terça-feira, 19 de abril de 2011

Procissão de Ramos inicia Semana Santa em Itabuna


Jesus no silêncio da crucificação
         As celebrações da Semana Santa em Itabuna serão iniciadas oficialmente neste domingo, dia 17, com a Solenidade da Bênção e Procissão de Ramos presidida pelo bispo diocesano, Dom Ceslau Stanula. A concentração dos fiéis será na Capela da Ação Fraternal de Itabuna (AFI), às 7 horas, de onde sairá a Procissão em direção à Igreja Catedral de São José.

Ainda no domingo (17), os fiéis poderão participar da Missa e Bênção de Ramos na Catedral, às 9h30min e às 18 horas. De acordo com a programação oficial, as solenidades terão sequência na segunda, terça e quarta-feira, com celebração da Santa Missa às 18 horas. O atendimento de confissões será feita na terça e quarta-feira, dias 19 e 20 a partir das 15h e às 19h, após a Missa.

Santos Óleos

A Missa da Unidade do Presbitério e da Sagração dos Santos Óleos, às 9h da quinta-feira (21), será um dos momentos marcantes na programação da Semana Santa. Nesta celebração, estarão reunidos ao junto ao bispo Dom Ceslau Stanula todos os sacerdotes, religiosos e religiosas espalhados por 32 paróquias e 20 município que integram a Diocese itabunense.

        A liturgia será marcada pela renovação dos votos sacerdotais, quando os padres atualizam as promessas de obediência e castidade à Igreja, representada na pessoa do bispo diocesano, e pela consagração dos óleos dos Catecúmenos, dos Enfermos e do Crisma, utilizados pela Igreja na administração dos sacramentos do Batismo, Unção dos Enfermos, da Crisma e da Ordem (ordenações sacerdotais).
Jesus sobe aos céus ao terceiro dia

Tríduo Pascal

         Ao cair da tarde da Quinta-Feira Santa, (21), em todas as igrejas paróquias da Diocese, terá inicio a celebração do Tríduo Pascal, que antecede a Festa da Ressurreição do Senhor – Domingo de Páscoa. Na Catedral de São José, a Missa Solene da Ceia do Senhor e do Lava-Pés está marcada para as 18 horas e será presidida pelo bispo Dom Ceslau. Nesta liturgia os fiéis católicos relembram a instituição da Eucaristia, do Mandamento Novo e o gesto de Jesus Cristo de lavar os pés aos seus discípulos. 

“Na Quinta-Feira Santa somos convidados a aprofundar concretamente o mistério da Paixão de Cristo. Por outro lado, o mesmo Jesus nos dá um testemunho idôneo da vocação ao serviço do mundo e da Igreja que temos todos os fiéis quando decide lavar os pés dos seus discípulos”, destaca Dom Ceslau. Após a Missa, a comunidade católica inicia o primeiro momento da vigília de adoração até a 00h. A partir deste horário a Juventude Missionária conduzirá a vigília até as 7 horas da Sexta-Feira Santa (22), quando farão a meditação da Via-Sacra.

Na Sexta-Feira Santa - único dia em que a Igreja não celebra Missa em nenhum lugar do mundo - a programação estará concentrada na Celebração da Paixão e Morte do Senhor, com a liturgia da palavra, oração universal, adoração do Cristo na Cruz e distribuição da Eucaristia. Na Catedral diocesana, o ato litúrgico começará às 16 horas. Em seguida, precisamente às 18 horas, os fieis participam da Procissão do Senhor Morto. 

De acordo com o pároco da Catedral, Moizés de Souza, neste dia a Igreja não está voltada para o de pranto e luto, mas traz à contemplação o sacrifício de Jesus, fonte de salvação para a humanidade. “A razão da nossa celebração é a morte vitoriosa de Jesus. Por isso o ponto central da Sexta Feira Santa não é a procissão do Cristo Morto, por mais que atraia um número expressivo de fiéis, mas a veneração da Santa Cruz”, elucida o padre.

