bené, fala da obra.
"Itabuna não leu a obra de Jorge Amado e tem grande dívida histórica com ele", diz jornalista itabunense

Público, atento.

 Nas últimas oito décadas a obra literária dpublucobo escritor itabunense Jorge Amado é reconhecida e reverenciada em todo o Mundo, mas é ignorada em sua terra natal, no sul da Bahia, pelos seus conterrâneos. A afirmação foi feita pelo jornalista, poeta e escritor Ederivaldo Benedito-Bené, ao participar na manhã desta quarta-feira, dia 28, da II Feira Literária do Colégio Estadual Manoel Devoto, em Salvador.

   Bené, que também é itabunense, participou da II Flimd, apresentando um trabalho intitulado "Tendas dos Milagres: Identidade, religiosidade e interação social na obra de Jorge Amado”, sobre uma das obras mais famosas do escritor grapiúna. "Apesar de ser reconhecido e reverenciado nacionalmente, estranhamente Jorge não é lembrado em sua terra natal", afirmou.

   Para Ederivaldo Benedito, Itabuna ainda não valorizou o legado legado literário de Jorge Amado, como merece. "A comunidade itabunense precisa rever seu relacionamento com a obra amadiana", declarou Bené, ao destacar um aspecto contraditório e irônico: mesmo sem ter lido os 49 livros do escritor itabunense, um grande número de seus conterrâneos o criticam duramente. "Itabuna tem uma dívida histórica para com o seu filho mais ilustre. Estranha e historicamente, Itabuna nunca amou Jorge. O filho mais ilustre das terras do cacau nunca foi amado pelos seus conterrâneos", garantiu.

   "Jorge Amado, que abordou em suas obras as realidades sociais e políticas do sul da Bahia, foi um crítico ferrenho das desigualdades e das mazelas sociais, tendo sua escrita muitas vezes ligada à sua militância política. O fato de ter sido comunista e ter denunciado as injustiças sociais em seus romances não foi bem aceito por um segmento da sociedade local", lembrou Bené, referindo-se à forte presença de coronéis do cacau e de jagunços no sul da Bahia, no início do século passado.

   "É momento de Itabuna olhar para o passado e reconhecer seus valores. A Literatura de Jorge Amado precisa ser revalorizada. Ela é, essencialmente, um reflexo da nossa própria história", concluiu.

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