A
população do município de Buerarema no sul da Bahia, um dos sete municípios do Estado que deram a vitória ao presidenciável Jair
Bolsonaro no primeiro turno, através de uma Comissão de Pequenos Agricultores,
integrada ainda pelos municípios de Ilhéus e Una, representada por uma
população de mais de quarenta mil pessoas
que vivem na área de conflito, de grande apreensão,
está enviando uma carta ao futuro presidente do pais.
A
população de Buerarema e região depositam as esperanças no futuro presidente a
resolução desse conflito e o soerguimento da economia do município. Lembrando
que Buerarema é um dos poucos municípios que vem votando contra
o PT a varias eleições. Segundo a população, Buerarema tem pagado um preço alto
por não reconhecer farsa da demarcação de terras apoiadas pelas gestões do
Partido dos Trabalhadores. Veja:
Buerarema, 27 de
Outubro de 2018
Exmo Sr.
Jair Messias Bolsonaro – Dep. Federal e Presidenciável
Referencia: Relatório
FUNAI , DOU 20/04/2009
(Demarcação de terras indígenas em Ilhéus, Una e Buerarema)
Excelência,
Nós, Agricultores
de Ilhéus, Una e Buerarema, representamos cerca de 18.000 pessoas da região sul
da Bahia, que vivem momentos de grande apreensão. Trata-se de gente que
movimenta os mercados produtor e consumidor do Estado, gera emprego, renda e
impostos, mantendo a economia ativa, o que
reforça as condições de governabilidade,
que nos mantém unidos.
Essa gente
trabalha e vive em terras que adquiriu há mais de cem anos, de forma legal e produtiva, através
de muito esforço e trabalho.
Ocorre,
porém, que uma confusão foi gerada pelo
órgão federativo Funai, que resolveu, a despeito de quaisquer implicações, sem
nenhuma consulta aos órgãos federados, e sem base técnica, que as nossas
terras deveriam ser demarcadas em favor
de uma etnia indígena (desconhecida na região). E isso, de imediato, incitou
possíveis descendentes indígenas, de origens as mais variadas, a reivindicar
terras alheias, de formas até violentas, estabelecendo um ambiente de conflito
armado na região. Fomos obrigados a um custo de defesa alto, alheio aos nossos
objetivos de trabalhadores, produtores e empresários, para, via estudos de
antropologia, história e direito, contestar o relatório de demarcação da Funai.
E esse custo será ainda maior, se a leviandade da política arbitrária da Funai
insistir em desapropriar os mais de 18 000 cidadãos.
A área conflituosa definida por 47.376hac , abriga o modelo de
desenvolvimento sustentável na agricultura familiar, aos assentamentos e
representa a conquista daqueles que foram escravizados em toda historia desse
País; Os Negros. Hoje a região revela um quadro indissolúvel, pois, registra;
3.000 famílias de agricultores familiar, divididos em i numeras associações,
dois assentamentos afetados, alguns em parte e outros em suas totalidades,
associação de Quilombolas, onde o Negro representa em toda área mais de 30% de
toda população, diga-se aproximadamente 3.000 Negros.
Os registros policiais indicam , neste momento, que algumas lideranças Indígenas contratam
marginais fortemente armados, para invadir mais de 40 pequenas roças, com proprietários acima de 80
anos, conforme denuncia na Delegacia de Policia Federal de Ilhéus, paga a esses
pistoleiros, com recursos da venda dos nossos produtos retirados das nossas
roças invadidas, e, após implantar um forte terrorismo na região, sem número
suficiente, abandona as propriedades na certeza de que os proprietários não
mais retornarão.
A cidade de Buerarema se encontra destruída
sócio-economicamente, pois perdeu o seu
poder de produção , que sempre foi do campo, e registra o maior êxodo em
direção ao sul do Pais , onde Brusque abriga mais de 8.000 cidadãos
Bueraremenses, assim, a despeito da injustiça que por ventura se tenha cometido
com os povos indígenas , ao longo da historia, há que se observar o estado
democrático de direito, sob o qual a vida social se norteia. As demandas no pais por serviços públicos,
abrangem a todos , e decerto aos supostos indígenas, mas não menos aos Pequenos
Agricultores. Assim , entendemos que está havendo uma confusão entre uma grande
demanda por serviços do Estado com uma demanda por terras com propriedades bem
definidas, logo, demarcação de terras indígenas em áreas de Pequenos
Agricultores com títulos de terras
com mais de cem anos, pode ser a
gota d’agua para frustrar o desenvolvimento sócio-economico de toda região, e
porque não do nosso país.
A SOLUÇÃO PARA O PROBLEMA
(Conforme Min. Ilmar Galvão , em seu parecer anexo ao
processo de nossa defesa)
“ O que fazer o governo sabe, como
fazer , é que até agora nunca disse”
É fora de dúvida que,
suposto haverem remanescentes dos indígenas de Olivença vivendo eventualmente
como selvagens – o que não restou demonstrado pelo Relatório da Comissão e
Identificação e Delimitação – sem disporem de uma área onde possam viver em
caráter permanente, utilizando-a para suas atividades produtivas e para sua
reprodução física e cultural, a solução do problema não pode ser dada por meio
de simples demarcação de terras devolutas da União, inexistentes na área, nem,
muito menos, mediante a conduta de ter-se, abruptamente, por nulos títulos de
propriedades legitimamente conferidos a seus ocupantes pelo poder público,
decretando o seu desapossamento, manu militari, como se de intruso se tratasse.
Principalmente, sem que lhes tenha sido facultado o sagrado direito de
defender-se, sob o crivo do contraditório e do devido processo legal.
Consiste, a
alternativa, na criação de uma RESERVA INDÍGENA, espécie que já fora prevista
pela Lei nº 605/1850, a qual se distingue de áreas Tradicionalmente ocupadas
pelos indígenas por não revestir o caráter
de direito congênito ou originário, como esta.
A Lei nº 6001/73, no
art. 26 cuida da espécie.
As nossas
reivindicações no momento é pela reintegração imediata das fazendas invadidas
nestas condições de pistolagem, bem como, pelo arquivamento urgente dessa
tentativa equivocada de demarcação,
construindo-se uma negociação onde os Entes Federativos e Particulares,
participem do processo de demarcação, como tem sido em outros Estados.
Resumindo, trata-se de uma região de agricultura familiar,
com políticas públicas definidas, digo: Luz para todos, Água para todos,
Pronaf, etc., que contemplam, também, área urbana, de empresas, comércio e
residências, totalizando 18.000 cidadãos. As áreas se encontram consolidadas,
mantendo uma cadeia produtiva que atinge R$ 35.000.000,00/ano, registrando uma
renda per capta de R$ 800,00/família/mês. Os municípios perderão arrecadação
(ITR...), poder de produção e de geração de empregos, desarticulando a cadeia
produtiva, aumentando os bolsões de miséria; uma política que não se justifica
em regiões de baixa renda, pois o governo não pode trocar apenas de mãos;
todos, independente da etnia, temos o direito de viver e produzir.
Isto posto,
solicitamos de V. Excia., espaço para uma audiência com nossa representação, a fim de reforçarmos nossos
clamores por um final breve e conveniente a todos. Pelo que, antecipadamente,
agradecemos.
“SE HÁ CONFLITO NÃO HÁ DE HAVER HOMOLOGAÇÃO”
Atenciosamente,
Comissão representativa do Povo de Buerarema e outros abaixo
assinado.
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