segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

NEM SEMPRE O POVO TEM RAZÃO

Por Giulio Sanmartini
Um dos grandes enigmas do comportamento político da humanidade é o da população submetida que dá, durante um tempo, apoio irrestrito e uma grande aceitação a cruéis e sanguinários déspotas, que se revelaram incompetentes governantes. Basta ver os exemplos práticos de Hitler na Alemanha, Mussolini na Itália, Stalin na União Soviética, Fidel Castro em Cuba e Kim Jong-il na Coréia do Norte.


O jornalista Carlos Alberto Sardenberg faz interessantes e pertinentes observações sobre o assunto. Ele começa perguntando se um governante com ampla aprovação está forçosamente fazendo a coisa certa. E logo dá a resposta que coincide com o que está escrito acima: “É possível que um líder tenha prestígio enquanto faz uma administração absolutamente desastrosa, e isso vale tanto para os eleitos quanto para os ditadores”.

Citando como exemplo emblemático o de Mao Zedong, reverenciado até hoje como o “grande timoneiro”, mas que conduziu o país a grandes desastres: “matando milhões, economia arrasada, assassinatos em massa, torturas”, mas na verdade a passagem da China para grande potência foi obra de Deng Xiao Ping. “Mas é a imagem de Mao que se vê por toda parte”.

Estes tipos de governantes baseiam-se na propaganda e no princípio marxista que  uma mentira quando contada repetidamente transforma-se em verdade. 

O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, para usar e abusar desse sistema, foi buscar, como seu ministro da Propaganda, apelidado pelo governo de ministério da Comunicação Social, Franklin Martins, que tem um currículo invejável: guerrilheiro no MR-8, da Ação Libertadora Nacional (ALN), participou de seqüestros, assaltos a bancos e a carros pagadores. Exilou-se em Cuba onde teve aulas de armamento, explosivo, túneis e principalmente táticas militares. Com grande desenvoltura engana o povo criando slogans retumbantes, lançando planos mirabolantes, não importando se são realizados ou não.

Continua Sardenberg : “(Lula) Passou seu governo inteiro no palanque, anunciando planos e mais planos, metas e mais metas, inaugurando várias vezes a mesma obra. (…). A Ferrovia Transnordestina é um caso exemplar: foi lançada e “inaugurada” cinco vezes, sempre apresentada pelo presidente como sua obra especial. Prometida para este final de ano, tem menos de 100 km prontos, para um projeto de quase 3 mil. 
Nada disso impediu que a obra aparecesse como resultado de sucesso na prestação de contas de Lula, aquela registrada em cartório. Claro que o texto não diz que a obra está pronta, mas, sim, em execução, que foi viabilizada “pela primeira vez”, sem nenhuma referência aos atrasos e problemas que ainda enfrenta. (…) 

O  lulismo quer representar  estabilidade macroeconômica ortodoxa, mas está calcado  numa onda mundial favorável, um setor privado (agronegócio e mineração) capaz de atender à demanda global e dinheiro público para gastar com as diversas clientelas, dos mais pobres até as grandes empreiteiras. Um bom momento inflado pelo presidente no palanque”.

Todavia, a propaganda dirigida por Martins esconde algo de muito perigoso: o fato do Brasil continuar consumindo mais do que produz, investindo menos que o esperado de um país emergente e campeão mundial de impostos de pessoa física e jurídica.

Lula vai empurrando com a barriga, achando que poderá valer-se desse artifício eternamente. “É claro que não é igual a Mao. Longe, muito longe disso. Há um oceano entre um ditador e um presidente eleito e reeleito. Mas o que têm em comum é a enorme capacidade de formar a opinião pública. Mao, transformando desastre em avanço heroico. Lula, herdando um bom momento, para multiplicá-lo e assumir pessoalmente todos os méritos”.

Nessa mixórdia só resta uma certeza: o presidente Fernando Henrique Cardoso certamente é o nosso Deng.

EM TEMPO:
Se propaganda é a alma do negócio, não é à-toa que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva encerrará o mandato com uma aprovação popular recorde de 83%, segundo pesquisa do Instituto Datafolha. Em oito anos de mandato, Lula gastou pouco mais de R$ 9,3 bilhões dos cofres públicos no intuito de manter a sociedade informada sobre os atos de governo – em valores corrigidos pela inflação.

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