QUE O DIREITO DO IDOSO SEJE RESPEITADO!
O Estatuto do Idoso e a própria Constituição Federal são claros: todo cidadão com mais de 65 anos tem direito garantido ao transporte coletivo urbano gratuito, bastando apresentar um documento pessoal com foto. Ainda assim, em cidades como Itabuna e Ilhéus, inúmeros idosos vêm sendo constrangidos diariamente por uma regra imposta pelas empresas de transporte — e, lamentavelmente, tolerada pelo poder público municipal: sem o cartão eletrônico, não entram no ônibus, mesmo apresentando a carteira de identidade.
Trata-se de uma prática ilegítima, desrespeitosa e atentatória à dignidade humana. Ao obrigar o idoso a possuir um cartão específico, criado e controlado pelas empresas, essas concessionárias criam uma barreira burocrática artificial que nada tem a ver com segurança do sistema ou controle de fluxo. É, na essência, uma forma de transferir ao idoso a responsabilidade operacional que deveria ser das empresas e do poder concedente.
O resultado é cruel:
- idosos barrados na catraca;
- humilhações diante dos passageiros;
- motoristas — que também são cobradores — expondo ainda mais o constrangimento;
- e a violação diária de um direito que não deveria sequer estar em discussão.
O Estado brasileiro envelhece. E envelhece sem que seus cidadãos sejam tratados com o mínimo respeito após uma vida inteira de trabalho. Não é aceitável que a mobilidade urbana seja negada a quem mais precisa dela — consultas médicas, farmácias, serviços essenciais, atividades sociais.
Por isso, é urgente que o Congresso Nacional e o Governo Federal assumam responsabilidade e tomem uma medida simples e definitiva:
que o acesso gratuito ao transporte seja validado pelo CPF, pelo RG ou pelo número do benefício, sem depender de cartões municipais controlados por empresas privadas.
Um sistema nacional, integrado e universal, acabaria de vez com o constrangimento e impediria que prefeituras ou concessionárias criassem “regras próprias” para dificultar a vida dos idosos.
Enquanto essa mudança não ocorre, cabe às autoridades locais — prefeitos, secretários e vereadores — fazer cumprir a lei já existente, garantindo que nenhum idoso seja impedido de entrar no ônibus por falta de um cartão eletrônico. A dignidade não pode ser refém de uma catraca.
O respeito começa onde termina o abuso.
E, neste caso, o abuso já passou da hora de acabar.
Foto: arquivo

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