quinta-feira, 10 de março de 2011

LIBERE O FLATO


                                                           Por Ralph J. Hofmann

Até a década de setenta nossa maior preocupação quanto ao flato (chulamente conhecido por pum) era rezar para podermos liberá-lo silenciosamente para evitar vexame.Havia também a questão do cheiro. Este até mesmo influenciava nossa escolha de comida. Repolho era tipicamente um alimento gerador de flatos intensamente malcheirosos. E depois era um alimento que nos traia. 

Não adiantava falar do maravilhoso  “Steak Chateaubriand” que havíamos jantado se liberássemos um flato com cheiro água de vaso de flores que haviam passado da data de vencimento. 

Víamos aquele olhar no rosto do pessoal da mesa do bar:  “Este come repolho e arrota filé”.   Mais ou menos como o P.C. Farias andando em Maceió no verão num Galaxy com os vidros fechados  para fingir que tinha ar condicionado.

Mas o tempo passou e as coisas pioraram. Enquanto os vegetarianos e “vegan” nos diziam que só devíamos comer gramíneas, flores, grãos  e tubérculos, assim garantindo que nossos flatos fossem os mais olorosos já conhecidos no planeta, os arautos do aquecimento antropogênico nos alertavam para os males do gás metano liberado pelos rebanhos de animais de corte ou mesmo pelas ovelhas fornecedoras de fibras naturais em um processo de recurso renovável.

O gás metano é a parcela fedorenta de nossos flatos.
Ou seja, nós humanos e o gado de corte assim como o gado para leite ou suprimento de fibras, ao comer gramíneas e outros  produtos vegetarianos estaríamos intensificando a produção de metano. O gado que comíamos gerava metano ou nós mesmos o faríamos ao digerir alimentos vegetarianos.  Eu por uma prefiro a transferência via bife .

O mais interessante é que ninguém apareceu com uma invenção  como uma cueca com precipitador catalítico que evitasse que o metano fosse solto para o meio-ambiente. Talvez  por ser injusto para com os homens. Imagina o que seria do visual das mulheres. Abandonar as tanguinhas tão apreciadas pelos seus admiradores para poder acomodar um conversor catalítico.

Agora recebemos notícias alvissareiras. O metano é apenas 0,000001745% da atmosfera. Os gases expelidos pelos animais são apenas uma fração do total de metano na atmosfera.
Um  trabalho sobre a “methane question” publicado em Nature por uma equipe britânica liderada por Joy Singarayer da Universidade de Bristol esvaziou as rumorosas ameaças catastrofistas constatando que o aumento da percentagem de metano não tem a ver com o homem nem com a agropecuária.

“William Ruddiman, cientista da Universidade de Virginia, explicou em e-mail a Discovery News ter observado que nos registros dos últimos 800.000 anos, que incluem diversos períodos interglaciares cálidos, apontam uma tendência à diminuição do metano, enquanto que o Holoceno mostra um aumento. A era do Holoceno começou por volta de 10.000 anos atrás.

Apelando para o princípio tão abusado pelos ambientalistas segundo o qual “a explicação mais simples habitualmente é a melhor”, Ruddiman afirma ironicamente: “o Holoceno não é natural, mas antropogênico”.

À luz destes artigos podemos voltar a liberar nossos flatos sem culpa, exceto, naturalmente pelo aspecto social de pestearmos aquela reunião do conselho da empresa. Mas talvez alguém possa inventar um sistema para projetar os gases rumo à cabeceira da mesa, onde está aboletado o presidente do conselho.  Ele pode.

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