Uma equipe de 30 atores,
técnicos e produtores termina, ainda nos próximos dias, as filmagens da série “O
Síndico”, uma comédia urbana de cinco episódios e que tem como cenário os
três edifícios do Torres da Primavera, em Itabuna, com direção da cineasta Betse
de Paula – autora de seis longas e duas séries, grande
vencedora em 2013 do festival Cine PE, com 12 prêmios conquistados pela comédia “Vendo ou Alugo”. A série é
resultado de um trabalho de dois anos, desde a discussão do projeto com José
Amâncio Barbosa, da TVI, onde será exibida e pode servir como primeiro passo do
embrião para um núcleo de produção audiovisual no eixo Ilhéus-Itabuna.
A série, considerada
a primeira filmada em Itabuna, ainda não tem data definida para a sua exibição
pela TVI, uma vez que após as filmagens será iniciada a etapa de montagem dos
episódios e pós produção. O projeto e a produção envolveu um elenco de atores
de Itabuna, Salvador, Conquista, Itororó e técnicos de Minas Gerais, Goiás, Rio
de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul, que atuaram na área de fotografia,
áudio e operação dos equipamentos digitais. A produção é da Floresta Filmes.
Betse de Paula
explica que o roteiro foi elaborado por ela, em conjunto com Jailton Alves, que
teve experiência como síndico de um
edifício, além de Luís Sérgio Ramos e Clara Melo. As filmagens, durante todo o
mês de junho, foram consideradas pela diretora como uma experiência
interessante, em especial pelo clima bipolar de Itabuna, onde chove e faz sol
no mesmo dia, gerando problemas até mesmo na continuidade das cenas.
Itabuna
Ela explica
que o projeto sofreu alguns ajustes, porque Itabuna, embora seja o grande polo da
região Sul da Bahia, ainda não tem uma tradição na produção audiovisual. Para
Betsi de Paula, o local escolhido para a locação é ótimo e os moradores do
condomínio foram muito colaborativos
atuando até mesmo como figurantes nas filmagens, “tanto que hoje, já conhecemos
todo o mundo e nos integramos à comunidade”.
A cineasta destaca
ainda, a parceria com a TVI, que vai exibir a série e a formação de um elenco
basicamente regional mesclado com técnicos de outros estados. A série é
essencialmente, segundo ela, uma comédia com base na experiência de Jailton
Alves, que também integra a equipe de atores e colaborou com ideias e sugestões
para a elaboração do roteiro, mostrando sob a ótica do humor os problemas
diários de um condomínio.
A história envolve
os conflitos e problemas dos moradores de um condomínio onde reside um casal
homossexual, que tem uma filha de criação, enfrentando vizinhos homofóbicos e
machistas, fora do eixo e do padrão politicamente corretos. Num dos prédios
reside inclusive uma delegada, além de outros personagens que levam seus
problemas até o sindico, que passa a ser uma espécie de mediador na solução de
conflitos rotineiros na comunidade, mas como tudo é política, ele acaba
deposto.
A cineasta
conta que o projeto foi iniciado há dois anos e que no Rio de Janeiro, também
elaborou um outro roteiro sobre o tema com base na vida em um condomínio, sendo
que no caso de Itabuna tudo acontece num prédio novo e no RJ, a trama se
desenvolve num prédio antigo, com uma outra configuração e outros problemas.
- Aqui, também
tivemos a colaboração da atriz Raquel Rocha, que já havia sido síndica do
prédio onde reside e o suporte de uma equipe de vários estados. O Sindico é,
sem duvida a primeira de uma série de ações aqui na região Sul da Bahia, com
recursos do Fundo Setorial de Audiovisual”, complementou, lembrando que vai
tentar vender a série para outras regiões do país e pretende consultar a TVI
para ver o interesse numa segunda temporada. Betse de Paula na região ela tem
outros projetos como o filme Axé Bahia, que é resultado do projeto de
uma outra série e que ganhou a sua própria dimensão.
Quem é
Betse de Paula nasceu no Rio
de Janeiro, em família com tradição no cenário artístico – o pai é o cineasta
Zelito Viana; o tio é o humorista Chico Anysio; e o irmão é o ator Marcos
Palmeira. Antes de estrear como diretora, ela atuou como assistente de direção
de Tizuka Yamasaki,
assistente de montagem e continuísta.
Em “Avaeté – Semente da
Vingança”, de Zelito, em 1985, foi continuísta; em “Noite”, de
Gilberto Loureiro, também em 1985, foi assistente de montagem. Como cineasta,
seus primeiros filmes foram no formato curta-metragem: “S.O.S. Brunet”
(1986), “Por Dúvida das Vias” (1988), “Feliz Aniversário Urbana” (1996),
“Leo 1313” (1997) e “The book is on the table” (1999).
“Por Dúvida das Vias”
é considerado pela crítica como um dos grandes curtas dos anos 1980. O filme
reúne um grande elenco, com nomes como Sílvia Buarque, Marieta Severo, Louise
Cardoso, Marcos Palmeira, Carlos Gregório e Hugo Carvana, o filme acompanha a
via-crúcis de uma estagiária de jornalismo às voltas com uma reportagem em uma
repartição pública. O filme recebeu o prêmio de Melhor Curta pelo Júri Popular
do Festival de Gramado.
·
Depois de três curtas-metragens, ela fez seu primeiro longa em 2001, a comédia
romântica “O casamento de Louise”. Em seguida, dirigiu “Celeste
e Estrela” (2002), selecionado para a abertura do Festival de
Brasília e premiado no festival Cine sul 2003, complementado por “Vendo
ou alugo” (2013). Vencedor de 12 prêmios, incluindo os de melhor
filme segundo júri oficial, crítica e público, no Cine PE 2013.
Após três longas
de ficção no gênero comédia, Betse investiu em documentários considerados como
retratos cinematográficos entre os quais Desarquivando Alice Gonzaga (2017);
Dissecando Antonieta (2015) e Revelando Sebastião
Salgado (2013), Prêmio Especial do Júri do Festival de Gramado no
mesmo ano do seu lançamento. - Por: Keber Torres/ jornalista
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