Vigília Pascal

Encerrando o Tríduo Pascal, no Sábado Santo (23), após um dia dedicado ao silêncio e a contemplação, os católicos se reúnem em torno de uma fogueira do lado de fora da igreja para iniciar a Vigília Pascal. Essa é a celebração mais importante da Igreja por celebrar a vitória de Jesus sobre a morte. A celebração é dividida nas seguintes partes – benção do fogo novo, acendimento do Círio Pascal (simbolizando o Cristo Ressuscitado), liturgia da palavra, benção da água batismal e liturgia eucarística. Na Catedral de São José a Vigília começa às 20 horas.

As comemorações da Semana Santa serão encerradas no Domingo de Páscoa (24), com a celebração de três Missas Solenes – às 7h, às 9h30min (com as crianças) e às 18h. Em Itabuna, além da Catedral de São José, outras 13 paróquias devolveram atos litúrgicos da Semana Santa.


PROGRAMAÇÃO: 
Catedral de São José

Domingo de Ramos – 17/04/2011

07h – Concentração, Bênção e Procissão de Ramos
         Local: Ação Fraternal de Itabuna (saída com destino à Catedral)

07h30min - Missa do Domingo de Ramos na Catedral de São José
09h30min - Missa e Bênção dos Ramos com as Crianças
 18h - Missa e Bênção dos Ramos

Segunda-Feira Santa – 18/04/2011

18h - Missa

Terça-Feira Santa – 19/04/2011

15h - Confissão Auricular
18h - Missa
19h – Via-Sacra com a Escola Sagrado Coração de Jesus
            Confissão Auricular

Quarta-Feira Santa – 20/04/2011

15h - Confissão Auricular
17h - Via-Sacra
18h - Missa
19h – Confissão Auricular

Quinta-Feira Santa – 21/04/2011

09h - Solene Concelebração Eucarística da Unidade do Presbitério e Bênção       dos Santos Óleos
Tríduo Pascal da Paixão e Ressurreição do Senhor

18h – Missa da Ceia do Senhor: Lava-Pés e Instituição da Eucaristia
19h30min  - Vigília e Adoração ao Santíssimo Sacramento
00h00min – Vigília da Juventude até 07h  da Sexta-Feira Santa

Sexta-Feira Santa – 22/04/2011

09h - Confissão Auricular
14h - Confissão Auricular
16h - Celebração da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo
18h - Procissão do Senhor Morto

Sábado Santo –23/04/2011

10h - Confissão Auricular
20h – Solene Vigília da Páscoa: Bênção do Fogo, proclamação da Páscoa, Liturgia da Palavra, Bênção da Água Batismal, Renovação das Promessas do Batismo e Liturgia Eucarística.

Domingo de Páscoa – Ressurreição do Senhor – 24/04/2011

07h - Missa da Páscoa do Senhor
09h30min - Missa da Páscoa do Senhor com as Crianças
18h - Missa Solene da Páscoa do Senhor
 
Por: Erivaldo Bomfim
15-04-2011
 

Pesquisadora da UESC publica livro sobre plantio de espécies nativas da Mata Atlântica

