sábado, 29 de junho de 2024

Celebração do dia da cidade de Ilhéus...

 Celebração do dia da cidade de Ilhéus...

Ilhéus completando 490 anos, neste dia 28 de junho de 2024. Parabéns!


Para matar a saudade...

Ilhéus é uma cidade

do sul da Bahia

e te digo, em verdade,

é uma "Ilha da fantasia"...

Cercada por rios e mar,

berço de selvageria

e, muito, romance e poesia...


Foi, ao mundo, apresentada

pelo escritor Jorge Amado

como a "Rainha do cacau"...

Do livro,  para o teatro...

Daí, radionovelas...  telenovelas...

E, na tela do cinema,

teve boa apreciação...

Rendeu bilheteria...

Sala cheia por, muitos, dias...

Com, grande, repercussão...


E, Ilhéus, firmou-se como referencial

com o turismo histórico-cultural e ecológico em expansão...


Ainda, é a capital da região do cacau.

Com porto, aeroporto

e comércio internacional.


Nas praias... as ondas vêm... as ondas vão...

Nos falam do além... Nos falam do aquém...


Tapuias, tupiniquins e tupinambás

estavam a se aglomerar

em distintas aldeias,

uns pra lá; outros, pra cá...

Aimorés e "botocudos" podemos destacar...

(Vide telas do pintor Gildásio Rodriguez)

Viviam em "pé-de-guerra"!

Todos, a se estranharem...


Quando, em caravelas e barcos...

Chegaram d'além mar,

"Caramurus" e "Anhangueras"...

Para essas terras desbravarem...


No tempo das Capitanias hereditárias...

D. João III, reinava em Portugal...

Quando, a terra dos índios, usurpada

pela Corte portuguesa, fora partilhada...


Os Donatários dessas Capitanias,

como eram chamados, esses,

"amigos do rei" que havia...

Tornaram a repartir a terra

entre, alguns, mais  "bem chegados",

concedendo-as por Sesmaria...


Alguns, dos tais Donatários...

Nem, aqui, pisaram os pés,

mas, sentiam-se donos da terra:

estava escrito num papel

e instituíam, a outros homens,

sua representação fiel.


Assim, aconteceu com São Jorge dos Ilhéus...


Jorge Figueiredo Correia,

Escrivão-mor da corte real,

fora designado Donatário dessa Capitania...

Em 1534.

Mas, não deixou o ambiente da corte.

Com pompa e luxo vivia...

Afinal, era escrivão!

Talvez, escrevesse poesias...


Eram 50 léguas de largura,

em faixa litorânea,

do sul da baía de todos os santos,

até, a foz do rio Jequitinhonha;

extensos, até, o limite

do Tratado de Tordesilhas.


Jorge Figueiredo Correia,

pois, para representá-lo,

nomeou, Capitão-mor,

o aventureiro espanhol,

chamado Francisco Romero.


Que, de imediato,

trazendo a fé católica,

instalou-se na ilha de Tinharé

(hoje, o Morro de Sâo Paulo).


Pouco tempo, depois,

descobriu mais ao sul,

alguns, ilhéus 

e uma baía na foz dos rios,

hoje, denominados:

Cachoeira, Santana e Fundão.


Para onde, em homenagem ao Donatário,

mudou-se em dia de... São Jorge!

Iniciou a povoação...


Hoje...

A caminho do Outeiro de São Sebastião,

lugar pioneiro de São Jorge dos Ilhéus;

às vezes, passo pela Rua Jorge Amado;

na calçada, artistas, expõem novos quadros;

no largo do teatro, enxadristas e capoeiristas

comungam o espaço 

com os fiéis que saem da catedral;

no Ponto Chic, a "pedida" é um sorvete de cacau...

Acarajé, abará, caruru, vatapá

e cocada, até, de maracujá...

No tabuleiro da baiana, tem!

Algodões doces, de todas as cores,

parecem flutuar entre o mar e o bar Vesúvio,

onde, uma atriz, fingindo ser Gabriela;

joga, da janela;

beijos para o "Pirilampo"...

Enquanto, na praça de táxi,

ouve-se um reagge em louvor a Jah...

O hip-hop d'O Quadro toca no bar...

Turistas fazem a festa...

Crianças e adultos comem pipoca...


Um poeta oferece versos...


Na cidade de Ilhéus...

Na Praia do Cristo,

o luxo e o lixo do cacau

flutuam, conforme a maré...

No bangalô do "Conde" Badaró,

o cão "Feroz", vigia, impassível;

possíveis incendiários...

Um cheiro de mato queimado

sobe o Outeiro de São Sebastião...

Enquanto, isso...

Na areia branca, cristalina...

Sereias e felinas,

exibem, seus rabos

e encantam incautos navegantes

entre o rio e o mar...


Paira a memória dos Tupiniquins...

Dizimados no Cururupe...

Vítimas de Mem de Sá aliado a Tupinambás

de Itaparica e Camamu...


Isso, nos idos de 1550 e tantos...


A lavoura açucareira era o esteio.

Foi o que se implantou primeiro...

Multiplicavam-se os roçados,

instalava-se Engenhos...

A extração do Pau-brasil,

tornara-se trabalho árduo...

A concorrência era acirrada...

Franceses, também, exploravam

e a madeira rareava...


A posse da terra, a princípio, foi fácil...

