quarta-feira, 9 de julho de 2008

POESIA GRAPIÚNA

Itabuna Saudade...

(Aos 99 anos de Itabuna)

Ah! Minha querida Itabuna!
Do meu bairro Mangabinha
Da minha Vilazara
Do meu Cajueiro...

Das astutas prostitutas;
Do “café das Meninas!”...
Dos meus campos de futebol;
Da Jaqueira, Serraria e Bariri
Que saudade, tenho de ti!

Das donzelas na praça
Dos guardas vigiando a praça com raça
Sorrisos de graça!

Da imponência do Rio Cachoeira;
Dos jangadeiros e das lavadeiras;
Dos macucos, saracuras, graúnas e juritis...
Que saudade, tenho de ti!

Itabuna de José Bastos
De Firmino Rocha
De Telmo Padilha
De Plínio de Almeida
De Valdelice Pinheiro
De todos nós...

Hoje Itabuna do progresso
Da crença
Do avanço...
Das lembranças de outrora

Os poetas de saudade choram
Seu passado de glória
E aplaudem o teu futuro...

Itabuna de gente daqui, dali
De lá...
Que saudade tenho de ti!

Com licença Firmino Rocha;
Faça voltar o menino e o fuzil
Para dar um tiro na memória
De quem esqueceu a nossa história!




Adeus Cacau

Ontem,
Tortura física
“Parabelos” faziam a lei
do coronel dentro da terra
Na disputa do cacau...
O sangue jorrava, corria
Nos riachos cristalinos
Ao cantar dos pássaros
E do Jupará
Que nada cobrava na plantação
Do cacau!

Produto do bem!?
Produto do mau!?

Hoje
Tortura tecnológica
Tortura psicológica
O sangue transformou-se em fungo
E drogas
Os riachos de águas cristalinas
Inexistentes...
Não refletem mais a aurora!
Os pássaros já não cantam no horizonte
Dando vida aos campos...
Deram um tiro na razão...
E atraíram a ambição!
Adeus cacau!



Adeus Cachoeira

(Ao Rio Cachoeira, Itabuna)

As tuas margens desertas e tristes...
Minha infância retorna, e chora fria
Não vejo mais flores e nem pássaros!

No ar, o exalar do mau cheiro da dor..,
Garças sobrevoam o teu leito desfeito
Peixes borbulhando, balbuciando a vida
Tuas águas cristalinas não existem mais

Adeus rio do pescador e do jangadeiro!
Adeus rio da cidade, que te esqueceu!
Adeus rio dos versos dos poetas em sonho!
O progresso, uma peça te pregou no tempo!


Farsa

Falsos profetas igrejas adversas
Farsando o semelhante
Com o Livro Sagrado na mão!
E na cabeça outra opção...

Em nome da ambição
Da conversão...
Criou um “deus” quer curar
E enganar a fé de todos

Em cima de truques e peripécias
Espera construir um império
E dominar a nação
Sem choro e sem canção

Usando o nome do Senhor em vão
Acreditando que os inocentes
E profanos obterão a salvação...
Dentro de uma alçapão...



Abandono...

Chega a noite
O pivete sente
A falta de um lar...
No passeio das grandes avenidas
Faz sua cama intelectual
Com lençol de jornal
Que contou os fatos
Durante o dia...

O pivete dorme
Sonhando que é
Artista, cantor e poeta...
E que todos lhe dão amor

Coitado... coitado!
Apenas sonhou!

Voltou à realidade
E uma lágrima em seu rosto
Novamente rolou...

Silencio...

Quando a aurora
No fim de mais um dia
Aos poucos vai se entregando
A escuridão...

No crepúsculo do infinito
Antes da noite solitária
Sinto como sou insignificante
Diante da solidão

Mas o amor
Que carrego me aquece
E então me restabeleço
Na ausência de tua ausência

E caio na imensidão
Do silêncio
E choro a dor do meu coração
Sem canção.


Excluído...

Aos sem teto
Veio do pó
E para o pó retornou
igual ao vento...
igual a ti!
Não fez glória nem história
Livre, esquecido, não aquecido
Penou, pecou...
Sorriu, chorou...
Sem ser notado sumiu!
Passou... passou... sonhou!
Viu o brilho do sol e da lua
Das estrelas... o cantar dos pássaros
Do pó
Para o pó retornou
Foi tudo questão de lógica
Passou... passou!
E na horizontal se eternizou igual a todos
Só assim foi alguém no além
Mas, por aqui passou...Passou...Passou...

Joselito dos Reis
reislito@hotmail.com

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