terça-feira, 3 de março de 2020

UM MERECIDO TRIBUTO AO ETERNO AMIGO JOSÉ ADERVAN

Uma grande lembrança que ficou!

UM MERECIDO TRIBUTO AO ETERNO AMIGO JOSÉ ADERVAN
Como todo o sergipano que se preza, José Adervan de Oliveira, ainda menino, teve a oportunidade de vir ao Sul da Bahia, terra onde fincou raízes – após uma breve estada em Alagoinhas. Ao chegar em Itabuna nos idos de 1951, num “pau-de-arara” (transporte em caminhões), ainda com nove anos de idade, se deslumbrou com a cidade, diferente de sua
terra natal, Boquim. Foi como viver o velho e surrado ditado popular: “vim, vi e venci”.
E venceu de verdade, lutando com todo o esforço do sertanejo ao chegar nas terras do cacau, cantada em prosa e verso pelos costumes, oportunidades de trabalho decorrentes da região rica e que chove o ano inteiro. Não deixou por menos e agarrou a todas as oportunidades oferecidas, trabalhando o dia todo desde menino e estudando à noite para
aprender a ser alguém na vida, como queriam seus pais.

Trabalhou, estudou, fez amigos. A bem da verdade, não dá pra precisar quantos, mas pelas minhas contas, aos 74 anos tinha uma grande legião de amigos que ultrapassava as fronteiras de Itabuna e se perpetuava pela grande nação grapiúna. Operário gráfico, bancário, jornalista, radialista, economista, professor universitário, empresário da comunicação, Adervan influenciou mais de uma geração. 
Neste 3 de março – com certeza – os amigos estariam ao seu lado comemorando os 78 anos. Não poderão vê-lo fisicamente, mas festejarão seu aniversário com muita alegria, como ele gostava. E não é pra menos. Nunca economizou em construir amizades, bastava um bom papo, lembrança de uma boa música, política, desenvolvimento regional (afinal era economista), uma boa e farta mesa…
Se os interlocutores eram amantes do futebol a conversa se estendia por horas a fio. Se fosse sobre o esporte amador, o Itabuna Esporte Clube, destacava os craques, as grandes jogadas. Se o distinto também fosse torcedor do Flamengo – como ele – não tinha hora para acabar. Sua paixão pelo rubro-negro carioca era tão especial que não agendava
compromisso para os dias de jogos, assistidos em casa, pela televisão. Pena não poder dispensar sua atenção ao Flamengo atual para ganhar as apostas de almoços e jantares do botafoguense Robson Nascimento.
Pai de família exemplar, tratava sua mulher (Ivone) e as filhas (Roberta, Andréa e Fernanda, e os netos com todo o carinho, mesmo tratamento que dispensava aos irmãos e parentes. Herdou essa tradição dos antepassados sergipanos, que formavam uma grande família não importando o grau de parentesco e sim a estima e consideração trocada entre eles.
Apesar de sua tranquilidade (para alguns, mansidão), Adervan era um homem determinado e se lembrava com orgulho das vitórias colecionadas desde menino, com as conquistas na área da educação formal e familiar, além da profissão. Sabia liderar sem impor e demonstrou essa virtude ao se eleger presidente da União dos Estudantes Secundaristas de Itabuna (Uesi), tornando-a uma entidade viva, efervescente.
Conquistou o sonhado emprego no Banco do Brasil, onde se aposentou, mas não conseguia “desgrudar” da comunicação, onde começou se manifestar por meio do esporte, outra paixão. Escreveu para jornais, criou revistas, fundou – junto com o colega Ramiro Aquino – o jornal Agora, transformando-a numa instituição regional, onde mais serviu do que foi servido.
De sua tribuna, Adervan dedilhava a máquina de escrever e, posteriormente, o notebook, na elaboração da Coluna Livre, na qual defendia os interesses econômicos, políticos e sociais da chamada Nação Grapiúna. Comprou brigas homéricas com poderosos e aproveitadores, sem a mínima preocupação com os possíveis resultados. A defesa da
região era só o que importava.
Para muitos, Adervan seria um dos “poderosos” da imprensa, título que pouco lhe importava, acostumado que era em defender ideais, daí o conceito positivo do jornal Agora na sociedade regional. Candidato a prefeito de Itabuna, não utilizou o Agora como boletim ou panfleto de campanha, pois os espaços eram divididos entre os candidatos que
produzissem mais fatos e ações. Nem tocava nesse assunto ao abrir o Agora e não encontrar uma só nota de sua campanha, precária em relação aos recursos financeiros.

Colecionava amigos, às vezes não importando a correspondência e recebia a todos como o grande anfitrião que sempre foi, em sua casa ou nas noites de sexta-feira, quando transformava seu escritório num dos ambientes mais aconchegantes. Por ali desfilavam políticos das mais diversas patentes, jornalistas dos mais diferentes veículos, líderes
comunitários, funcionários e mais quem chegasse.
Como bom anfitrião, na noite de quinta-feira incumbia o repórter fotográfico Waldyr Gomes de providenciar os melhores cortes bovinos – dois pelos – para o dia seguinte. Um olho na churrasqueira e outro na máquina, Waldyr dava conta dos dois recados com maestria, providenciando, ainda, cerveja bem gelada. Já a boa cachaça era parte do seu interminável e generoso estoque.
Se José Adervan continua vivo na lembrança dos milhares de amigos que construiu ao longo dos anos é porque soube conquistá-los e conservá-los ao lado do peito, desde os tempos de menino. Do mesmo modo em que vibrava com as grandes manchetes do Agora, demonstrava sua satisfação em ter a casa cheia ou pelos feitos memoráveis ao juntar esforços para transformar a Associação Atlética do Banco do Brasil (AABB de
Itabuna) no maior clube da cidade, onde se apresentavam seus grandes ídolos musicais.

Difícil mesmo é não conseguir verter sem repetições um texto com passagens de José Adervan de Oliveira, merecedor de um grande livro para contar parte de sua história, com a finalidade de mostrar a atual e próximas gerações a história de um homem que desempenhou com galhardia sua missão neste planeta terra. Enquanto isso, faz bem
lembrar as boas histórias em tivemos o privilégio de fazer parte.
Por - Walmir Rosário

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