UMA VIDA NOS
FOI DADA, PORÉM, NÓS MESMOS É QUEM NOS SALVAMOS
Por – José Reis Chaves - Vamos aos assuntos dos comentários
sobre esta coluna no Portal de O TEMPO (www.otempo.com.br).
Aliás, inspiro-me muito nesse espaço dos comentários para fazer as minhas
matérias, espaço esse que já foi dito que é o maior fórum de religiões em
jornais da América Latina.
Kardec disse que não há ressurreição, mas reencarnação. É que, no tempo
dele, rigorosamente, entendia-se por ressurreição a do espírito junto com o
corpo, isto é, a do dogma da ressurreição da carne. E como Kardec não aceitava
essa ressurreição, ele completou dizendo que o que existe é a reencarnação. Mas pela Bíblia, a ressurreição é do espírito
com seu corpo espiritual ou períspirito (1 Coríntios 15: 44), sem, pois, o
corpo físico. Ressurreição essa que é no ‘mundo espiritual’ como a que
aconteceu com Jesus quando disse: “Pai, em vossas mãos entrego meu espírito.” Porém,
há também a ressurreição do espírito na carne, num corpo novo que nasce e não
no mesmo corpo da vida anterior, ressurreição essa que nós poderíamos até denominar
de ‘ressurreição-reencarnação’. E essa ‘ressurreição-reencarnação’ do espírito
num corpo novo é exatamente o que se entende por reencarnação tanto na Bíblia
como no entendimento de Kardec e de todo o mundo.
Há divergências na Bíblia. Para o maior biblista atual do mundo e membro
do Seminário de Jesus, o americano Bart D. Ehrman, autor de “O Que Jesus Disse?
O Que Jesus não Disse? – Quem Mudou a Bíblia e Por Quê”, a Bíblia tem cerca de
quatrocentas mil alterações. Tudo isso aconteceu para adaptá-la às doutrinas,
às vezes absurdas, surgidas entre os teólogos no decorrer dos séculos, o que é
causa da grande divisão existente entre os cristãos. E ainda há pessoas que
pensam que até uma vírgula na Bíblia foi ditada por Deus, dizendo que ela é
literalmente a palavra de Deus, o que é um dos grandes erros do judaísmo e do
cristianismo. A Igreja ensina hoje que a Bíblia é a palavra de Deus, mas
escrita por homens, os quais nunca são infalíveis!
Quando se diz que quem tem ‘fé’ em Jesus Cristo está salvo, a tradução
das palavras grega “pistis” e latina “fides” por ‘fé’ em português melhor seria
traduzida por ‘fidelidade’, ou seja, fidelidade a Deus e a Jesus, pois ‘fé no sentido
de crença’ em Deus e em Jesus até os espíritos maus a têm! Deixando, pois, bem
clara essa passagem bíblica, melhor a diríamos assim: Quem tem fidelidade a
Jesus e a Deus Pai salva-se.
Uma das grandes polêmicas entre os cristãos envolve o ensino de Jesus
segundo o qual nós mesmos é quem conseguimos a nossa salvação pelas boas obras
praticadas por nós: “A cada um será dado de acordo com suas obras” (Mateus 16:
27), enquanto que para são Paulo vale a doutrina de que a salvação é de graça,
doutrina essa muito comodista e que foi muito exaltada por Santo Agostinho e
Lutero, e que chamaríamos de “doutrina da preguiça”, e que é muito difundida,
hoje, entre alguns meios evangélicos.
Embora admiremos e respeitemos muito o apóstolo dos gentios, preferimos seguir
o ensino ou o evangelho do excelso Mestre, pois ele é tão importante para nós
que Jesus até deu sua vida para nós, ao decidir vir ao nosso mundo trazê-lo
para nós. É que somente com a vivência desse
ensino evangélico é que nós vamos fazer a parte que nos toca fazer, a fim de
que seja acelerada a nossa evolução espiritual e a consequente conquista da
nossa Salvação!
PS: Recomendamos “Adeus à Morte Sacrificial –
Repensando o Cristianismo”, de Meinrad Limbeck, Ed. Vozes, 2016.