O mundo civilizado está de olho no Brasil. O presidente Jair Bolsonaro viajou para Nova York neste domingo, 19, para participar da Assembleia Geral da ONU, adiantando que falará no evento o que o Brasil representa para o mundo. Ao chegar no Hotel Intercontinental, a comitiva brasileira se viu diante de uma manifestação especialmente de brasileiros contra Bolsonaro. O grupo segurava faixas em português e inglês com xingamento ao presidente e aos militares. Para evitar problemas, Bolsonaro entrou no hotel pela porta dos fundos e foi logo para o quarto. Nesta segunda-feira, 19, o presidente se reunirá com o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson. Vão discutir questões do meio ambiente e vacinação. Bolsonaro dirá que o Brasil é um exemplo nessas questões. Em seguida, o presidente vai ser recepcionado pela Embaixada do Brasil nos Estados Unidos. O clima não é muito favorável. Está todo mundo de olho no Brasil.
Como de costume, o presidente brasileiro será o primeiro a se pronunciar. Desta vez, o tradicional encontro de líderes mundiais terá como tema um assunto que parece ter sido escolhido para o Brasil. É o seguinte: “Construindo resiliência por meio da esperança, para se recuperar da Covid-19, reconstruir a sustentabilidade, responder às necessidades do planeta, respeitar os direitos das pessoas e revitalizar as Nações Unidas”. Sinceramente, o que é que Bolsonaro tem a falar sobre isso? Não tem nada a dizer. É exatamente sobre coisas assim que ele se mostra irredutível, negando a todos os valores ainda possíveis no mundo. De qualquer maneira, Bolsonaro decidiu viajar em companhia de alguns ministros, entre eles o do Meio Ambiente, Joaquim Leite. Poderia, se quisesse, gravar o seu depoimento, mas preferiu estar presente no evento mundial. A abertura do debate geral entre os chefes de Estado e de governo será amanhã, terça-feira, 21. Versará especialmente sobre a pandemia que, como todo mundo sabe, no Brasil é tratada pelo governo como algo especial para a vida das pessoas, não é mesmo?
Outro assunto que será muito debatido será o meio ambiente, que, no Brasil, também recebe um cuidado de dar inveja ao mundo, basta ver o zelo que o governo dispensa à floresta amazônica. Pois esses dois temas serão tratados no pronunciamento de Bolsonaro. Temos muito a ensinar para o mundo, não é mesmo? O mundo depende de nossos ensinamentos em tudo que se refere à pandemia e quanto às questões ambientais. Ou não é assim? Tanto é assim que o presidente se diz muito preocupado com a pandemia, como ele sempre demonstrou, dedicando-se de corpo e alma ao combate à doença. Alma? Bolsonaro manterá várias reuniões bilaterais em Nova York com a presença do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que tanto luta contra a Covid-19 no Brasil, uma demonstração de trabalho que é um orgulho para a nação brasileira. Não é assim? Sua última decisão foi proibir a vacinação de adolescentes, obedecendo às ordens de seu chefe supremo no Planalto.
Antes de viajar, o presidente prometeu um discurso tranquilo e objetivo focando nos pontos que interessam ao Brasil. Afirmou que “aquilo lá” é um palanque importante. Bolsonaro quer enfiar questões do agronegócio nas discussões. Adiantou que no que diz respeito ao meio ambiente, falará sobre o “marco temporal”, posicionando-se contra a demarcação de terras indígenas no país. Bolsonaro é contra para demonstrar sua defesa ao que se produz no campo, nas commodities do campo, na agricultura e pecuária. Talvez diga – não se sabe ainda – ser preciso derrubar ou queimar toda a floresta para o bem do Brasil. Afinal, o Brasil alimenta o mundo, é o campeão mundial na produção de grãos, no entanto, mais de 20 milhões de famílias brasileiras estão com os pratos vazios em cima da mesa.
Paralelamente a tudo isso, está correndo junto à Assembleia Geral da ONU um assunto bem a gosto do presidente brasileiro. Bolsonaro poderá participar do encontro mesmo sendo o único que não tomou a vacina contra a Covid. Sem ser vacinado, como será a circulação de Bolsonaro em Nova York? Ainda existe uma dúvida sobre essa questão. A Prefeitura de Nova York exige que Bolsonaro seja vacinado, mas o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, resolveu a questão e observou que a falta de vacina não impedirá a participação do presidente brasileiro. Mas ir a qualquer lugar de Nova York não será possível. Até restaurantes exigem o certificado de vacinação e máscara no rosto, mesmo que o cliente seja o presidente do Brasil. Não vai ter conversa. Bolsonaro vai ter que seguir as regras. Terá de usar máscara em todo lugar que estiver. Nessa questão ninguém vai quebrar o galho de ninguém. Mas Nova York não precisa se preocupar. O Brasil é um exemplo de civilidade. A comitiva brasileira de 16 pessoas – incluindo a primeira-dama Michelle e os filhos do presidente – acatará todas as determinações da prefeitura de Nova York. Dizem as más línguas que nesse item o Brasil será um exemplo para o mundo.
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