A
mais notória delas foi conquistada no caso sobre a morte de Eliza
Samudio. Um dia depois do júri que sentenciou o goleiro Bruno Fernandes a
22 anos e três meses de prisão, o promotor exibia satisfação com a
condenação. Para Henry, o resultado é mais um elemento relevante para
condenar Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, como executor de Eliza, no
julgamento que começará em 22 de abril. Ele acredita que um dos grandes
mistérios desse caso, no entanto, jamais será desvendado: “Não tem
corpo para entregar. Ele foi destruído. Eu me surpreenderia enormemente
se houvesse um corpo a ser entregue”. Nos últimos meses, dedicou-se a
destrinchar as 17.000 páginas do processo de maior repercussão da sua
curta e prodigiosa carreira. Ainda assim, encontrou tempo para fazer
aulas de tênis, estudar italiano e francês e cultivar seu apreço pela
astrologia e a numerologia. Na tarde desta sexta-feira, Henry Castro
falou com exclusividade ao site de VEJA:Como a condenação do Bruno pode servir de exemplo para a sociedade?
Pedagogicamente, a condenação do Bruno demonstra que alguém que alcança projeção e acesso a bens não está blindado perante a Justiça. Bruno manipulou todos os recursos humanos e financeiros não só para a execução do crime, como também para se blindar. Mas essas blindagens costumam ser frágeis e passíveis de fissuras. Dinheiro, influência e poder não asseguram que o estado e a sociedade transijam com o crime. Dinheiro não garante a irresponsabilidade de ninguém. Por isso, a condenação do ex-goleiro foi um exemplo para os jogadores, para a rapaziada toda do futebol.
Mas com dinheiro é possível contratar os melhores advogados.
A contratação de bons advogados não é e nem deveria ser um facilitador para um criminoso. Neste caso, não foi. Não foi relevante a contratação de profissionais caros e o manejo de testemunhas mentirosas. Nem mesmo a torcida que a sociedade tinha, mais ou menos velada, para que o Bruno fosse inocente.
O senhor acha que as pessoas torciam pelo ídolo Bruno?
A sociedade torcia pela sua inocência, e não pela sua absolvição. São coisas bem diferentes. As pessoas queriam que ele fosse inocente, afinal, era uma história escabrosa protagonizada por um ídolo que saiu da miséria para o estrelato esportivo. Seria mais confortável para o inconsciente coletivo a história do Macarrão ciumento, talvez homossexual, que queria eliminar um incômodo ou uma rival.
Quando a sociedade parou de torcer por ele?
Quando o Macarrão falou. Ali começou a haver uma inversão dessa torcida. Comecei a perceber isso nas ruas, mas principalmente nos comentários que as pessoas publicam nas matérias da internet. Leio os comentários todos. Porque ali é coisa de cidadão, de jurado em potencial. Ele é meu jurado de amanhã e peguei muitas dicas ali. Uma coisa é o comentário do jornalista, outra é o cidadão que está opinando ali. O júri é popular, coisa que a defesa esquece.
Só neste momento?
E agora, quando o Bruno falou. Ele não disse que mandou, nem que pediu. Mas quando falou que imaginava, que sabia, que aceitou e beneficiou-se, acabou de uma vez por todas. Sepultou qualquer empatia entre ele e a sociedade. Claro que tem os cegos, mas no geral, agora, a empatia está rompida em definitivo.(Revista Veja)
Pedagogicamente, a condenação do Bruno demonstra que alguém que alcança projeção e acesso a bens não está blindado perante a Justiça. Bruno manipulou todos os recursos humanos e financeiros não só para a execução do crime, como também para se blindar. Mas essas blindagens costumam ser frágeis e passíveis de fissuras. Dinheiro, influência e poder não asseguram que o estado e a sociedade transijam com o crime. Dinheiro não garante a irresponsabilidade de ninguém. Por isso, a condenação do ex-goleiro foi um exemplo para os jogadores, para a rapaziada toda do futebol.
Mas com dinheiro é possível contratar os melhores advogados.
A contratação de bons advogados não é e nem deveria ser um facilitador para um criminoso. Neste caso, não foi. Não foi relevante a contratação de profissionais caros e o manejo de testemunhas mentirosas. Nem mesmo a torcida que a sociedade tinha, mais ou menos velada, para que o Bruno fosse inocente.
O senhor acha que as pessoas torciam pelo ídolo Bruno?
A sociedade torcia pela sua inocência, e não pela sua absolvição. São coisas bem diferentes. As pessoas queriam que ele fosse inocente, afinal, era uma história escabrosa protagonizada por um ídolo que saiu da miséria para o estrelato esportivo. Seria mais confortável para o inconsciente coletivo a história do Macarrão ciumento, talvez homossexual, que queria eliminar um incômodo ou uma rival.
Quando a sociedade parou de torcer por ele?
Quando o Macarrão falou. Ali começou a haver uma inversão dessa torcida. Comecei a perceber isso nas ruas, mas principalmente nos comentários que as pessoas publicam nas matérias da internet. Leio os comentários todos. Porque ali é coisa de cidadão, de jurado em potencial. Ele é meu jurado de amanhã e peguei muitas dicas ali. Uma coisa é o comentário do jornalista, outra é o cidadão que está opinando ali. O júri é popular, coisa que a defesa esquece.
Só neste momento?
E agora, quando o Bruno falou. Ele não disse que mandou, nem que pediu. Mas quando falou que imaginava, que sabia, que aceitou e beneficiou-se, acabou de uma vez por todas. Sepultou qualquer empatia entre ele e a sociedade. Claro que tem os cegos, mas no geral, agora, a empatia está rompida em definitivo.(Revista Veja)
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