Visando auxiliar na identificação de espécies de árvores freqüentes na Mata Atlântica da Região Sul da Bahia, a pesquisadora Michaele Pessoa com apoio do Instituto Cabruca, Instituto Biofábrica de Cacau, Conservação Internacional do Brasil e CEPLAC, a partir de pesquisas desenvolvidas pelo Jardim Zoológico de Antwerp - Bélgica em parceria com o IESB, está lançando o Livro Calendário Fenológico: Uma ferramenta para auxiliar no cultivo de espécies arbóreas nativas da Floresta Atlântica do Sul da Bahia, editado pela Editus, gráfica da UESC.  O mesmo contém informações e ilustrações do período reprodutivo de espécies nativas, além da indicação de seus períodos de floração e frutificação.
Na forma de guia de campo, o calendário, permite uma consulta rápida e objetiva, essencial ao cultivo dessas espécies, pois ele orienta na coleta eficiente de sementes, na produção de mudas e na utilidade ecológica e econômica das espécies, podendo ser utilizada em programas de reflorestamento e de silvicultura.
Segundo o Diretor Geral da Biofábrica, Henrique Almeida, o livro será de suma importância para auxiliar produtores e técnicos no cultivo de espécies nativas que serão utilizadas pela Biofábrica, CEPLAC e Instituto Cabruca para serem consorciadas com cacaueiros na implantação de programas de fomento florestal, como já ocorre com o Pau Brasil. A idéia é criarmos a estrutura necessária para estruturar programas em torno da linha de financiamento 'FNE Verde” e fazer do Sul da Bahia um grande pólo moveleiro de alto valor agregado e de baixo impacto ambiental, concluiu o Diretor.
Quem se interessar em adquirir a publicação poderá entrar em contato com o Instituto Cabruca nos telefones (73) 3633 6899 com Erick Cota, ou na Livraria da UESC no Centro de Arte e Cultura Paulo Souto.

Comitiva do Governo visita indústria de cacau em Ibicaraí


 Acompanhado do vice-prefeito Lula Sampaio, de secretários e assessores, o prefeito de Ibicaraí, Lenildo Santana, recebeu o  secretário de Desenvolvimento e Integração Regional, Wilson Brito, o superintendente do Sebrae-Bahia,  Edval Passos, prefeitos regionais, presidente da Associação Comercial e Empresarial de Itabuna (ACEI), Dr. Eduardo Fontes, vereadores e presidente de entidades regionais para visitar a Cooperativa de Agricultura Familiar da Bahia (COOAFBA), a primeira cooperativa familiar do Brasil, localizada na BR-415, em Ibicaraí.

O objetivo da visita foi observar o mecanismo de produção da fábrica para que além do aperfeiçoamento através do Sebrae que vai fornecer toda ajuda técnica para que o chocolate produzido seja comercializado nos mercados regional, da Bahia e do Brasil e possa também ser conhecido internacionalmente. 

O secretário de Desenvolvimento e Integração Regional do Estado da Bahia, Wilson Brito, disse que a fábrica de chocolate é importante para a região cacaueira. Afirmou que o governador Jaques Wagner tem interesse na sua consolidação. “Vamos viabilizar esse projeto no sentido de que o produto alcance o sucesso na comercialização regional, estadual, nacional e internacional. A partir do êxito do projeto vamos construir outras unidades no sul da Bahia”.

O diretor executivo da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), José Vivaldo Mendonça observou que Ibicaraí é um município importante no cenário regional e que está no caminho certo, procurando alternativas no momento de crise. “A fábrica de chocolate é uma ação que agrega valor ao cacau em amêndoa. O secretário, o governador, têm interesse no seu crescimento para que sirva de exemplo e que outras unidades sejam implantadas em outros municípios produtores de cacau”.

O superintendente do Sebrae na Bahia, Edval Passos alerta, que, embora faltem algumas ações para que o projeto seja consolidado o Sebrae está pronto para oferecer toda a cobertura no sentido que o produto seja certificado e com isso possa ser internacionalizado.

O presidente da Associação Comercial e Empresarial de Itabuna (ACEI), Dr. Eduardo Fontes parabenizou o prefeito Lenildo Santana pelo trabalho que vem sendo realizado junto à diretoria da cooperativa, incentivando, ajudando, procurando mecanismos para que o a seja agregado ao valor ao cacau e com isso outras cooperativas sejam implantadas na região cacaueira. “A ACEI está antenada com o que acontece na região”.

