Hoje, 31 de
janeiro, comemoramos o aniversário de Carlos Henrique Brito do Espírito Santo,
o fenomenal Charles Henri, itabunense que conquistou o Brasil com sua
irreverência e modo de viver. Na minha humilde concepção, morre o homem mas
fica a fama (melhor seria conceito), daí considerar a data como dia de
comemoração. Fui alertado pelo Facebook, apontando, que se vivo estivesse,
completaria hoje 72 anos.
Confesso que não sou bom (péssimo, aliás) para lembrar os aniversários dos
amigos e familiares, o que considero de minha parte uma falta de educação ou
reciprocidade com pessoas da minha estima. Muito sabem disso e nem por isso
nossa amizade fica estremecida. Em nome dessa legião cito como um bom exemplo o
amigo Rui Carvalho, sempre o primeiro a me felicitar, embora a recíproca não
seja verdadeira. Deixa pra lá.
Mas falar de Charles Henri referindo-se apenas às festas que promovia é uma
atitude mesquinha e que não condiz com a grandeza de suas atitudes quando o
assunto era a sociedade. Não me prendo à alta sociedade comumente compreendida
pelos frequentadores assíduos das colunas sociais escritas por Charles e tantos
outros que se dedicaram a este segmento do jornalismo.
Destaco o Charles Henri destemido que assumiu o Itabuna Esporte Clube após ter
sido abandonado pelos cartolas devido aos altos investimentos que nem sempre
alcançavam os resultados pretendidos. Mostrou ser possível formar uma grande
equipe investindo dedicação, unindo forças antagônicas em torno de um ideal.
Com a mesma determinação que solicitava recursos aos cacauicultores,
reivindicava a construção do estádio.
Quando dado como “morto” o Sindicato de Jornalistas do Sul da Bahia, Charles
Henri partiu para mais uma ressurreição e se lançou candidato à presidência da
entidade, vencendo mais uma peleja. Suas empreitadas não tinham limite e sempre
foram vencedoras por atuar com foco e denodo, conseguindo reunir pessoas
diversas num mesmo ideal.
Com a mesma dedicação que organizava um evento para uma autoridade pública,
para uma pessoa de posses (financeira), com todo o requinte promovia um
encontro com amigos despossuídos. Muito comum receber dele o convite para
participar de um almoço, jantar, enfim, qualquer evento para homenagear uma
pessoa de sua (nossa) convivência dentro dos padrões do custo 0800.
Charles Henri vivia, de forma macro, a sociedade 24 horas por dia. Com o mesmo
destaque desfilavam por suas colunas pessoas poderosas, bem como as
desconhecidas do high society. Viveu todo o luxo e riqueza da época áurea do
cacau, acudiu instituições no período do debacle (vacas magras), atravessou com
galhardia o período de recuperação econômica com o mesmo fôlego e galhardia em
que desfilava como um dos principais destaques da Escola de Samba Beija-Flor no
carnaval carioca.
Em novembro de 2018 Charles Henri muda de projeto, nos deixa neste mundo e
parte para o além ou qualquer lugar neste universo. Perdemos nós as suas ideias
– extravagantes, para alguns pobres de espírito – e que nos faz falta pela
alegria contagiante. Hoje, em seu aniversário, será tudo diferente do que ele
faria: não teremos bolo, não teremos champagne, nem cantaremos parabéns.
Nos basta a lembrança desta magnífica figura humana.
Charles Henri continua merecendo todas as honras no dia do seu aniversário e
fora dele pelo que representou para o jornalismo itabunense e regional. Além de
mudar o vocabulário que nem todos os leitores de jornais entendiam, viveu com
intensidade a vida social(?), promovendo festas monumentais com todos requintes
dos grandes centros do Brasil e do mundo.