Depois, surgiram conflitos;

os colonos viviam aflitos,

com medo dos antropófagos...


Um tupiniquim foi morto

por colono intransigente.

Isso, causou, muito, desgosto

e revolta em toda gente...

Depois, sumiram colonos...

Engenhos, ficaram sem dono...

Roçados, foram queimados...

E, colonos, sitiados no outeiro da Vila...

(hoje, o Alto de São Sebastião)


Dizem que, acabados os mantimentos...

Havia, somente, laranjas

no suprimento e, os colonos, acuados,

estavam, já, desesperados com a situação...


A carne humana, 

purificada nessa dieta,

seria o "toque de mestre";

estaria no "ponto certo"

em antropofágico banquete...


Por, ideia corrente... Índios eram canibais...

Adoravam gente! Comiam inimigos em rituais...

O bispo, D. Pero Fernandes Sardinha,

que, em 1556, estabelecera a Vila como Freguesia,

nesse mesmo ano,

fora comido pelos Caetés...


Os reféns, pediram ajuda:

na calada da noite,

dois colonos romperam o cerco

e foram se queixar a Mem de Sá...

Então, governador-geral

que estava em Salvador, a capital.

Ademais, seria a oportunidade,

dele, pela primeira vez, visitar

a Sesmaria que a, ele, pertencia

e fazia açúcar no Engenho de Sant' Ana.

Ameaçada, por índios canibais...


E, Mem de Sá, veio preparado,

fortemente acompanhado

por  tupinambás de Itaparica e Camamu,

prontos para guerrar...

Mem de Sá trouxe aliados!

Tupiniquins foram acuados

e se lançaram ao mar, 

muitos, morreram afogados,

outros, foram massacrados

por guerreiros tupinambás...


Tingiram de sangue o mar,

Deitaram os corpos na praia,

dos mortos tupiniquins...

Tá tudo registrado,

em carta documentado

pelo, próprio Mem de Sá;

Na "batalha dos nadadores",

tupiniquins sofreram horrores...

E, colocados lado a lado,

os corpos dos derrotados,

estenderam na areia,

por mais ou menos, meia légua.


Os que sobreviveram,

foram escravizados,

obrigados a reconstruírem engenhos

e replantarem roçados...

Tornaram-se, com o tempo, resilientes...

E, em meio a nossa gente,

vivem, agora, miscigenados...

Alguns, não têm consciência,

e renegam essa indígena ascendência...

Apesar das aparências...

Já, não são os derrotados...


Assim, o Engenho de Sant'Ana prosperou,

à custa do trabalho escravo.

Tupiniquins e aimorés

eram os povos dominados.

Às vezes, ocorria um levante

ou a fuga dessa gente,

contudo, dez mil arrobas

de açúcar se produzia anualmente.


Paira na praia a memória ancestral...


Tapuias, tupiniquins, tupinambás e homens d'além mar...

Índios, brancos e negros...

Assim, deu-se a posse da terra e formação do nosso povo...

Com, muito, sangue e suor... Sobretudo, de índios e negros...


Paira na praia a memória ancestral...


Tapuias, tupiniquins, tupinambás e homens d'além mar...

Índios, brancos e negros...

Assim, deu-se a posse da terra e formação do nosso povo...

Com, muito, sangue e suor... Sobretudo, de índios e negros...


A escravização dos nativos, não foi bem sucedida...

Índios eram enganados e, pelos serviços prestados,

recebiam, em troca, miçangas, bugigangas

e "cachaça"...

Mas, também, utensílios agrícolas:

enxadas, machados, facões...

Por vezes, até, armas de fogo...

facas, punhais e adagas...

Pois, eram incentivados os conflitos intertribais...


Depois, chegaram os jesuítas,

que implantaram aldeamentos

 e reuniram diversas etnias,

descaracterizando os costumes 

e tradições indígenas... 


Ocorreram, muitos, levantes...

Índios, adentravam ao continente...

Infectados por estranhas doenças...

Sarampo, varíola, gripe...

Deram fim a, muitas, gentes...

as epidemias e doenças endêmicas,

proliferadas em novo ambiente...


Após, a morte de Mem de Sá, em 1572,

o Engenho passou por, vários, donos...

Mas, vale ressaltar o período da posse 

pelos padres Jesuítas entre 1618 e 1759.

Além, de implantarem  o algodão, o cacau, o arroz, 

a mandioca e, outros, cultivos de subsistência...

investiram na aquisição do elemento africano...

muitos, casamentos promoveram,

formando núcleos familiares

descendentes desses escravos estrangeiros.


Erigiram, muitas, benfeitorias...

principalmente uma olaria e serraria

e, com elas, moradias, beneficiadoras agrícolas

e, claro, a igreja de Sant'Ana,

uma das primeiras do Brasil.


"Reza" a lenda que, insistentemente,

a santa aparecia numa pedra,

no meio do rio e, devido a esse indício...

a igreja fora construída, o mais próximo possível

ao local da aparição. À beira do rio...

Existe, até, hoje.


No princípio de tudo,

neste novo mundo, 

o engenho de Sant'Ana,

foi o mais próspero empreendimento.

A vila de São Jorge dos Ilhéus,

apresentou notório desenvolvimento.


Compartilhado do grupo do WhatsApp: Expressaounica. Texto do poeta Ulisses Prudente 

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