quinta-feira, 20 de novembro de 2025

EDITORIAL – Tem coisas que só acontecem em Itabuna…

OS FEIANTES MERECEM RESPEITO!

A reconstrução da feira-livre do São Caetano — um patrimônio cultural e econômico de mais de 60 anos — deveria ser motivo de celebração. Afinal, trata-se de um dos maiores polos comerciais populares de Itabuna, onde gerações de famílias construíram seus negócios com muito trabalho, suor e dignidade. Mas, ao que tudo indica, o projeto de reforma que prometia modernidade está entregando, na prática, insegurança, prejuízo e indignação.

Nova feira, foto arquivo
Segundo relatos dos próprios feirantes, 90% deles não concordam com as decisões da administração municipal. E não se trata de um simples descontentamento: estamos falando de uma reabertura apressada, com boxes inacabados, empurrando para o trabalhador a responsabilidade — e o custo — da conclusão das estruturas. É justo exigir que quem já perdeu tanto ainda tenha que arcar com mais essa despesa?

Além disso, há decisões que beiram o absurdo. A mais comentada é a suposta proibição da venda de bebidas alcoólicas dentro da feira-livre. Medida sem fundamento, sem diálogo e que ignora completamente a realidade local. Pergunta simples: onde já se viu feira-livre sem uma cervejinha para acompanhar o almoço? Parece mesmo que certas coisas só acontecem em Itabuna.

Aspecto da Feira anterior 

Os feirantes relatam também que, durante o período de obras, tiveram prejuízos incalculáveis devido à perda de freguesia. Muitos, que haviam conquistado mais de um box ao longo de décadas de trabalho honesto, agora foram reduzidos a um único “cubículo”, como dizem, muito menor que seu espaço original. Uma perda não apenas de renda, mas de história.

E é preciso cuidado: quando se tenta impor restrições sem explicações, sem lei e sem diálogo, especialmente em setores populares, corre-se o risco de confundir política pública com moralismo. E, se por trás dessas decisões houver influência religiosa ou ideológica, isso seria, além de erro administrativo, violação de liberdade — um retrocesso inaceitável.

A feira-livre não é apenas um ponto de venda. É cultura, é convivência, é identidade. Decisões que impactam a vida de centenas de famílias devem ser tomadas com responsabilidade, transparência e respeito.

Como diz o jornalista e pensador Paulo Lima, “tem coisas que só acontecem em Itabuna”. Mas é preciso que a população, especialmente os feirantes, não aceitem passivamente que essas coisas continuem acontecendo.

A feira é do povo. E o povo merece ser ouvido.


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