Celebração do dia da cidade de Ilhéus...
Ilhéus completando 490 anos, neste dia 28 de junho de 2024. Parabéns! |
Para matar a saudade...
Ilhéus é uma cidade
do sul da Bahia
e te digo, em verdade,
é uma "Ilha da fantasia"...
Cercada por rios e mar,
berço de selvageria
e, muito, romance e poesia...
Foi, ao mundo, apresentada
pelo escritor Jorge Amado
como a "Rainha do cacau"...
Do livro, para o teatro...
Daí, radionovelas... telenovelas...
E, na tela do cinema,
teve boa apreciação...
Rendeu bilheteria...
Sala cheia por, muitos, dias...
Com, grande, repercussão...
E, Ilhéus, firmou-se como referencial
com o turismo histórico-cultural e ecológico em expansão...
Ainda, é a capital da região do cacau.
Com porto, aeroporto
e comércio internacional.
Nas praias... as ondas vêm... as ondas vão...
Nos falam do além... Nos falam do aquém...
Tapuias, tupiniquins e tupinambás
estavam a se aglomerar
em distintas aldeias,
uns pra lá; outros, pra cá...
Aimorés e "botocudos" podemos destacar...
(Vide telas do pintor Gildásio Rodriguez)
Viviam em "pé-de-guerra"!
Todos, a se estranharem...
Quando, em caravelas e barcos...
Chegaram d'além mar,
"Caramurus" e "Anhangueras"...
Para essas terras desbravarem...
No tempo das Capitanias hereditárias...
D. João III, reinava em Portugal...
Quando, a terra dos índios, usurpada
pela Corte portuguesa, fora partilhada...
Os Donatários dessas Capitanias,
como eram chamados, esses,
"amigos do rei" que havia...
Tornaram a repartir a terra
entre, alguns, mais "bem chegados",
concedendo-as por Sesmaria...
Alguns, dos tais Donatários...
Nem, aqui, pisaram os pés,
mas, sentiam-se donos da terra:
estava escrito num papel
e instituíam, a outros homens,
sua representação fiel.
Assim, aconteceu com São Jorge dos Ilhéus...
Jorge Figueiredo Correia,
Escrivão-mor da corte real,
fora designado Donatário dessa Capitania...
Em 1534.
Mas, não deixou o ambiente da corte.
Com pompa e luxo vivia...
Afinal, era escrivão!
Talvez, escrevesse poesias...
Eram 50 léguas de largura,
em faixa litorânea,
do sul da baía de todos os santos,
até, a foz do rio Jequitinhonha;
extensos, até, o limite
do Tratado de Tordesilhas.
Jorge Figueiredo Correia,
pois, para representá-lo,
nomeou, Capitão-mor,
o aventureiro espanhol,
chamado Francisco Romero.
Que, de imediato,
trazendo a fé católica,
instalou-se na ilha de Tinharé
(hoje, o Morro de Sâo Paulo).
Pouco tempo, depois,
descobriu mais ao sul,
alguns, ilhéus
e uma baía na foz dos rios,
hoje, denominados:
Cachoeira, Santana e Fundão.
Para onde, em homenagem ao Donatário,
mudou-se em dia de... São Jorge!
Iniciou a povoação...
Hoje...
A caminho do Outeiro de São Sebastião,
lugar pioneiro de São Jorge dos Ilhéus;
às vezes, passo pela Rua Jorge Amado;
na calçada, artistas, expõem novos quadros;
no largo do teatro, enxadristas e capoeiristas
comungam o espaço
com os fiéis que saem da catedral;
no Ponto Chic, a "pedida" é um sorvete de cacau...
Acarajé, abará, caruru, vatapá
e cocada, até, de maracujá...
No tabuleiro da baiana, tem!
Algodões doces, de todas as cores,
parecem flutuar entre o mar e o bar Vesúvio,
onde, uma atriz, fingindo ser Gabriela;
joga, da janela;
beijos para o "Pirilampo"...
Enquanto, na praça de táxi,
ouve-se um reagge em louvor a Jah...
O hip-hop d'O Quadro toca no bar...
Turistas fazem a festa...
Crianças e adultos comem pipoca...
Um poeta oferece versos...
Na cidade de Ilhéus...
Na Praia do Cristo,
o luxo e o lixo do cacau
flutuam, conforme a maré...
No bangalô do "Conde" Badaró,
o cão "Feroz", vigia, impassível;
possíveis incendiários...
Um cheiro de mato queimado
sobe o Outeiro de São Sebastião...
Enquanto, isso...
Na areia branca, cristalina...
Sereias e felinas,
exibem, seus rabos
e encantam incautos navegantes
entre o rio e o mar...
Paira a memória dos Tupiniquins...
Dizimados no Cururupe...
Vítimas de Mem de Sá aliado a Tupinambás
de Itaparica e Camamu...
Isso, nos idos de 1550 e tantos...
A lavoura açucareira era o esteio.
Foi o que se implantou primeiro...
Multiplicavam-se os roçados,
instalava-se Engenhos...
A extração do Pau-brasil,
tornara-se trabalho árduo...
A concorrência era acirrada...
Franceses, também, exploravam
e a madeira rareava...
A posse da terra, a princípio, foi fácil...
