Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado Empresário não respondeu sobre repasse por caixa dois a campanha de Haddad. |
Do - www.msn.com - Acusado de pagar propinas e cometer crimes financeiros, o empresário Eike Batista reiterou, na quarta-feira, à CPI do BNDES no Senado que fez doação de US$ 2,5 milhões para quitar gastos de campanha do PT, a pedido do então ministro da Fazenda Guido Mantega, mas não respondeu se repassou via caixa dois R$ 5 milhões para a eleição de Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo, conforme declarou Monica Moura, mulher do marqueteiro João Santana, em sua delação premiada.
O silêncio do empresário irritou o senador Lasier Martins (PSD-RS), único a fazer perguntas incisivas ao depoente na reunião, que ocorreu esvaziada e onde Eike foi tratado como uma espécie de consultor, sendo questionado a respeito dos setores produtivos no Brasil e razões da crise. Sobre a questão envolvendo Haddad, após consultar os dois advogados que o acompanharam, o empresário se limitou a dizer:
— Estou prestando esclarecimentos às devidas autoridades.
— Para nós não. Nós não somos autoridades. O senhor sabe que CPI tem valor equivalente a processo penal? — perguntou Lasier, de forma enfática.
Questionado se as doações a campanhas políticas tinham como objetivo receber algum auxílio nos negócios, Eike afirmou que o interesse do grupo era chamar a atenção do governo para os próprios projetos:
— No fundo, o grupo estava interessado em fazer o governo enxergar a importância estratégica dos projetos.
Lasier Martins afirmou que Eike era “homem de copa e cozinha” do ex-presidente Lula, para perguntar sobre a proximidade entre os dois. O empresário retrucou, dizendo que as reuniões com o petista só começaram em meados de 2012:
— Foi quando comecei a vir mais até Brasília, porque o grupo não tinha recebido áreas de pré-sal. Queríamos até fazer parcerias com a Petrobras, mas éramos persona non grata.
‘SEMPRE FUI SOLDADO DO BRASIL’
Eike afirmou que não era “rato político” nem “filhote de partido” aos poucos senadores presentes ao depoimento – além do presidente, Davi Alcolumbre (DEM-AP) e do relator da CPI, Roberto Rocha (PSDB-MA), passaram pela reunião apenas o senador Jorge Viana (PT-AC) e Lasier Martins. Com um discurso de distanciamento da política, o depoente se colocou em vários momentos como um empresário apaixonado pelo Brasil e também vítima de decisões governamentais equivocadas, como a retirada de áreas do pré-sal em lotes disputados pelo seu grupo:
— Sou brasileiro, sempre fui um soldado do Brasil, meus recursos estão aqui.
O empresário destacou que a contribuição do BNDES nos negócios de suas empresas na área infraestrutura e energia no país é pequena – de cerca de R$ 15 bilhões em projetos que consumiram R$ 120 bilhões. Afirma ainda que deu garantias para todos os empréstimos, por meio de bancos privados e com o próprio patrimônio:
— Dinheiro do BNDES é barato? É. Mas quando você tem que usar bancos privados para dar garantia, encarece até 2%.
Eike disse ainda que seus processos no banco estatal de fomento demoravam cerca de oito meses, dentro da burocracia normal e sem qualquer privilégio, e considera que as condições oferecidas a ele eram piores que as dispensadas a outras empresas brasileiras com negócios fora do Brasil. Entre as obras destacadas por Eike, está o Porto do Açú, no Rio.
Considerado há poucos anos um dos homens mais ricos do país, que perdeu praticamente todo o patrimônio de US$ 34 bilhões, Eike criticou a ingerência política nos negócios estruturantes no Brasil, sobretudo na Petrobras, e disse que o país erra ao insistir no modelo de estaleiros espalhados pelo território nacional.
— A Petrobras tem excelentes técnicos, mas precisam ser chamados: ‘vem cá, isso foi estudado em detalhes?’ Não pode ser uma decisão política, e sim técnica.
Ao ser questionado pelo senador Lasier por que foi preso, Eike manteve-se em silêncio.
— Não é um depoimento livre, é condicionado — reclamou o parlamentar.
Vídeo: Operações de Cabral enriqueceram bancos de advogados (Via SBT)
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