O chefe de cozinha Emiliano Santos Santana, 25, passou a última
semana internado no Hospital Couto Maia, por ter contraído leptospirose.
A rua onde mora, a Régis Pacheco, principal via do bairro do Uruguai,
teve um trecho interditado durante dez dias por moradores, bem em frente
à sua residência, devido a recorrentes alagamentos por água de esgoto.
A realidade do esgotamento sanitário em Salvador é precária para 430
mil habitantes, que não contam com destinação adequada do seu esgoto,
segundo dados da Empresa de Águas e Saneamento da Bahia (Embasa). É um
contingente maior que toda a população de Vitória da Conquista, terceira
mais populosa cidade baiana, com 306,8 mil pessoas.
O cenário tem ligação direta com índices relacionados à saúde
pública. Nos últimos 19 meses, houve uma morte por leptospirose a cada
bimestre na capital. Foram oito óbitos em 2011, e dois este ano - um no
bairro de Doron, em abril, e outro, em junho, no Nordeste de Amaralina.
Não à toa, no ano passado, dos 10.546 imóveis inspecionados, que
passaram por desratização, pela equipe de controle de zoonoses da
Secretaria Municipal de Saúde (SMS), em 12% (1.265) foi constatada a
presença de ratos (o próprio roedor ou rastros deixados por ele) e em
18% (1.898) havia esgoto a céu aberto nas proximidades.
“Salvador é considerada área de endemia. Nem vive uma epidemia, nem
está livre da doença”, afirmou a chefe do setor de informações de
zoonoses da SMS, Ana Galvão. Ela pontua que para um combate mais
efetivo da leptospirose - inclusive “melhor do que fazer a
desratização” - é controlar quatro fatores: “Água, alimento , abrigo e
acesso à residência”.
O controle de qualidade da água em Salvador está longe do ideal. O
gerente do Departamento de Adensamento de Bacias de Esgotamento
Sanitário da região metropolitana, Maurício Grossi, informou que na
cidade “nenhuma” das 28 bacias sanitárias tem “100% de cobertura” de
esgotamento sanitário.
Maurício não informou o percentual de cada bacia, mas disse que a
pior situação é encontrada naquelas localizadas no subúrbio. “Por esta
razão, as obras serão priorizadas para atender a essas áreas carentes,
sem infraestrutura”, afirmou o gerente.
Investimentos -
A Embasa promete investir. Segundo Maurício Grossi, até o início de
2014, serão realizadas 224 mil novas ligações, e instalados quatro
quilômetros de rede coletora, com verba de R$ 30,7 milhões, com o que se
promete elevar a cobertura dos atuais 83,8% (2,2 milhões de habitantes )
para 87% da população (2,32 milhões de pessoas).
As obras começaram no início deste mês, a exemplo do que ocorre com a
Rua 8 de Dezembro, no Uruguai. Serão feitas ligações domiciliares de
esgoto em todas as 28 bacias sanitárias.
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