Por: jvc

 

segunda-feira, 18 de abril de 2011

A grande confusão

Por Miriam Leitão

A infraestrutura brasileira está perto do colapso. Falta tudo, inclusive o básico, o simples. As operadoras de celular prestam serviço cada vez pior. Os aeroportos entupidos e o descaso das companhias irritam brasileiros e desorientam os estrangeiros. O trânsito nas cidades é indescritível. Portos não funcionam. O governo investe errado. Basta sair de casa para ver.

Não é necessário mais um estudo do Ipea para saber que os aeroportos não ficarão prontos a tempo, basta circular. Eles permanecem congelados no tempo e nos problemas. Nem é pela Copa. É por nós e agora que eles precisam avançar. Joseph Blatter irritou as autoridades mas estava certo, e o governo agora usará o atraso como álibi para não cumprir os procedimentos em obras públicas. O PAC não era um supersistema gerencial que permitia ter o controle do andamento dos projetos?

Num país onde falta tudo, a maior obra de infraestrutura, que vai consumir mais da metade do orçamento para ferrovias dos próximos anos, é o polêmico trem-bala. Ele foi aprovado no Senado esta semana depois de um debate entre especialistas de diversas áreas. Foram desde o BNDES até especialistas independentes, com análises técnicas do projeto.

Ótimo momento para que os senadores entendessem em que estavam votando. Lá, foi dito que não há estudo de engenharia detalhado, portanto, não se sabe quanto a obra custará, de fato. O governo defende o absurdo de o Tesouro ser o garantidor de R$ 20 bilhões emprestados pelo BNDES. O Estado empresta, o Estado avaliza se o executor der o calote, o Estado será sócio, o Estado dará ainda um subsídio direto de R$ 5 bilhões. Tudo com o nosso dinheiro.

A ideia em si de uma ligação por trem-bala entre Rio e São Paulo é sedutora. O diabo está nos detalhes, principalmente nos que nós não conhecemos porque fazer uma obra em que haverá escavações de rocha e indenizações sem um estudo detalhado é uma insensatez. Mesmo assim, a relatora Marta Suplicy (PT-SP) apresentou um parecer favorável à obra no dia seguinte desse debate em que foram apresentadas tantas dúvidas técnicas.

Um detalhe revelador: a relatora não acompanhou o debate e a apresentação dos técnicos. Não se deu sequer ao trabalho de ouvir os riscos mostrados pelos especialistas sobre o assunto que relatou favoravelmente no dia seguinte.Comportamento diferente teve a oposição e certos senadores da base do governo que acompanharam com atenção o debate. Ricardo Ferraço (PMDB-ES) é um desses que faz parte da base do governo, mas que ouviu tudo e fez uma comparação interessante: com uma fração, não mais que 10% do preço atual do trem-bala, poderia ser feito no seu estado o que se quer há décadas: a dragagem do porto de Vitória.

Há oito anos, no começo do período Paulo Hartung, o governo estadual tentou fazer a dragagem e foi impedido porque tinha que ser uma obra federal. O governo federal disse que faria e não fez. Lá, só podem entrar navios pequenos, e na maré cheia. Isso num estado que quer tirar o melhor proveito de sua vocação logística.

Fiz um programa sobre turismo na Globonews tentando entender o que mais — além do câmbio desfavorável — atrapalha o turismo brasileiro, porque o país no ano passado teve déficit de US$ 10 bilhões na balança de turismo e nos primeiros dois meses deste ano o déficit está aumentando. Um país com tantas belezas e com atrações para todo o tipo de turismo, o que nos atrapalha?

André Coelho contou que a pesquisa de conjuntura de turismo que a Fundação Getulio Vargas faz com 80 presidentes de operadores de turismo acaba de mostrar aumento de faturamento no setor. Ele cresce puxado pelo aumento da classe C. Mário Moysés, da Embratur, disse que falta “conectividade”, poucos vôos ligam o Brasil aos países dos quais podemos atrair turistas. Há poucos aeroportos de chegada e os grandes estão superlotados. Numa pesquisa feita pela FIPE, turistas que deixavam o país reclamaram, entre outras coisas, da falta de algo fácil de resolver: falta sinalização que eles possam entender. O turista se sente perdido no Brasil.

