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Ponte dos Velhacos
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Ponte dos Velhacos |
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Ponte Goes Calmon |
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Barragem Rio Cachoeira |
Como
recordar é viver, quando as recordações são boas, dizem “vive duas vezes!”. Vamos falar um pouco sobre
a história da Ponte do Itororó. Eu estudava na Escola Humberto de Campos, um
beco sem saída, localizado no Bairro da Conceição, onde concluir a minha alfabetização,
logo após a ponte Góes Calmon (a mais antiga sobre o Rio Cachoeira). A escola
ficava localizada, entrando a direita de quem chega àquele tradicional Bairro,
de nossa cidade. Um dos primeiros a ser fundado (chamavam de Abissínias. O
porquê não se sabe...). Evoluiu muito porque se tratava de itinerário da
rodovia Itabuna/Buerarema (hoje BR-101). Por isso a rua passou a se chamar “Buerarema”,
hoje Hercília Teixeira.
Como o comércio
era fluente, principalmente na cabeceira da ponte, de um lado e do outro. Muitos
moradores do local compravam e penduravam as suas notas “no prego” ou “caderneta
de fiado”. Por esse motivo, a Ponte do Tororó, construída nos anos 40, passou a
ser chamada “Ponte dos Velhacos!”. Tratava-se de uma ponte estreita com largura
de um metro e meio, mais ou menos, construída com cimento e tabuas por cima das
pedras. Localizada próximo ao prédio “Espaço Cultural Professor Josué Brandão”,
onde funcionam a Biblioteca Pública e a Câmara de Vereadores de Itabuna, pelo então
prefeito Ubaldo Portos Dantas. Neste local, acima um pouco, no morro, nasceu
Itabuna (Livro de José Dantas de Andrade). Segunda a história, o “Morro da
Marimbeta”, que tinha uma ligação com a Ilha do Jegue (Firmino Alves, fundador
de Itabuna). Ilha, esta, que depois das grandes enchentes do Rio Cachoeira desapareceu,
devido à erosão. Dando lugar, assim, a “Passarela Ilha do Jegue”, construída
recentemente pelo Prefeito Fernando Gomes, acima da “Ponte dos Velhacos”. Essa
ponte, que está submersa, contam, entre várias versões, começou a ser usada vice/versa
pelas pessoas que faziam as compras nas vendas ou armazéns existentes nas
cabeceiras da Ponte Góes Calmon, que para fugirem do compromisso de não pagarem
as suas contas, usavam a Ponte dos Velhacos. Por isso, a denominação. Hoje submersa, tonou-se muito importante e
motivo de várias piadas e anedotas, devido dá acesso “aos velhacos”. Como citamos
antes, a localização correta das suas cabeceiras, localizavam-se, do antigo Sítio
do “Sr. Moraes”, hoje onde fica localizado o “Bar Latitude”, ligando, à Rua Moura
Teixeira. Após a construção da barragem para manter o leito do Rio perene nos
anos 60, a “Ponte dos Velhacos” que também foi denominada, no início, Ponte de
Tororó, se tornou submersa. A construção da Barragem ficou a alguns metros
abaixo. A Ponte dos Velhacos, construída nos anos 40, era um grande local de encontro
e usada pelos jovens para o lazer, onde muitos deles a usavam para tomar banho
no Cachoeira, quando se atiçavam de “ponta agulho” de um taboado; tipo trampolim,
localizado bem no meio da ponte. Se tratava de um dos poços mais fundos do Rio,
onde alguns jovens pagaram com a própria vida as suas peripécias, devido as
pedras... Com a ponte submersa, até os dias de hoje, os estudantes passaram a
usar a barragem. Naquela época das águas límpidas e cristalinas do Cachoeira.
Rio farto em peixe e crustáceos de várias espécies, o que alimentava muita
gente e hoje não se ver mais. Eu
mesmo em um desses banhos, com os meus colegas, bem na hora do recreio. O banho
estava tão bom que nós nos esquecemos do horário da aula. Chegando a escola,
que ficava em frente a Barragem. Fomos castigados por nossa professora,
conhecida como “Bibi”, viva até hoje graças a Deus e moradora do Bairro da
Conceição, próximo ao local. O castigo, fomos obrigados a escrever mil vezes
“Devo obedecer ao horário do recreio!”. E isso já na casa da minha
professora. Sei que sair de lá, umas
oito horas da noite, pra minha casa que ficava localizada no bairro vizinho
“Vila Zara”. Chegando em casa, vocês pensam que acaba por aí! Que nada... Meu pai e minha mãe já me esperavam com a taca
na mão! Imaginem... Mas, hoje agradeço
às minhas queridas professoras, WIlma, hoje em Salvador, e Bibi, moradora
histórica do Bairro da Conceição, meus pais e, principalmente, meus coleguinhas,
entre eles, Arnaldo, Mundinho, Cacau, Edvaldo, Canta Galo, Jabes, Joabes, Bené,
Edinho, Quintino, Pelé, Silvinha, Beto de Qelé, Edigarzinho, que morava em um
dos barracões que existiam próximo ao Posto Policial, que se tratava de uma
Viela. Edigarzinho, até da ponte Góes
Calmon, pula na correnteza, quando o Rio estava cheio. Belas lembranças.
Com
o progresso desenfreado, a Ponte dos Velhacos, mesmo submersa e a Barragem ainda
existem, hoje só tenho saudade das águas cristalinas e límpidas do meu Rio
Cachoeira, o rio da minha infância! Mas para mantar a minha saudade, ainda
trafego pela estreita Ponte Góes Calmon, que daqui a oito anos completará um
século de existência, pois foi inaugurada em 1º de Março de 1928, pelo cel.
Henrique Alves dos Reis. Ela merece, com isso, uma reforma! Foi a única saída
para o lado direito do rio, nas grandes enchentes. Sofri, mas tive uma infância
verdadeira e livre.
Joselito dos Reis
14.01.2020.