terça-feira, 21 de setembro de 2021

Por onde anda Nelson Pichane?

Por onde anda Nelson Pichane?

                                                                                              *Joselito dos Reis

Foto: arquivo
Época do “Jardim das gatas! ” Ainda não existia a banca de Revista de Nelson Pichane, mas, na praça José Bastos, se localizavam: o Instituto de Cacau da Bahia (ICB); a “Mola Dada”, do empresário José Oduque Teixeira, ali se iniciou tudo! Mais tarde, passou a ser o prédio das instalações do complexo “Diário de Itabuna/Rádio Jornal”. No local em uma extremidade, “o Hotel Brasil” e a residência do cacauicultor, Aristides Torres. Do outro lado, a Feira Livre e a Estão da Maria Fumaça. Já em frente se localizavam o caminhoneiro de fretes e os carroceiros, que mais tarde (anos 60), deu o lugar a construção do novo e hoje velho, Fórum Rui Barbosa, pelo governo Lomanto Junior.  Nesse cenário, em pujante desenvolvimento do município, puxado pela economia do cacau, surgia o jornaleiro, Nelson Pichane, que primeiramente instalou sua “Banca de Revistas e de Jornais” ao lado do Fórum.  Naquela época. Jovem, ainda, como muitos os outros, amantes da sétima arte, sempre estava nas portas dos cinemas (Oásis, Plaza, Marabá, Catalunha e Itabuna), a comprar, vender e trocar Gibis. Foi aí, que surgiu a sua ideia de montar uma banca de revistas. O que aconteceu com a ajuda da distribuída do empresário Reinaldo Andrade, que tinha uma rede de bancas de jornais e revistas espelhada pelo centro da cidade. Ai, Nelson Pichane, começou o seu negócio. Bem-sucedido, sempre pacato, cismado, organizado nas contas e de pouca conversa, demonstrou o seu interesse, pelos trabalhos literários dos escritores regionais e, principalmente, os de Itabuna. Essa sua opção tornou-se, a sua banca de Revista, referência, na venda de livros de autores itabunenses e grapiúnas. Entre os títulos, lá o cliente encontrava: Sosígenes Costa, Ocimar Coutinho, Jorge Amado, Adonias Filho, Hélio Pólvora, Telmo Padilha, Plinio de Almeida, Ariston Caldas, Valdenice Pinheiro e muitos outros até aquela época...

Um prefeito fazendo remanejamento de pontos comerciais móveis no centro da cidade, lá pelos anos 80, não sabemos o qual! Resolveu retirar a Banca de Revista do Nelson Pichane, do lado do Fórum. Se não me engano a pedido de um administrador da Casa da Justiça. O empreendimento ficava na subida da ladeira da Rufo Galvão, em frente ao CCPC-Conselho Consultivo dos Produtores de Cacau, que mais tarde, foi transferido para a Praça João Pessoa, se tornando CNPC-Conselho Nacional dos Produtores do Cacau. Com a chegada da Vassoura de Bruxa e, consequentemente, a queda da produção do cacau. O prédio hoje, deu lugar e funciona a Receia Federal. Com a decisão, Nelson Pichane, sua “banca” foi deslocada para a Praça José Bastos (antigo Jardim das Gatas!). De início, o jornaleiro, que já tinha aprimorado mais os seus conhecimentos do conhecimento da literatura Grapiúna, tomou gosto pelos seus negócios, mantendo a sua clientela, passou a vender também cordel e, se tornou muito amigo, do nosso saudoso e grande escritor/poeta cordelista, Fernando Minervino da Silva, que vendia seus livros, na mesma praça. Com essa vocação de Nelson Pichane pela literatura dos escritores regionais, numa inspiração passou a tentar escrever alguns poemas épicos, o que não foi a frente. Chegou a publicar alguns deles, nas páginas do extinto Diário de Itabuna. Jornal esse que tem seus arquivos no CEDOC, da UESC, doados pelo empresário José Oduque Teixeira. O que achamos uma grande iniciativa. Enriquecendo assim, a nossa história e não das traças!  O Diário de Itabuna, se tornou um dos maiores veículos do sul da Bahia. Foi fundado em 20 de outro de 1957, e sua última edição, com quatro páginas, com um impresso ainda em linotipo e impressora rotroplana, circulou no dia 11 de janeiro de 1995.

O jornaleiro Nelson Pichane. Tomou gosto pelos livros dos autores regionais, fazendo com que sua banca de Revista, se tornasse também um grande ponto de encontro de alguns escritores. Lá, você encontrava livros de todos, os gêneros e poetas regionais, inclusive, coletâneas, publicações de biografias em jornais etc. Devido a chegada da internet, fazendo cair as vendas, ele   resolveu encerrar suas atividades. Assim acreditamos! Outra teria sido a complicações de espaço para trabalhar, pois os fiscais do município, sempre estavam a lhe importunar! Nesse período, surgiram muitos outros poetas, que faziam questão de exibiam seus livros na Banca de Revista, do grande jornaleiro, Nelson Pichane. Além dos nomes que já citamos, mais tarde vieram somar: Juarez Vicente, Zélia Possidônio, Yolanda Costa,  Kleber Torres, Agenor Gasparetto, Adelino Kfury[W1]  Silveira, Jorge Araújo,  Enoc Alves, Glória Brandão. Diomedes Dantas, Ivo Fontes, Terezinha Leite.  A realidade é que o jornaleiro Nelson Pichane tinha um grande amor pela literatura grapiúna, e sumiu[W2] ..., deixando um grande vazio aos poetas. Pois, tudo indica, ele, fechou mais o seu negócio, decepcionado com as autoridades de Itabuna, que nunca demonstraram, “um bom olhar” em defesa de nossa cultura. O exemplo fala agora!

Você, eu, reconheço! Foi um grande defensor, dos nossos poetas, da nossa história, da nossa poesia! Era um grande amigo do poeta Telmo Padilha!    

- Por onde anda o grande jornaleiro Nelson Pichane?


*Joselito dos Reis

Poeta e jornalista

21.09.2021

                                     


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