Quinta-feira tive um dia desses típicos de qualquer brasileiro quando precisa circular pelas cidades em horas de pico e pegar voos de ida e volta. Saí muito mais cedo de casa, contando com o trânsito caótico. No caminho, fui trocando de celular porque a TIM e a Vivo têm cada vez mais pontos cegos na cidade e a ligação caia. O celular de Alvaro Gribel, que é da Oi, também não pegava ontem na casa dele. A internet banda larga cai com frequência. Tenho reclamado com a TIM há um mês, sem solução, porque para falar no celular eu tenho que sair de casa; dentro de casa não há cobertura. O motorista de taxi me disse que ouve o mesmo de todas operadoras.

Estamos retrocedendo.

No aeroporto, meu voo não aparecia na visor, o que me obrigou a ir duas vezes ao balcão de informação. Lá, soube de duas trocas de portão. Um estrangeiro se perderia, pensei. Quando cheguei à aeronave, um estrangeiro estava sentado no meu lugar. Fui conferir o bilhete dele e o assento estava certo mas ele estava num voo para Vitória, quando seu ticket era para Guarulhos.

Na volta, encontrei filas gigantes para táxi no aeroporto Santos Dumont. Fui salva por uma carona do professor Antônio Barros de Castro, que definiu tudo numa frase brilhante: “A China não sabe não crescer, e nós não sabemos crescer.”

Assim, cada vez mais caótico, tomando decisões insensatas e negligenciando tarefas simples, o Brasil aguarda os grandes eventos internacionais.

A herança maldita de Dilma

Carlos Alberto Sardenberg - O Estado de S.Paulo
 
Considerem os problemas com os quais o governo Dilma lida neste momento: inflação e juros altos; aeroportos e infraestrutura da Copa, tudo atrasado; entrada excessiva de dólares e real muito valorizado; comércio desequilibrado com a China. São heranças do governo Lula.

Claro que toda administração deixa coisas inacabadas para seu sucessor, mas trata-se aqui de algo mais. Em seu mandato, Lula não avançou um passo sequer no aperfeiçoamento do modelo econômico. E não foi capaz de ou não teve interesse em alterar as regras institucionais e o modelo de gestão que emperram as obras públicas no País. Curioso: Lula não aceitou as propostas econômicas mais à esquerda, mas também não embarcou totalmente na ortodoxia. Foi tocando uma coisa mista, deixando correr.

Poderia ter avançado - este é o ponto. Nos momentos de crescimento e com sua popularidade, o ex-presidente poderia ter ido à luta. Daria problema, é claro. Precisaria enfrentar interesses, mas deixaria um legado precioso. Preferiu, porém, apenas surfar na onda fácil.

Tome-se o modelo econômico. Lula tocou com o que recebeu de FHC, regime de metas, superávit primário, câmbio flutuante. O sistema funcionou para domar a inflação e trazer os juros reais para algo entre 5% e 6% ao ano. Considerando que vieram de níveis absurdos (20%), o resultado é mais do que positivo.

Mas já passou da hora de avançar e houve condições para isso. Poderia ter sido iniciado um processo de redução de meta de inflação, que Lula recebeu com 4,5% ao ano e entregou assim mesmo.

Nos países emergentes, essa meta está em torno de 3% e o Brasil precisa caminhar para lá. Só assim se poderia fazer uma reforma para eliminar o que resta de indexação na economia brasileira, aquele processo de correção automática de preços que joga para o futuro a inflação do passado.

Aliás, a presidente Dilma queixou-se dessa indexação algumas vezes. Mas o que fez? Endossou a regra definida na gestão Lula que indexa o salário mínimo, um fator dominante na economia, à inflação e ao crescimento passados. Essa indexação do mínimo, de sua vez, indexa outros salários e preços, tornando rígida a inflação.

