Parte de minha infância:
“Lá vem a Maria Fumaça...”
No início dos anos 60, época em que cheguei a Itabuna,
procedente da cidade de Ibicaraí, com apenas seis anos de idade, ficava
encantado vendo a “Maria Fumaça” ou “Trem de Ferro”, passar para lá, passar pra
cá, vice e versa da cidade de Ilhéus. A sua garagem, localizava-se onde hoje
tem o edifício Vila Rica, junto funcionava um depósito de madeira e, ao lado, a
grande Feira-Livre, onde hoje está instalada a FTC e onde também funcionou o
Centro Administrativo, construído no início dos anos 70, pelo então prefeito, o
empresário José Oduque Teixeira. Hoje, depois de tantos anos já passados, parece
que em minhas lembranças de criança, estou sonhando com aquele meio de
transporte que tanto me encantou e achava deslumbrante. Circulando, soltando a
fumaça no ar, com o seu motor a vapor, queimando lenha da Mata Atlântica, mas
sem danos à Natureza. Com os trilhos cortando as lindas fazendas de cacau, os
nossos valorizados “frutos de ouro” e que fez esta região do sul
da Bahia, uma das mais rica do Brasil. Itabuna ou Ilhéus, com seus coronéis estavam
embaladas para um grande progresso, que foi interrompido pela Vassoura de
Bruxa, uma terrível doença do cacau e
trazida pela mão humana, segundo a perícia da Polícia Federal e, hoje, o
processo “dorme em berço esplêndido...”.
Além do povo, a mística “Maria Fumaça” também transportava os nossos
produtos: cacau, banana, jaca, etc. E,
mais uma vez, lá vem a “o trem”, cheia de gente para a Feira-Livre, com o seu
magnífico som, por cima dos trilhos... que
a gente cantava assim: “café com pão/ bolacha não/café com pão/bolacha
não...!”. Muito engraçado, mas levando e trazendo o progresso para esta
cidade.
A Maria Fumaça hoje se encontra assim no depósito de um Ferro Velho em Ilhéus |
A “Maria Fumaça” tinha como
ponto de partida, a cidade de Ilhéus passando por Ubaitaba, Uruçuca, Itajuípe,
Banco do Pedro (distrito de Ilhéus), Mutuns (distrito de Itabuna), onde se
localizava uma Estação e que foi jogada ao chão recentemente, até chegar a
nossa Itabuna. No entanto, o projeto era que o transporte, ou seja, a “Maria
Fumaça” chegasse até a cidade de Vitória da Conquista, o que ficou para depois
e nunca aconteceu...