LAVA JATO
EX-MINISTRO DE LULA E DILMA ERA O 'SOFTWARE' DO PT, AFIRMA DELCÍDIO
PALOCCI ERA 'SOFTWARE' E VACCARI O ‘HARDWARE’, DIZ EX-SENADOR
Publicado: 01 de novembro de 2016 às 10:57 - Atualizado às 11:42
O EX-MINISTRO PENSAVA E ESTRUTURAVA A SAFADEZA, DENTRO E FORA DO GOVERNO, SEGUNDO EX-SENADOR. (FOTO: GIULIANO GOMES/ESTADÃO CONTEÚDO)
“Antonio Palocci sempre atuava na formatação dos grandes projetos do governo (estruturação dos consórcios, organização dos leilões)”, afirmou Delcídio, ouvido no dia 11 de outubro, em denúncia apresentada contra Palocci pelos procuradores da Lava Jato, em Curitiba.
“Palocci era como se fosse o ‘software’ do Partido dos Trabalhadores, enquanto João Vaccari e José Di Fillipi eram ‘hardware’, ou seja, executores daquilo que Antonio Palocci pensava e estruturava”, afirmou Delcídio, que é delator da Lava Jato.
O ex-ministro dos governos Dilma (Casa Civil) e Luiz Inácio Lula da Silva (Fazenda) foi acusado formalmente à Justiça Federal no dia 28, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele está preso em Curitiba, preventivamente, desde o dia 26 de setembro, por ordem do juiz federal Sérgio Moro. O magistrado deve decidir ainda essa semana se leva o petista ao banco dos réus.
Palocci é apontado como principal interlocutor de empreiteiras do cartel que fatiava obras na Petrobrás, em troca de propinas para partidos da base dos governos Dilma e Lula – em especial, PT, PMDB e PP. Na denúncia apresentada à Justiça, ele é acusado de atuar ilegalmente em favor da Odebrecht, que teria registrado dívida de R$ 128 milhões de corrupção relacionados a ele, identificado como “Italiano”.
Vaccari está preso em Curitiba desde 15 abril de 2015. Foi condenado em pelo menos dois processos julgados por Moro e é réu em outros, acusado de ser principal operador do recebimento e cobrança de propinas em nome do PT. Ele assumiu a Secretaria de Finanças da legenda em 2010, ano em que ajudou Di Fillipi a arrecadar recursos para a primeira campanha de Dilma.
Di Fillipi, ex-prefeito de Mauá, e ex-secretário do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), foi também tesoureiro da campanha de reeleição de Dilma. Ele é investigado e teve pedido de prisão feito pela Lava Jato, em março, quando foi deflagrada a fase que teve Lula como alvo. Ele é apontado por delatores como recebedor de propinas.
Delator. Preso em novembro de 2015 flagrado tentando comprar o silêncio do ex-diretor de Internacional da Petrobrás Nestor Cerveró, que negociava delação, Delcídio acabou perdendo o mandato e fez acordo com o Ministério Público Federal. Chamado para prestar novo depoimento, ele afirmou que “dentro da Petrobrás, o grande braço de atuação do PT era Renato Duque (ex-diretor de Serviços, que também tenta delação), cuidando dos interesses do PT no que se refere à arrecadação de propina”.
O ex-líder do governo Dilma no Senado afirmou que Palocci tinha contato com Duque e que a aproximação entre os dois “se deu em função do fato de que Renato Duque era um dos principais arrecadadores do partido”. “Palocci acompanhava os grande projetos da Petrobrás e do governo, tendo conhecimento de tais projetos, tanto dos projetos da área econômica quanto dos de infraestrutura.”
Vaccari e Di Fillipi, por meio de suas defesas, negaram em outras ocasiões envolvimento em esquemas ilícitos. Segundo eles, toda arrecadação partidária e de campanhas foi feita dentro das normas legais.
Os executivos da Odebrecht, entre eles o presidente afastado do grupo, Marcelo Bahia Odebrecht, negociam delação premiada com a Lava Jato. (AE)
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