Também há uma queixa generalizada com a dobradinha juros altos e dólar barato. Aqui houve uma mudança. No governo Lula, o Banco Central (BC) iniciou o processo de compra de dólares - no que seguiu os passos dos principais países emergentes.

Mas não foi uma providência que, digamos, antecipa mudanças estruturais. Foi inevitável. Havia sobra de dólares na praça, de modo que ou o BC os compraria ou a cotação da moeda americana cairia abaixo de R$ 1. E houve sobra de dólares por causa da explosão do comércio mundial e, em especial, da China, que se tornou nossa principal freguesa.

De novo, isso não resultou de uma ação deliberada da diplomacia brasileira. Simplesmente a China precisou de minério de ferro, soja e petróleo e foi atrás disso em diversos países. E o Brasil tinha em abundância.

Em resumo, acompanhamos a linha dos emergentes. Mas esses emergentes já ostentam metas de inflação e taxas de juros menores do que as nossas. Assim como investem mais. À exceção da China, todos têm moedas valorizadas, mas o real brasileiro é mais valorizado por causa dos juros altos.

Nada foi feito para atacar esse problema. Na turma de Lula, o pessoal mais à esquerda sempre pediu controle de capitais e uma espécie de comando para o BC baixar os juros na vontade. Lula não quis correr esse risco.

Mas também não fez nada na direção dos caminhos ortodoxos. Por exemplo: deixar o dólar flutuar para baixo, o que derrubaria a inflação e permitiria uma redução forte na taxa básica de juros.

No caso das contas públicas, Lula também não definiu lado. Muitos companheiros pediam para ele jogar fora essa coisa neoliberal de superávit primário e acelerar sempre o gasto público. Lula não se arriscou, de novo. Manteve a Lei de Responsabilidade Fiscal (que define o sistema de superávit), mas aceitou uma série de quebra-galhos e manobras contábeis para aumentar o gasto e apresentar um superávit falso, de valor menor que o anunciado.

Tudo considerado, o governo Lula não tomou qualquer providência substancial no caminho que é agora a prioridade máxima: como reduzir de modo consistente a taxa de juros. Reduzir a meta de inflação e desindexar são complementos.

E no que se refere ao bloqueio a investimentos? O ex-presidente chegou a identificar problemas. Reclamou dos bagres que atrasaram as usinas do Rio Madeira, do chimpanzé que bloqueou estradas. Mas não tomou nenhuma medida para aperfeiçoar o sistema de concessão de licenças ambientais. Ficou no quebra-galho, no caso a caso. Forçou, por exemplo, as licenças das Usinas de Jirau, Santo Antônio e Belo Monte, inclusive demitindo funcionários, mas o sistema que trava o processo está aí, parando milhares de obras pelo País afora.
E, mesmo naqueles casos em que o governo "arrancou" as licenças, pode escrever: ainda vai dar rolo na Justiça.

O ex-presidente reclamou do Tribunal de Contas. E aí? Procurou acertar um ou outro caso, mas sem mudar o modo de licitação, realização e fiscalização das obras públicas, que está notoriamente atrasado.

Ministros e outros funcionários disseram a Lula que, sem concessões privadas, as obras dos aeroportos não andariam. O ex-presidente não quis se arriscar com essa "privatização", optou por mudanças administrativas na Infraero, que simplesmente não aconteceram.

Dilma está começando do zero.

Pode-se dizer que ela tem parte da culpa, porque estava na gestão anterior, em posição de mando. É verdade. Mas quem mandava era Lula, dele dependia a tomada de qualquer medida substancial. E ele não tomou. Foi na onda. Agora, está tudo aí, mais complicado.
JORNALISTA
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Mais de 80% das pastagens do Sul da Bahia podem ser convertidas em Sistemas Agroflorestais com cacau

EX-MINISTRO DE BOLSONARO, JOÃO ROMA NESTE SÁBADO EM ITABUNA

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