terça-feira, 23 de janeiro de 2024

Conselheiro do Tribunal de Contas é acusado de mandar matar Marielle

Ronnie Lessa delatou Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio

Conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, Domingos Brazão é acusado de mandar matar Marielle Franco. (Foto: Reprodução/redes

Do  - DIario do Poder - O acusado de assassinar Marielle Franco e Anderson Gomes, Ronnie Lessa, ex-PM, delatou Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro de ser um dos mandantes do atentado que matou a vereadora e o motorista em março de 2018, segundo informações de fontes ligadas ao Intercept Brasil. 

Lessa está preso desde de março de 2019 e fez acordo de delação premiada com a Polícia Federal. O acordo que entrega o nome de Brazão ainda precisa ser homologado pelo Supremo Tribunal de Justiça (STJ), por causa do foro privilegiado de Brasão por fazer parte do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, estado em que a vereadora foi morta. 

Segundo o advogado de Domingos Brazão, Márcio Palma não está sabendo dessa informação e disse também que tudo que sabe sobre o caso Marielle é pelo o que acompanha na imprensa, já que pediu acesso aos autos e foi negado com a justificativa que o Brazão não era investigado. 

A motivação 

Em entrevistas passadas com a imprensa, Domingos Brazão sempre negou qualquer envolvimento no crime. No entanto, o ex-filiado ao MDB, Brazão figurou entre os suspeitos do caso. Em 2019, chegou a ser acusado formalmente pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de obstruir as investigações. 

A principal hipótese para que Domingos encomendasse a morte de Marielle é vingança contra Marcelo Freixo, ex-deputado estadual pelo Psol, e atualmente presidente da Embratur, pelo PT. 

Ainda quando era deputado na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, Domingos Brazão entrou em disputas sérias com Marcelo Freixo (PT) e com quem Marielle Franco trabalhou por 10 anos até ser eleita vereadora, em 2016.

Domingos Brazão foi citado no relatório final da CPI das milícias, em 2008, presidida por Freixo, como um dos políticos liberados para fazer campanha em Rio das Pedras. Marcelo Freixo também teve um papel fundamental na Operação Cadeia Velha, deflagrada pela Polícia Federal em novembro de 2017, apenas cinco meses antes do assassinato da vereadora. 

Na ocasião, figuras fortes do MDB no estado foram presas, como os deputados estaduais Paulo Melo, Edson Albertassi e Jorge Picciani, que morreu em maio de 2021 em decorrência a um câncer na bexiga. 

Freixo defendeu a manutenção da prisão dos três deputados no plenário da Assembleia Legislativa. A Comissão de Constituição e Justiça da casa votou no dia 17 de novembro um relatório favorável à soltura dos deputados. Freixo enfatizou sua posição contrária aos colegas da Casa. 

Em maio de 2020, quando foi debatida a federalização do caso Marielle, a ministra Laurita Vaz, do Superior Tribunal de Justiça, informou que a Polícia Civil do Rio e o Ministério Público chegaram a trabalhar com a possibilidade de Domingos Brazão ter agido por vingança.

“Cogita-se a possibilidade de Brazão ter agido por vingança, considerando a intervenção do então deputado Marcelo Freixo nas ações movidas pelo Ministério Público Federal, que culminaram com seu afastamento do cargo de Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro”, diz o relatório da ministra.

“Informações de inteligência aportaram no sentido de que se acreditou que a vereadora Marielle Franco estivesse engajada neste movimento contrário ao MDB, dada sua estreita proximidade com Marcelo Freixo”, escreveu Vaz.

Brazão passou quatro anos afastado do cargo de conselheiro no TCE, após ser preso, em 2017, na Operação Quinto do Ouro, um desdobramento da Lava Jato no Rio de Janeiro, sob acusação de receber  propina de empresários. 

Ligação entre a milícia e o Brazão 

O Ministério Público retomou a analisar documentos e anexos do inquérito policial sobre a milícia em Rio das Pedras, na zona oeste do Rio. 

Esse grupo é suspeito de ter ligação com a família Brazão e também com o Escritório do Crime, de acordo com as investigações da Polícia Civil e do próprio MP. A família Brazão é um importante grupo político . Além do líder, Domingos, o clã é composto pelo deputado estadual Manoel Inácio Brazão, mais conhecido como Pedro Brazão, e Chiquinho, colega de Marielle na Câmara na época do assassinato.

Delações 

O  ex-policial militar Élcio de Queiroz, preso por participação na morte da vereadora do Psol, já havia feito uma delação em julho do ano passado. À Polícia Federal, ele confessou que dirigiu o carro durante o atentado que chocou o país. O crime aconteceu no dia 14 de março de 2018, no bairro de Estácio, centro do Rio de Janeiro.

Ex-policial do Bope, Ronnie Lessa foi condenado em julho de 2021 por destruir provas sobre o caso. Lessa, a mulher, o cunhado e dois amigos descartaram armas no mar, entre elas, a suspeita de ter sido usada no assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes.

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