Depois, surgiram conflitos;
os colonos viviam aflitos,
com medo dos antropófagos...
Um tupiniquim foi morto
por colono intransigente.
Isso, causou, muito, desgosto
e revolta em toda gente...
Depois, sumiram colonos...
Engenhos, ficaram sem dono...
Roçados, foram queimados...
E, colonos, sitiados no outeiro da Vila...
(hoje, o Alto de São Sebastião)
Dizem que, acabados os mantimentos...
Havia, somente, laranjas
no suprimento e, os colonos, acuados,
estavam, já, desesperados com a situação...
A carne humana,
purificada nessa dieta,
seria o "toque de mestre";
estaria no "ponto certo"
em antropofágico banquete...
Por, ideia corrente... Índios eram canibais...
Adoravam gente! Comiam inimigos em rituais...
O bispo, D. Pero Fernandes Sardinha,
que, em 1556, estabelecera a Vila como Freguesia,
nesse mesmo ano,
fora comido pelos Caetés...
Os reféns, pediram ajuda:
na calada da noite,
dois colonos romperam o cerco
e foram se queixar a Mem de Sá...
Então, governador-geral
que estava em Salvador, a capital.
Ademais, seria a oportunidade,
dele, pela primeira vez, visitar
a Sesmaria que a, ele, pertencia
e fazia açúcar no Engenho de Sant' Ana.
Ameaçada, por índios canibais...
E, Mem de Sá, veio preparado,
fortemente acompanhado
por tupinambás de Itaparica e Camamu,
prontos para guerrar...
Mem de Sá trouxe aliados!
Tupiniquins foram acuados
e se lançaram ao mar,
muitos, morreram afogados,
outros, foram massacrados
por guerreiros tupinambás...
Tingiram de sangue o mar,
Deitaram os corpos na praia,
dos mortos tupiniquins...
Tá tudo registrado,
em carta documentado
pelo, próprio Mem de Sá;
Na "batalha dos nadadores",
tupiniquins sofreram horrores...
E, colocados lado a lado,
os corpos dos derrotados,
estenderam na areia,
por mais ou menos, meia légua.
Os que sobreviveram,
foram escravizados,
obrigados a reconstruírem engenhos
e replantarem roçados...
Tornaram-se, com o tempo, resilientes...
E, em meio a nossa gente,
vivem, agora, miscigenados...
Alguns, não têm consciência,
e renegam essa indígena ascendência...
Apesar das aparências...
Já, não são os derrotados...
Assim, o Engenho de Sant'Ana prosperou,
à custa do trabalho escravo.
Tupiniquins e aimorés
eram os povos dominados.
Às vezes, ocorria um levante
ou a fuga dessa gente,
contudo, dez mil arrobas
de açúcar se produzia anualmente.
Paira na praia a memória ancestral...
Tapuias, tupiniquins, tupinambás e homens d'além mar...
Índios, brancos e negros...
Assim, deu-se a posse da terra e formação do nosso povo...
Com, muito, sangue e suor... Sobretudo, de índios e negros...
Paira na praia a memória ancestral...
Tapuias, tupiniquins, tupinambás e homens d'além mar...
Índios, brancos e negros...
Assim, deu-se a posse da terra e formação do nosso povo...
Com, muito, sangue e suor... Sobretudo, de índios e negros...
A escravização dos nativos, não foi bem sucedida...
Índios eram enganados e, pelos serviços prestados,
recebiam, em troca, miçangas, bugigangas
e "cachaça"...
Mas, também, utensílios agrícolas:
enxadas, machados, facões...
Por vezes, até, armas de fogo...
facas, punhais e adagas...
Pois, eram incentivados os conflitos intertribais...
Depois, chegaram os jesuítas,
que implantaram aldeamentos
e reuniram diversas etnias,
descaracterizando os costumes
e tradições indígenas...
Ocorreram, muitos, levantes...
Índios, adentravam ao continente...
Infectados por estranhas doenças...
Sarampo, varíola, gripe...
Deram fim a, muitas, gentes...
as epidemias e doenças endêmicas,
proliferadas em novo ambiente...
Após, a morte de Mem de Sá, em 1572,
o Engenho passou por, vários, donos...
Mas, vale ressaltar o período da posse
pelos padres Jesuítas entre 1618 e 1759.
Além, de implantarem o algodão, o cacau, o arroz,
a mandioca e, outros, cultivos de subsistência...
investiram na aquisição do elemento africano...
muitos, casamentos promoveram,
formando núcleos familiares
descendentes desses escravos estrangeiros.
Erigiram, muitas, benfeitorias...
principalmente uma olaria e serraria
e, com elas, moradias, beneficiadoras agrícolas
e, claro, a igreja de Sant'Ana,
uma das primeiras do Brasil.
"Reza" a lenda que, insistentemente,
a santa aparecia numa pedra,
no meio do rio e, devido a esse indício...
a igreja fora construída, o mais próximo possível
ao local da aparição. À beira do rio...
Existe, até, hoje.
No princípio de tudo,
neste novo mundo,
o engenho de Sant'Ana,
foi o mais próspero empreendimento.
A vila de São Jorge dos Ilhéus,
apresentou notório desenvolvimento.
Compartilhado do grupo do WhatsApp: Expressaounica. Texto do poeta Ulisses Prudente
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