Padaria Santa Fé localizada no Bairro da Conceição, pertencente
à família Vilas Boas, hoje supúnhamos que seja uma das mais antigas de Itabuna.
Nesse local, passei parte de minha infância no meados dos anos 60, trabalhando
dentro de um ambiente alegre e salutar, pois a Padaria se tratava de uma grande
família, liderada por seu proprietário Florisvaldo Vilas Boas.
Seus produtos de primeira qualidade, confeccionados pelos
padeiros: Adalberto, Alonso, João, Jesser, Evaristo e liderados pelo gerente do
estabelecimento (Seu Zequinha), que era o pai do nosso grande amigo Vicente Zoião,
atendiam todos os requisitos das centenas de clientes, não só do Conceição, mas
também do centro da cidade, onde um desses clientes era o empresário João
Atalla Haum. Com isso, longas filas a gente via na porta do estabelecimento
para adquirirem os deliciosos produtos da Santa Fé. Desse produtos, lembro-me,
das bolachinhas americanas, biscoitos palitos, paciência (confeccionada com
milho e ovos), o pão de milho, “que era de milho mesmo”. Ainda o seu pão
salvado, confeitados, as bolachas de coco e de farinha do reino (afofa toba!).
Esses últimos um dos produtos mais procurados... Acho por ter um preço mais popular, porém
muitos saborosos. Auxiliavam ainda a toda essa equipe, “Salário” e “Amaral”,
motoristas da empresa. Naquela época usava-se uma Rural e uma Pick-Jeep. Eu
ficava encantado com profissionalismo e alegria dos padeiros e ajudantes, como
eu, na produção das iguarias. Sentia-me orgulhoso em trabalhar com tanta gente
boa e compreensiva. “Era uma verdadeira família!”.
Após mais uma produção, chegava a nossa vez para fazer o atendimento externo,
com o “Seu Color”, um vendedor do pão de cesto na cabeça. Saía para vender seus
produtos e retornava com o cesto praticamente vazio. Na sua saída à rua, usava
uma passagem lateral, o que eu aproveitava, sem que a gerencia visse, para colocar
quatro ou cinco pães no seu cesto... Às vezes ele nem notava e o gerente nem
pra ver! Senão, poderia perder meu emprego! Fazia isso para ajudar a “Seu Color”,
já beirando os seus 80 anos. Ele morava próximo a Padaria, na Rua São Domingo,
hoje Rua Penalva de Farias. Tempos bons!
Assim que “Seu Color” saía, eu também ia fazer as minhas entregas
de pães e bolachas aos donos de vendas e quitandas, pela manhã e pela tarde.
Primeiro entregava aos estabelecimentos daquele Bairro, a maioria na Avenida Buerarema,
denominada hoje de Rua Hercília Teixeira, subindo a ladeira, seguindo até o
bairro de Zizo, local da minha última entrega na Olaria de “Seu Zé Gatinho”.
Para quem não sabe, era o Pai de Dalton Azeredo, que chegou a ser presidente da
CDL, em Itabuna e esposo de Dona dos Anjos. Todos já num lugar chamado eternidade.
Depois retornava para a entrega...
Imagine onde?! no Bairro Lomanto Júnior, na venda de Dona Alfa! Uma senhora alegre
e destemida que sempre me dava café, pois 6h, o pão tinha que chegar! Retornando
pela BR-101, entrega na venda do “Seu Henrique”, um senhor distinto de cor e
que gostava de brincar comigo, dizendo que “eu era um vencedor”. Gostava de
usar “roupas caque” e um chapéu de abas largas, assim como seu sorriso. Ainda, finalizando
a tarefa completava a entrega na venda do “Seu Elias” na rodagem de Itajuípe,
hoje Avenida, localizada em frente a casa do agricultor Nilton Ramos (Jega
Preta).
Com apenas 14 anos, essa foi uma das grandes passagens de
minha vida, após pegar carrego com carinho de mão e vender água no carote, sobre
lombos de animais. Água da Vila Zara e do Mutucugê! Quem tem boas lembranças vive duplamente. No momento,
sem que muitos deles, não podem me ouvir, pois já se encontraram num local
chamado eternidade. Faço em memória os meus agradecimentos, levando em consideração
que na Padaria Santa Fé, aprendi a ter dignidade e honraria de vida. Hoje o estabelecimento,
passando de pai para filhos, é comandado, por meu amigo de infância “Duda Vilas
Boas”. Agradecendo a Deus, por ter lembranças para contar, desejo sucesso a
todos que, agora, fazem o ambiente saudável da Padaria Santa Fé. De lá, só
carrego boas lembranças, onde também trabalharam meus irmãos: Jorge Luiz,
Josevaldo, Joelson dos Reis Santos e José Deraldo Filho (Alemão).
Da Padaria
Santa Fé, seguir e trabalhei na empresa Santa Efigênia, Box São José, no
Terminal Rodoviário Francisco Ferreira da Silva e, em seguida, enveredei pela
carreira jornalística. Quanto aos meus irmãos, Jorge Luiz, foi levado por Deus;
Joelson, juntamente com Alemão vivem em São Paulo, ambos empresários, e
Josevaldo se tornou um homem que prega a palavra de Deus e vive em Feira de
Santana. Sucesso a todos.
Joselito dos Reis
É poeta e jornalista
07.01.2020