Não existe compreensão para o que acontece no Sul da Bahia.Pergunto-me se o que a realidade mostra é consequência do êxito alcançado pelos pioneiros, que de maneira totalmente empírica e aventureira construíram a principal lavoura do Estado da Bahia?
Parece-me que esse êxito, que trouxe enormes riquezas, consolidou a crença de que maior do que esses pioneiros e seus descendentes, somente Deus. Eles se bastavam, fazendo prosperar o individualismo.
Os filhos e netos dos pioneiros foram criados nesse ambiente de certeza de uma riqueza que não acabaria nunca. Uma riqueza que vinha por inércia, sem a necessidade de qualquer esforço por parte deles.
Freud explica?
Nasceu e prosperou a sociedade sulbaiana, marcada pela acomodação e pelo desconhecimento das drásticas mudanças que estavam ocorrendo. Nem as crises cíclicas que anunciavam uma crise duradoura, fizeram com que abandonassem esse estado de letargia, deixando desassistidos também os trabalhadores rurais, a verdadeira força de trabalho que movia a lavoura de cacau.
No cenário em que vivemos hoje, com a nossa principal cultura assolada pela vassoura-de-bruxa, a sociedade sulbaiana tornou-se submissa, omissa, letárgica.
Nesse império da indiferença não se forjaram líderes e sem liderança, nossa capacidade de reivindicar ficou prejudicada. Quantas reivindicações justas se perderam em pequenos movimentos, esvaziados pela incapacidade de mobilização?
Persistiram, diante de tamanho esfacelamento, as disputas intestinais, a mesquinhez, onde nada progride por conta da notória falta de iniciativa, de espírito coletivo.
Mas, surge a esperança, trazida pelos jovens que já se manifestam, reivindicando e procurando resgatar a antiga mística que a nossa região detinha.
Mesmo sendo estigmatizada como terra de coronéis, de boêmios, de perdulários e de moças alegres/dadivosas, temos a certeza que a juventude vai nos levar a um novo caminho, pois não existe noite mais tenebrosa que não se acabe, fazendo surgir um belo dia.
Por:Helenílson Chaves
DiárioBahia
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