quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Parte de minha infância:


A Ponte dos Velhacos
Ponte dos Velhacos
Ponte Goes Calmon


Barragem Rio Cachoeira 
Como recordar é viver, quando as recordações são boas, dizem  “vive duas vezes!”. Vamos falar um pouco sobre a história da Ponte do Itororó. Eu estudava na Escola Humberto de Campos, um beco sem saída, localizado no Bairro da Conceição, onde concluir a minha alfabetização, logo após a ponte Góes Calmon (a mais antiga sobre o Rio Cachoeira). A escola ficava localizada, entrando a direita de quem chega àquele tradicional Bairro, de nossa cidade. Um dos primeiros a ser fundado (chamavam de Abissínias. O porquê não se sabe...). Evoluiu muito porque se tratava de itinerário da rodovia Itabuna/Buerarema (hoje BR-101). Por isso a rua passou a se chamar “Buerarema”, hoje Hercília Teixeira. 
Como o comércio era fluente, principalmente na cabeceira da ponte, de um lado e do outro. Muitos moradores do local compravam e penduravam as suas notas “no prego” ou “caderneta de fiado”. Por esse motivo, a Ponte do Tororó, construída nos anos 40, passou a ser chamada “Ponte dos Velhacos!”. Tratava-se de uma ponte estreita com largura de um metro e meio, mais ou menos, construída com cimento e tabuas por cima das pedras. Localizada próximo ao prédio “Espaço Cultural Professor Josué Brandão”, onde funcionam a Biblioteca Pública e a Câmara de Vereadores de Itabuna, pelo então prefeito Ubaldo Portos Dantas. Neste local, acima um pouco, no morro, nasceu Itabuna (Livro de José Dantas de Andrade). Segunda a história, o “Morro da Marimbeta”, que tinha uma ligação com a Ilha do Jegue (Firmino Alves, fundador de Itabuna). Ilha, esta, que depois das grandes enchentes do Rio Cachoeira desapareceu, devido à erosão. Dando lugar, assim, a “Passarela Ilha do Jegue”, construída recentemente pelo Prefeito Fernando Gomes, acima da “Ponte dos Velhacos”. Essa ponte, que está submersa, contam, entre várias versões, começou a ser usada vice/versa pelas pessoas que faziam as compras nas vendas ou armazéns existentes nas cabeceiras da Ponte Góes Calmon, que para fugirem do compromisso de não pagarem as suas contas, usavam a Ponte dos Velhacos. Por isso, a denominação.  Hoje submersa, tonou-se muito importante e motivo de várias piadas e anedotas, devido dá acesso “aos velhacos”. Como citamos antes, a localização correta das suas cabeceiras, localizavam-se, do antigo Sítio do “Sr. Moraes”, hoje onde fica localizado o “Bar Latitude”, ligando, à Rua Moura Teixeira. Após a construção da barragem para manter o leito do Rio perene nos anos 60, a “Ponte dos Velhacos” que também foi denominada, no início, Ponte de Tororó, se tornou submersa. A construção da Barragem ficou a alguns metros abaixo. A Ponte dos Velhacos, construída nos anos 40, era um grande local de encontro e usada pelos jovens para o lazer, onde muitos deles a usavam para tomar banho no Cachoeira, quando se atiçavam de “ponta agulho” de um taboado; tipo trampolim, localizado bem no meio da ponte. Se tratava de um dos poços mais fundos do Rio, onde alguns jovens pagaram com a própria vida as suas peripécias, devido as pedras... Com a ponte submersa, até os dias de hoje, os estudantes passaram a usar a barragem. Naquela época das águas límpidas e cristalinas do Cachoeira. Rio farto em peixe e crustáceos de várias espécies, o que alimentava muita gente e hoje não se ver mais. Eu mesmo em um desses banhos, com os meus colegas, bem na hora do recreio. O banho estava tão bom que nós nos esquecemos do horário da aula. Chegando a escola, que ficava em frente a Barragem. Fomos castigados por nossa professora, conhecida como “Bibi”, viva até hoje graças a Deus e moradora do Bairro da Conceição, próximo ao local. O castigo, fomos obrigados a escrever mil vezes “Devo obedecer ao horário do recreio!”. E isso já na casa da minha professora.  Sei que sair de lá, umas oito horas da noite, pra minha casa que ficava localizada no bairro vizinho “Vila Zara”. Chegando em casa, vocês pensam que acaba por aí! Que nada...  Meu pai e minha mãe já me esperavam com a taca na mão! Imaginem...  Mas, hoje agradeço às minhas queridas professoras, WIlma, hoje em Salvador, e Bibi, moradora histórica do Bairro da Conceição, meus pais e, principalmente, meus coleguinhas, entre eles, Arnaldo, Mundinho, Cacau, Edvaldo, Canta Galo, Jabes, Joabes, Bené, Edinho, Quintino, Pelé, Silvinha, Beto de Qelé, Edigarzinho, que morava em um dos barracões que existiam próximo ao Posto Policial, que se tratava de uma Viela.  Edigarzinho, até da ponte Góes Calmon, pula na correnteza, quando o Rio estava cheio. Belas lembranças.
Com o progresso desenfreado, a Ponte dos Velhacos, mesmo submersa e a Barragem ainda existem, hoje só tenho saudade das águas cristalinas e límpidas do meu Rio Cachoeira, o rio da minha infância! Mas para mantar a minha saudade, ainda trafego pela estreita Ponte Góes Calmon, que daqui a oito anos completará um século de existência, pois foi inaugurada em 1º de Março de 1928, pelo cel. Henrique Alves dos Reis. Ela merece, com isso, uma reforma! Foi a única saída para o lado direito do rio, nas grandes enchentes. Sofri, mas tive uma infância verdadeira e livre.

Joselito dos Reis
14.01.2020.                                                  

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