Falece Mãe Carmosina, aos 108 anos, liderança histórica da umbanda em Ilhéus
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Referência religiosa e dedicação à caridade
Completando 108 anos em 2025, Mãe Carmosina tornou-se uma liderança respeitada por moradores, seguidores e pela comunidade umbandista. Sua trajetória foi marcada pela firmeza espiritual, pela orientação aos fiéis e pelos inúmeros atendimentos de caridade que realizou ao longo da vida.
A religiosa acumulou homenagens importantes, entre elas o título de Cidadã Ilheense e reconhecimentos da Federação Nacional de Umbanda. Em diferentes ocasiões, seu trabalho também foi lembrado por instituições públicas e lideranças religiosas da cidade.
Infância marcada por desafios
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| Luz, Luz e luz... |
Raízes construídas em Ilhéus
Casada ainda jovem, mudou-se para Ilhéus na década de 1950. No Alto do Amparo, foi a primeira moradora e ergueu com as próprias mãos uma casa de palha e zinco, em terreno doado pelo então prefeito Pedro Catalão.
Trabalhou como lavadeira de ganho, conhecida pela habilidade em gomar camisas com parafina e passar ternos com ferro a brasa. Mais tarde, tornou-se feirante, vendendo mingau, café e cachaça aromatizada na antiga feira do Unhão e no tamarindeiro do Malhado.
O chamado religioso
Problemas de saúde e experiências espirituais a levaram a assumir o dom mediúnico que a acompanhava desde a infância. Após aceitar sua missão na umbanda, dedicou-se ao atendimento espiritual durante décadas — primeiro gratuitamente e, depois, cobrando pequenos valores orientados pela própria espiritualidade.
Em nome da missão religiosa, abriu mão da vida conjugal, permitindo que o marido construísse nova relação, cujos filhos ela também cuidou com carinho. A família cresceu e ela deixa dezenas de netos, bisnetos, tataranetos e filhos de santo espalhados pelo Brasil e pelo exterior.
Diálogo entre fé e tradição
Mesmo sendo uma das principais lideranças da umbanda na cidade, mantinha forte vínculo com o catolicismo. Frequentava missas no bairro, recebia padres e o bispo, e mantinha o terreiro Sultão das Matas ao lado da própria casa como espaço permanente de acolhimento.
O terreiro de candomblé liderado por sua filha, Conceição, representa a continuidade da tradição espiritual da família.
Legado
Respeitada por líderes de diferentes terreiros, defendia que cada casa tem sua forma de trabalho, mas todas se unem pela fé. Mantinha diálogo com autoridades e sempre defendia melhorias para o bairro do Malhado, sem nunca abrir mão da caridade:
“Se bate à minha porta, dou o que tiver — comida ou conforto espiritual”, dizia.
Mãe Carmosina deixa filhos, netos e bisnetos, além de um legado espiritual que permanecerá na memória da comunidade ilheense. Sua trajetória, marcada pela fé, resiliência e generosidade, seguirá inspirando futuras gerações..
Nota de pesar
Do- Expresssounica


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