terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Padaria Santa Fé: Raízes da minha infância


Resultado de imagem para fotos joselito dos reis, ItabunaPadaria Santa Fé localizada no Bairro da Conceição, pertencente à família Vilas Boas, hoje supúnhamos que seja uma das mais antigas de Itabuna. Nesse local, passei parte de minha infância no meados dos anos 60, trabalhando dentro de um ambiente alegre e salutar, pois a Padaria se tratava de uma grande família, liderada por seu proprietário Florisvaldo Vilas Boas.

Seus produtos de primeira qualidade, confeccionados pelos padeiros: Adalberto, Alonso, João, Jesser, Evaristo e liderados pelo gerente do estabelecimento (Seu Zequinha), que era o pai do nosso grande amigo Vicente Zoião, atendiam todos os requisitos das centenas de clientes, não só do Conceição, mas também do centro da cidade, onde um desses clientes era o empresário João Atalla Haum. Com isso, longas filas a gente via na porta do estabelecimento para adquirirem os deliciosos produtos da Santa Fé. Desse produtos, lembro-me, das bolachinhas americanas, biscoitos palitos, paciência (confeccionada com milho e ovos), o pão de milho, “que era de milho mesmo”. Ainda o seu pão salvado, confeitados, as bolachas de coco e de farinha do reino (afofa toba!). Esses últimos um dos produtos mais procurados...  Acho por ter um preço mais popular, porém muitos saborosos. Auxiliavam ainda a toda essa equipe, “Salário” e “Amaral”, motoristas da empresa. Naquela época usava-se uma Rural e uma Pick-Jeep. Eu ficava encantado com profissionalismo e alegria dos padeiros e ajudantes, como eu, na produção das iguarias. Sentia-me orgulhoso em trabalhar com tanta gente boa e compreensiva. “Era uma verdadeira família!”.

Após mais uma produção,  chegava a nossa vez para fazer o atendimento externo, com o “Seu Color”, um vendedor do pão de cesto na cabeça. Saía para vender seus produtos e retornava com o cesto praticamente vazio. Na sua saída à rua, usava uma passagem lateral, o que eu aproveitava, sem que a gerencia visse, para colocar quatro ou cinco pães no seu cesto... Às vezes ele nem notava e o gerente nem pra ver! Senão, poderia perder meu emprego! Fazia isso para ajudar a “Seu Color”, já beirando os seus 80 anos. Ele morava próximo a Padaria, na Rua São Domingo, hoje Rua Penalva de Farias. Tempos bons!

Assim que “Seu Color” saía, eu também ia fazer as minhas entregas de pães e bolachas aos donos de vendas e quitandas, pela manhã e pela tarde. Primeiro entregava aos estabelecimentos daquele Bairro, a maioria na Avenida Buerarema, denominada hoje de Rua Hercília Teixeira, subindo a ladeira, seguindo até o bairro de Zizo, local da minha última entrega na Olaria de “Seu Zé Gatinho”. Para quem não sabe, era o Pai de Dalton Azeredo, que chegou a ser presidente da CDL, em Itabuna e esposo de Dona dos Anjos. Todos já num lugar chamado eternidade.  Depois retornava para a entrega... Imagine onde?! no Bairro Lomanto Júnior, na venda de Dona Alfa! Uma senhora alegre e destemida que sempre me dava café, pois 6h, o pão tinha que chegar! Retornando pela BR-101, entrega na venda do “Seu Henrique”, um senhor distinto de cor e que gostava de brincar comigo, dizendo que “eu era um vencedor”. Gostava de usar “roupas caque” e um chapéu de abas largas, assim como seu sorriso. Ainda, finalizando a tarefa completava a entrega na venda do “Seu Elias” na rodagem de Itajuípe, hoje Avenida, localizada em frente a casa do agricultor Nilton Ramos (Jega Preta).

Com apenas 14 anos, essa foi uma das grandes passagens de minha vida, após pegar carrego com carinho de mão e vender água no carote, sobre lombos de animais. Água da Vila Zara e do Mutucugê!  Quem tem boas lembranças vive duplamente. No momento, sem que muitos deles, não podem me ouvir, pois já se encontraram num local chamado eternidade. Faço em memória os meus agradecimentos, levando em consideração que na Padaria Santa Fé, aprendi a ter dignidade e honraria de vida. Hoje o estabelecimento, passando de pai para filhos, é comandado, por meu amigo de infância “Duda Vilas Boas”. Agradecendo a Deus, por ter lembranças para contar, desejo sucesso a todos que, agora, fazem o ambiente saudável da Padaria Santa Fé. De lá, só carrego boas lembranças, onde também trabalharam meus irmãos: Jorge Luiz, Josevaldo, Joelson dos Reis Santos e José Deraldo Filho (Alemão).

 Da Padaria Santa Fé, seguir e trabalhei na empresa Santa Efigênia, Box São José, no Terminal Rodoviário Francisco Ferreira da Silva e, em seguida, enveredei pela carreira jornalística. Quanto aos meus irmãos, Jorge Luiz, foi levado por Deus; Joelson, juntamente com Alemão vivem em São Paulo, ambos empresários, e Josevaldo se tornou um homem que prega a palavra de Deus e vive em Feira de Santana.  Sucesso a todos.    

Joselito dos Reis
É poeta e jornalista
07.01.2020

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