A equipe de fisioterapeutas do Hospital Materno-Infantil Dr. Joaquim Sampaio, unidade da Secretaria da Saúde do Estado em Ilhéus, desenvolveu atividades lúdicas pensadas e construídas no próprio hospital para atender os pacientes com longa permanência na UTI. Geralmente são crianças com sintomas da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Nestes casos, o tempo de permanência, em média, é de 20 dias.
Por conta do longo período de internamento, o desafio dos fisioterapeutas sempre foi como manter a criança internada no limite mínimo possível dos sintomas da Síndrome do Imobilismo, um conjunto de sinais e sintomas relacionados à mobilidade, cujo potencial funcional tem influência direta do nível de atividade física. “Esses malefícios trazem diminuição de força e até de interação com outras crianças”, alerta a fisioterapeuta Laura Nascimento. “Por isso, é preciso estabelecer condições para que este paciente possa retornar para casa o mais funcional possível”, completa.
Iniciativas lúdicas
Luvas dão vida a exercícios respiratórios. Sacolas de plástico são transformadas em capas de super-heróis. As escadas e corredores do hospital viram pistas de atletismo para a performance daqueles seres invencíveis que um dia os pacientes sonham ser.
Há 15 dias, Mathias, de 3 anos, foi internado com um quadro grave de pneumonia. Agora, em fase final de recuperação, revelou-se um fã incondicional de Batman e foi esta a fantasia que ganhou recentemente, confeccionada pela própria Laura. Nos últimos dias, corre pelos corredores do hospital, fantasiado e feliz. “Não é só correr. É correr para ver a capa do Batman voar. Temos muitos casos de bronquiolite e pneumonia com limitação cardiorrespiratória e este exercício que ele faz ao imitar o herói é fundamental”, explica a fisioterapeuta. Mathias também sobe e desce escadas e realiza outros procedimentos lúdicos com ajuda de copos e canudos plásticos que o aproximam cada vez mais da alta médica.
Simplicidade que dá certo
“Achava que na UTI só equipamentos enormes e altamente tecnológicos poderiam salvar o meu filho. E descobri que coisas simples, como uma luva de borracha, um canudo, um copo plástico, também ajudam. Trouxe uma criança doente e vou levar um super-herói para casa”, entra na brincadeira a mãe de Mathias, a dona de casa Erica de Jesus. Eles moram em Gandu.
A coordenadora de Fisioterapia do HMIJS, Virgínia Marilene, destaca que, mesmo internada em um hospital, a criança necessita brincar. Ela lembra que é importante para o processo de recuperação trazer o paciente para a luz do dia, interagir com outras crianças e até mesmo praticar exercícios físicos e cuidar do condicionamento cardiorrespiratório. “O estar parado, deitado, diminui a capacidade respiratória da criança”, revela.
Resultados positivos
“A possibilidade de realizar a fisioterapia de forma lúdica termina sendo a certeza de que podemos implementar a fisioterapia tradicional, alicerçada no que temos e dentro do que podemos”, completa Laura Nascimento, idealizadora da iniciativa. “Elas mudam. O humor passa a ser outro”, assegura. O projeto vem ganhando o “poder” que a “casa dos super-heróis” precisa para ganhar ainda mais força para salvar vidas e transformar um ambiente hospitalar num cenário de magia até nos momentos mais difíceis.
O Hospital Materno Infantil Dr. Joaquim Sampaio, construído pelo Governo do Estado e administrado pela Fundação Estatal Saúde da Família (FESF-SUS), conta com 105 leitos destinados à obstetrícia, à gestação de alto risco, pediatria clínica, UTI neonatal e centro de parto normal, integrados à Rede Cegonha e atenção às urgências e emergências, com funcionamento 24 horas e acesso por demanda espontânea e referenciada de parte significativa da região sul da Bahia. Ascom
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