Decadência ou mudança? Do rádio AM em
Itabuna
Nos anos 60,
décadas de 70, 80 e 90, o rádio AM de Itabuna teve a sua melhor fase, com
programas líderes de audiências e que dominavam todo o sul da Bahia, só
perdendo audiências, em algumas vezes, para a Rádio Globo do Rio de Janeiro e
Sociedade da Bahia, de Salvador.
Nessas
épocas com grandes apresentadores, além de competentes técnicos e empresários fortes, como: Paulo
Nunes, José Oduque, Marilene Céo, Otoni
Silva, Zildo Guimarães, Ger4son Souza, Hercilio Nunes e profissionais como: José Timóteo, Géis Aguiar, Alfa Santos (Dom Frugêncio), Plinio
de Almeida, Raimundo Osório do Couto Galvão,
Germano da Silva, Ariston Caldas, Antônio Brandão (Titio Brandão), Pedro Lemos,
José Lima Galo, Hélio Fernandes, Carlos Espínola, Davi Peixoto, Lourival
Ferreira, José Evangelista, Marfiso Cordeiro, Jorge Eduardo, Vily Modesto, Frei
Antônio da Costa Ribeiro, Ricardino Batista, Lucilo Bastos,
Nilson Andrade, Edvaldo Oliveira, Waldeny Andrade, Telmo Padilha, Iêdo Torres Nogueira, Geisel Sampaio, Edson Almeida, Robério
Menezes, Valter Barbosa, Mário Tito, Genildo Lavinsky, Ilton Oliveira, José Roberto, Vitor Emanuel, J.
Borges, Zé Hamilton, Milton Menezes, Carlos Fagundes, Eduardo José (Boneco), Nilson Rocha, Geraldo Santos,
Veloso, Odilon Pinto, Paulo Rogério, Gonzalez Pereira, dentre esses nomes e muitos outros, o
nosso radio era considerado um dos melhores da Bahia, exportando muitos
profissionais para Salvador e outras paragens do país. Na sua história (como
bem conta o comunicador Ramiro Aquino, no seu Livro “De tabocas a Itabuna: 100
anos de imprensa”).
A primeira
emissora a se instalar em nesta cidade, foi a rádio Clube. Teve como seus
fundadores o jornalista Otoni José da Silva e o agricultor Zildo Guimarães.
Emissora, que logo foi adquirida pelos padres capuchinhos, da congregação de
Santa Rita de Cássia. A segunda a chegar
foi a Difusora Sul da Bahia, pela Família Nunes, onde contava como líder, o
deputado estadual, Paulo Nunes. Logo em seguida, a Rádio Jornal de Itabuna,
instalada pelo empresário José Eduque Teixeira, que já contava com o Diário de
Itabuna. A nova rádio veio para transformar o rádio/jornalismo da época,
conseguindo o intento e, tida como modelo. A novidade era um moderno auditório
para apresentações e realizações de programas artísticos. Todas as três,
funcionavam em alto padrão, contratando profissionais previamente com testes de
voz e dicção. As emissoras contavam com
discoteques, departamentos de esporte, social e jornalismo. Na verdade, entre
elas havia uma grande competição, mas no bom sentido, com uma querendo ser
melhor do que a outra, para levar sempre o melhor para a população e, quem
ganhava, a melhor, com isso, era o próprio ouvinte.
Mas como
tudo muda! Nada é para sempre! No meado dos anos 90, com a queda de nossa
economia, no final dos anos 80, devido à praga da “vassoura de bruxa” que atingiu
todas as roças de cacau, de norte a sul, de oeste a leste, da lavoura cacaueira,
aliado a isso a chegada das emissoras de Frequência Modulado (FM), TVs, e logo a
intermete, as nossas rádios, não estavam preparadas para seguir o modelo. Sofrendo
pela falta de projetos visando o futuro, apesar de contarem na época com
organização administrativa e contratos com grandes empresas e instituições
como: Ceplac, CNPC, ICB, Sulba, e entidades de classes, com as mais influentes agências
de publicidades do sul do país e da capital do estado. Entre elas, Pereira de
Souza S/A, Radial S/A, Pequena Agencia etc.
