Dilma usa a caneta presidencial para exigir doações de empresários.
Mais de 3,5 milhões de empresas estavam em julho com algum tipo de dívida em atraso no país, resultado da queda das vendas e do aumento de custos com fornecedores, funcionários e bancos. É o maior volume de inadimplentes já registrado no setor produtivo, segundo a Serasa, dona do maior banco de dados de crédito do país. É mais um recorde da política econômica desastrosa da Dilma e do PT, com inflação sem controle, juros altos e carga tributária escandalosa.
Mesmo assim, a campanha de Dilma Rousseff não toma vergonha na cara e está remetendo uma carta pressionando as empresas a fazerem doações financeiras para a sua campanha. Os petistas são a favor do financiamento público de campanhas, mas por debaixo do pano praticam verdadeira extorsão contra o meio empresarial. Ninguém sabe, por exemplo, se a máquina do governo, em caso de negativa, não será colocada a perseguir quem não contribuiu. Fiscalização. Execução de dívidas. Cancelamento de contratos. Tudo é possível de acontecer quando se trata de um governo corrupto como este que aí está.
Segundo o jornal Valor Econômico, O comitê financeiro da coligação "Com a Força do Povo", integrada por nove partidos, enviou uma carta digital aos maiores empresários do país, em nome da presidente Dilma Rousseff, pedindo contribuição para a campanha à reeleição.
Um dos destinatários da correspondência disse ao Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor, que se sentiu "pressionado", ao receber um pedido de contribuição em nome da presidente da República. O comitê financeiro da coligação disse que a carta está em nome de Dilma porque ela é a candidata.
A carta causou constrangimento a quem a recebeu, também, porque chegou aos empresários no momento em que a campanha de Dilma desfechava duro ataque à proposta de autonomia do Banco Central, defendida pela candidata Marina Silva, do PSB, no qual é apresentada uma imagem depreciativa dos banqueiros - empresários, em geral, sentiram-se atingidos.
"Em nome da presidenta Dilma Rousseff, venho propor uma importante reflexão", diz a carta do comitê financeiro, que é assinada pelo tesoureiro oficial do comitê da reeleição, o deputado estadual Edinho Silva (PT-SP). Em seguida, destaca que a eleição presidencial "é um processo decisivo" para o futuro do país e diz que "nossa presidenta" é candidata à reeleição "com a convicção de que o Brasil avançou muito nos últimos 12 anos", nos governos dela e de Lula.
Feitas as apresentações, a carta diz que os governos de Lula e Dilma fortaleceram "um modelo sustentável de desenvolvimento que associou o crescimento econômico à distribuição de renda e à ampliação do crédito e do consumo", o que permitiu a construção de um "cenário favorável para a grande maioria das empresas", com destaques que se tornaram "referências no enfrentamento da grave crise econômica internacional".
Ao pedir doação, o comitê financeiro diz que a participação "ética e transparente" da iniciativa privada no financiamento das campanhas é um ato de "cidadania empresarial". A carta termina dizendo que a contribuição do destinatário, de "acordo com as normas legais", será "muito bem-vinda" e que a campanha quer ampliar "o número de empresas engajadas nessa prática de responsabilidade social".
O comitê financeiro da campanha de Dilma confirmou ao Valor PRO ter enviado as cartas digitais aos empresários. Informou também que iniciativas semelhantes foram adotadas pelo PT em campanhas passadas e que a carta é apenas uma das formas utilizadas para pedir doações.