Produto que faz parte da identidade cultural baiana e majoritariamente produzido pela agricultura familiar, o dendê deverá ganhar um programa voltado à recuperação e ao fortalecimento da sua cadeia produtiva no estado, especialmente na região do Baixo Sul. A decisão foi tomada durante a primeira reunião da Câmara Setorial do Dendê, realizada na manhã desta segunda-feira (10), em formato híbrido, na sede da Secretaria de Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura (Seagri), no Centro Administrativo da Bahia.
Durante o encontro, além da definição das diretrizes do programa, que contemplará ações voltadas à melhoria da qualidade do fruto, à preservação da produção artesanal e à valorização do azeite tradicional, também ocorreu a posse dos membros e a eleição da nova presidência. O cargo será ocupado por Eraldo Correia Santos, presidente da Coopasul (Cooperativa de Produtores Rurais e Agricultores Familiares de Valença e Território Baixo Sul da Bahia).
O secretário da Seagri, Pablo Barrozo, que participou de forma virtual, destacou a importância estratégica do dendê para a economia e a cultura do estado. “Hoje demos um passo significativo para o fortalecimento dessa cadeia produtiva. A criação da Câmara Setorial permitirá a elaboração de ações concretas para impulsionar a produção do dendê na Bahia. Desejo boas-vindas a todos os membros e um excelente trabalho conjunto”, afirmou.
O presidente eleito da Câmara, Eraldo Correia Santos, ressaltou que a produção do fruto vem enfrentando queda nos últimos anos, devido a fatores como o surgimento de pragas e a falta de sucessores na atividade. “Lutamos há anos pela criação desta Câmara, que agora nos permitirá avançar na formulação de políticas públicas voltadas ao fortalecimento do setor”, declarou.
O diretor de Desenvolvimento da Agricultura da Seagri, Assis Pinheiro Filho, destacou o caráter singular do dendê baiano. “O azeite produzido aqui carrega uma forte tradição cultural, é base da culinária de matriz africana e do trabalho das baianas do acarajé. Queremos fortalecer essa cultura, valorizando o sabor, o aroma e as características únicas do dendê da Bahia.”
A próxima reunião da Câmara Setorial do Dendê está marcada para 3 de dezembro, durante a Fenagro 2025, no Parque de Exposições de Salvador, na Avenida Luís Viana Filho (Paralela).
Câmara Setorial do Dendê
Instituída pela Portaria Estadual nº 26/2023, a Câmara Setorial do Dendê tem a missão de acompanhar, analisar e propor instrumentos de promoção do agronegócio, articulando o setor público, o privado e a sociedade civil. O colegiado conta com 33 instituições integrantes, entre elas a Seagri, Coopasul, Adab, Abam, Conab, Ufba, Sepromi, SDE, Bahiater, Faeb, Cooprocam, Unisol, Opalma e Ipac, além de associações quilombolas e de produtores familiares do Baixo Sul.
Cultura e tradição
O dendê é o fruto da Elaeis guineensis, palmeira originária do Golfo da Guiné, introduzida na Bahia no século XVII pelos povos africanos escravizados. O estado foi líder nacional de produção até a década de 1990, quando foi superado pelo Pará. O azeite de dendê, extraído da polpa do fruto, é um dos principais ingredientes da culinária baiana, presente em pratos típicos e rituais das religiões de matriz africana, além de ser utilizado em produções artesanais.
Entre as vertentes do programa estão o controle de pragas, adoção de novas tecnologias, assistência técnica, busca por Indicação Geográfica (IG), estudos de mercado para consumo interno e exportação, além da implantação de iniciativas de turismo rural.
Em 2024, a Bahia ocupou o terceiro lugar no ranking nacional de produção de dendê, com 40.720 toneladas. O desempenho foi impulsionado por municípios como Jaguaripe (14.711 t), Valença (6.744 t), Ituberá (4.584 t) e Taperoá (4.488 t). O Pará segue líder nacional, com mais de 3 milhões de toneladas, voltadas majoritariamente para o setor de biocombustíveis. Ascom/Seagri.




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