Árvores tombam, artistas são silenciados e o Rio Cachoeira agoniza: o outro lado do ItaPedro 2025 em Itabuna
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| As árvores depenadas, a ambição... é maior! |
Nos preparativos para o evento, diversas árvores da Avenida Princesa Isabel e da praça do Parque Hugo Kaufmann, no bairro Banco Raso — local do ItaPedro — foram simplesmente depenadas ou arrancadas pela raiz. O que se vê são árvores feridas, troncos mutilados e a sombra que desaparece, justo em uma cidade onde o calor castiga e a natureza urbana já é escassa. Árvores que levavam décadas para crescer foram eliminadas em poucos minutos, sem qualquer transparência ou debate público.
Ao lado da estrutura da festa, o Rio Cachoeira, que corta a cidade, segue completamente poluído. Desde os anos 90, o rio recebe indiscriminadamente esgotos domésticos e industriais. Nenhuma ação efetiva foi tomada para sua revitalização, até o momento. Em vez de recuperar esse importante patrimônio ambiental e cultural, as autoridades optam por camuflar a realidade com luzes e som alto, ignorando que o maior espetáculo da cidade deveria ser o respeito à vida e ao meio ambiente.
Além disso, enquanto os investimentos públicos para o ItaPedro superam os milhões de reais, os artistas locais continuam sendo esquecidos. Nomes como Carlos Santal, Zé Lima e tantos outros músicos e compositores grapiúnas, mais uma vez não foram contemplados na programação oficial. Deixando de valorizar a riqueza artística da própria terra, optou-se por contratações de fora, muitas vezes com altos cachês, o que gera revolta e sensação de abandono entre os talentos itabunenses.
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| Av Princesa Isabel |
“Cortam árvores, desprezam quem canta a cidade com o coração, e ignoram um rio que clama por socorro. É isso que Itabuna oferece no São Pedro?”, questiona um morador da região.
A realização de festas populares é importante, sim. Mas é necessário que estejam alinhadas com políticas públicas sustentáveis, que respeitem o meio ambiente, a história da cidade e o seu povo. O ItaPedro pode ser uma grande festa, mas não pode continuar a ser palco de silenciamentos — nem de árvores, nem de artistas, nem do grito abafado do Rio Cachoeira, que corre esquecido, ao lado da festa, clamando por vida.
Fotos: Ciro Sales.



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