Com a decadência
financeira, as emissoras que eram modelo em nossa cidade e região cacaueira, de
repente passaram a operar no vermelho e começaram a decair, principalmente para
manter os seus equipamentos técnicos e folha de pagamento. Por isso para sobreviverem passaram a
implantar o sistema de leiloar, ou vender os seus respectivos tempos, no final
dos anos 90, a qualquer um, mesmo que não fosse da área do rádio. As igrejas
protestantes, foram as primeiras, através dos seus bispos e pastores a usarem
essa oportunidade de compra do horário, para aumentarem as rendas de suas instituições
e, consequentemente, o número de fiéis. Viram aí, uma excelente saída “que caiu
do céu! ”. E começaram a investir forte nos seus programas, na maioria das
vezes plagiando milagres”. Usando essas horas para “pregar a palavra”, atraindo
fiéis de qualquer jeito, mesmo que para isso usassem o nome “Jesus” como se fosse
uma mercadoria, o que deu certo até os dias de hoje. Com isso, esses
protestantes passaram a dominar todos os setores da comunicação na região e no
Brasil. Ganhando muito dinheiro, na inocência
de muita gente humilde. Levando esse segmento religioso a ser uma das classes
mais rica do país. E, com isso, esses proprietários cheio de dinheiro adquiriram
muitos canis de rádio e TVs do pais. Dominam mercado!
Os
funcionários dessas emissoras; os verdadeiros profissionais, sem renda para
receberem os seus salários, passaram também a comprar “esses espaços” pela manutenção
da sobrevivência. E isso permanece até os nossos dias, até que uma solução
apareça. O que se vê no momento, é um caos em nossas
emissoras de rádios, funcionando, precariamente por falta de anunciantes; um
dia sim, outro dia não..., mas coroadas com uma linda história de seus
pioneiros. Mesmo que elas fechem as suas portas, nunca serão esquecidas pelo
seu grande público ouvinte, ou das gerações, que acompanham esse magnifico
trabalho, ao longo desse tempo. Tudo isso porque seus profissionais, premiam e
premiaram todos o seu grande público, com grandes reportagens, informação, musica,
cultura, história e amenidades, inseridos nos grandes e bem dirigidos programas,
inclusive, dos de auditório nos anos 60, 70 e 80, apresentados por Germano da
Silva, Edna Silva, Reminto Santos e o polivalente Titio Brandão, pois essa
história da nossa radiodifusão já está perpetuada na história de nossa cidade
de nossas mentes. O que não queremos
acreditar! No momento, existe um projeto do Governo Federal para que todas as
emissoras do país se adequem ao grande sistema da WEB.
Em Itabuna,
mesmo com toda a crise as emissoras já se adequaram a esse sistema, mas devido
a burocracia e a falta de recursos, faturamento e operando no vermelho, fica
difícil para essa arrancada. Mas, vamos
aguardar, que os seus proprietários encontrem uma saída, pois, reconhecendo os
seus esforços, dedicação, vamos ter um rádio sempre forte, na luta de alguns
abnegados, amantes do nosso rádio como: Orlando Cardoso, Ramiro Aquino, Nadilson
Monteiro, Carlos Barbosa, Costa Filho, Geraldo Rieiro, Marcelo Soares, Marcos Soares, Oziel Aragão, Cacá Ferreira, Valter Machado, Duda Polirodas, Jota Hage,
Son Gomes, Henrique Queiroz, Ribamar Mesquita, Jota Silva, Barroso, Valter
Machado, José Carlos (Motorzinho), e outros. Ainda acreditamos na volta por
ciam do nosso rádio.
Por isso,
neste momento, saudamos a todos com a celebre frase “Pobre Região Rica” do
saudoso sociológico Selem Rachid Asma, que saia o “pobre” e vamos comemorar “Região
Rica”. Não querendo desqualificar o pensamento do nosso saudoso amigo Selem,
que também contribuiu muito para o progresso de nossa comunicação, sendo um dos
primeiros apresentadores de televisão, das terras grapiúna, quando chegou nesta
região do cacau, a primeira emissora de televisão do interior do Brasil; a TV
Cabrália.
Que o nosso
rádio viva sempre e se fortaleça. Com a Luz de todos os nomes que aqui, in-memorem,
foram citados. Temos histórias.
Joselito dos Reis
Poeta e
jornalista