Luiz
Couto na Câmara dos Deputados: Agassiz Almeida é uma lenda viva da nossa
história
Discurso pronunciado pelo deputado Luiz
Couto acerca da inauguração do “Memorial Agassiz Almeida pela UFPB”
Sr. Presidente, Sras, e Srs, Deputados. Muitos fazem história, outros
nos fazem ter memórias, mas existem aqueles que ficam marcados na história e na
memória, e em vida viram lendas.
Assim é a vida
de Agassiz Almeida, um homem simples, mas com um coração valente. Filho de
Antônio Pereira de Almeida e Josita de Amorim Almeida.
Em 1946, ingressou no
Colégio Pio XI, em Campina Grande, Paraíba, onde concluiu o ginásio. Parte da
sua infância e da adolescência ele viveu nos cariris de Barra de Santana, Boa
Vista e Cabaceiras, onde conheceu as comunidades dos quilombolas e a
discriminação que elas sofriam, fato este que começou a marcar a sua visão de
mundo.
No dia 29 de novembro
de 2016, Agassiz Almeida foi eternizado nos corações dos paraibanos. A
Universidade Federal da Paraíba inaugurou o Memorial Agassiz Almeida, que foi instalado no
prédio da antiga Faculdade de Direito da Paraíba, a qual abriga o acervo
literário, documental e político do ex-aluno e professor daquela instituição.
Agassiz Almeida foi eternizado pela UFPB, pelos paraibanos e pelo Brasil. É um
escritor que passou todas as adversidades da ditadura militar, desafiou o
coronelismo no cariri paraibano, não com armas, mais com a humildade, a
inteligência e a fé.
Por tudo isso, quero deixar
minha homenagem a este grande paraibano. O mais belo dom de Deus dado a Agassiz
foi o de fazer hoje pensar os que podem pensar. Eu tenho prazer em afirmar que
sou um discípulo deste grande homem. A luta que este formador de opiniões
pratica em prol dos direitos humanos me fascina e me faz acreditar que no
Brasil existem outros Agassizes que marcam e mudam o hoje para um novo amanhã.
Sr. Presidente, esta é
minha homenagem ao amigo e companheiro Agassiz Almeida.
Quero também agradecer à UFPB por essa brilhante iniciativa. Tenho certeza de
que esse acervo e memorial ajudarão muitas gerações a entender o que aconteceu
no passado e a lidar com os conceitos do futuro.
Envio daqui o meu abraço, aplaudindo de
pé essa lenda viva paraibana.
Era o que tinha a dizer.
O que representa o
“Memorial Agassiz Almeida”
Sou egresso das
gerações de 60 e 70 do século passado, que carregavam sonhos e indignações. O que elas aspiravam e
por quais causas lutavam?. Queriam transformar a sociedade humana de tão
abissais desigualdades sociais em que menos de 2% de privilegiados detem mais
de 70% da renda mundial, enquanto quase dois bilhões de pessoas se debatem nas
fronteiras da miséria e da ignorância.
Na década de 70 do
século passado, deixei o meu Recife e fui fazer doutorado em Economia na
Universidade de Paris, onde de lá, pude melhor conhecer o esforço dos povos por
sua libertação das garras do colonialismo e das botas do capitalismo selvagem.
De lá, conheci a
fibra dos resistentes contra a ditadura militar no Brasil, entre eles, lá
estavam, Leonel Brizola, Luis Carlos Prestes, Miguel Arraes, Gregório Bezerra,
Agassiz Almeida, Francisco Julião, Darcy Ribeiro e Paulo Cavancanti.
Ingressei nas lutas
em defesa dos povos subjugados por ditaduras tirânicas, como as da América
Latina, inclusive a do Brasil.
Um brado ecoou das
consciências livres: Libertas quae sera
tamen.
Contra aqueles que
esfarraparam as liberdades democráticas, levantei a minha voz, fazendo coro ao
imenso grito dos indignados da minha geração hoje corporificados historicamente
no “Memorial Agassiz Almeida”.
João Luiz Fonseca
Professor da
UFPB e doutor em economia pela Universidade de Paris
Divulgação dos
amigos de Luiz Couto e Agassiz Almeida